Entrevista com a banda Chá de Gim: Um camaleão em constante transformação sonora
Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 13:28 | Atualizado há 6 anosChá e gim. Um acalma e cura, o outro traz o prazer do destilado, em um jogo sensações e efeitos distintos. Mas engana-se quem pensa que o assunto aqui é sobre bebidas. Assim como a junção dos líquidos que formam o seu nome, a banda Chá de Gim surpreende e vêm se destacando no segmento de música alternativa nacional. Atualmente o grupo é composto por Alexandre Ferreira (bateria), Bernardo Rodrigues (baixo) e os primos Diego Wander (vocal) e Caramuru Brandão.
A musicalidade do quarteto é um misto de sensações e texturas. “O chá e o gim, entre a calma e a loucura, sobre a leveza e o excesso”. O resultado são músicas que vão além de seus ouvidos, passam a contagiar o corpo todo. Quando menos se espera, você já está se deixando levar pelo balanço, executando passinhos involuntários, embalados pela energia do som e a performance quase que teatral do vocalista.
As influências desses meninos vêm de grandes nomes da música brasileira, como
Ao longo desses quase cinco anos, a Chá de Gim passou por mudanças e amadurecimento, sem deixar de lado o que foi a sua marca desde o início: músicas com letras poéticas e fortes, envoltos em ritmos abrasileirados que por vezes dá um toque de psicodelia.
Agora, um pouco mais recluso dos palcos, em uma espécie de “retiro criativo”, o quarteto se concentra na busca pela “musicalidade universal do balanço”, com a produção do segundo álbum. A data para o lançamento ainda não está definida, mas os meninos garantem que coisa boa vem por aí.
Confira os principais trechos da entrevista:
DM Revista – Vocês venceram alguns festivais logo no início da banda. Hoje tendo acumulado mais experiência na cena cultural, principalmente a de Goiânia, o que podemos notar de mudanças ou amadurecimento
Chá de Gim: A mudança traz e é a própria evolução em muitos sentidos, naturalmente. Quando se fala nas nossas experiências na cena cultural, daqui de Goiânia, e de outros lugares que tivemos oportunidade de tocar, como em Brasília, por exemplo, a primeira coisa que nos vem à mente é que isso nos permitiu certo amadurecimento enquanto músicos e também enquanto consumidores da música. Digo, agora entendemos mais do que nunca o quanto é substancial poder enxergar a coisa dos dois lados, de dentro e de fora, principalmente quando se diz respeito à música independente. É como ter acesso a um novo sentido, que se mostrava ainda muito rústico até um tempo atrás. Essa nova percepção nos despertou para o que é necessário ter e entender para se atingir o objetivo comum, e certamente foi uma das razões que afunilaram nossa música para novas ambições e novas direções.
DM Revista – Sobre ambições, logo que saiu o álbum Comunhão [em 2015] quando perguntado a vocês sobre qual a mensagem que a Chá queria passar, a resposta era: “A gente quer quebrar o gelo da música brasileira”, se referindo ao preconceito que ainda há na música. Esse objetivo ainda continua?
C. G. :Quebrar o gelo, sim, mas não necessariamente e somente no sentido de lidar com a resistência e preconceitos que existem nesse meio, mas também com a ideia de quebrar determinados, “padrões”
DM Revista – Houve a troca de integrante na banda. Isso gerou algum tipo de impacto na identidade da Chá de Gim? Como a chegada do Bernas influenciou na sonoridade das músicas e nas novas criações?
C. G.: Sentimos que mudamos bastante, mas não essencialmente. A Chá é um quinto elemento mutável por natureza, e sempre soubemos disso. O Bernas tem influências diferentes das que o Bruno tinha como baixista na época, e isso com certeza deu às nossas músicas novas uma cara distinta das antigas.
DM Revista – E como está a criação do próximo álbum? O que podemos esperar?
C. G.: Ainda não há uma data de lançamento definida, apesar de estarmos cogitando ser ainda esse ano. A prioridade tem sido o aperfeiçoamento das ideias novas, enfocando mais no processo criativo-técnico, até o ponto de alcançarmos um resultado prático mais satisfatório que o do primeiro disco. Temos ambicionado músicas que surpreendam, que comovam tanto a nós quanto aos fãs, algo que seja realmente aquilo que atinja o máximo do potencial, e entendemos que isso envolve fatores que estão além do tempo. Mas eles merecem. Todos merecem. Vale a pena esperar pelo que vale a pena sentir.
(Foto/Divulgação)
Juliana Camargo – Especial para o DM Revista
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