Cultura

Jovens passam a encarar profissionalmente o mercado das artes

Redação

Publicado em 28 de março de 2017 às 02:21 | Atualizado há 2 semanas

Aos 25 anos, a curitibana Thais Francoski deixou de lado a arquitetura para realizar um grande sonho: trabalhar com artes. A escolha da curitibana, que hoje trabalha em uma das principais galerias da capital paranaense, é apenas um dos muitos exemplos de jovens brasileiros que nos últimos anos passaram a encarar o mercado profissionalmente, seja como artista ou nas diversas funções que atendem as necessidades do segmento, e não apenas como hobby. Isso se deve, principalmente, ao aquecimento do mercado das artes no Brasil nos últimos anos.

“Desde a escola, sempre fui apaixonada por história antiga. Quando entrei na faculdade de Arquitetura, tínhamos uma matéria chamada ‘História da arte e da arquitetura’. Fui me aproximando do segmento e busquei cursos livres para me aprimorar. Como não existia essa demanda em Curitiba, apenas cursos universitários, fui para São Paulo fazer um curso sobre o Mercado de Arte. Amei tudo e acabei envolvida pelo segmento”, conta Thais. Após concluir a faculdade de Arquitetura, a curitibana atuou alguns meses no segmento, até ser atraída por uma vaga de trabalho em uma das principais galerias de Curitiba. Há pouco menos de um ano atuando no mercado, Thais não se arrepende da escolha e se sente cada vez mais familiarizada. “Foi uma grande surpresa, pois mesmo querendo, imaginava que o mercado era inatingível. Hoje, sou coordenadora de produção responsável por eventos que acontecem na galeria, entre eles aberturas e montagens de exposições, cursos e palestras. Além disso, faço pesquisas e contatos com artistas e curadores, e sou responsável pela logística nacional e internacional, incluindo importação e exportação. Sou cada vez mais apaixonada por tudo isso”, detalha a jovem.

Com uma visão moderna e abrangente do mercado, Thais acredita que nos próximos anos as artes farão cada vez mais parte da vida dos jovens, principalmente se forem implantados novos conceitos de formação nas escolas. “Muitas pessoas ainda têm a visão de que obras de arte são itens que não estão ao alcance de todos. Precisamos desmistificar essa ideia de arte como artigo de luxo e trazer para o cotidiano das pessoas”, detalha. Para a curitibana, a cena alternativa, que tem movimentado o mercado, trará ótimos frutos. “Nos últimos meses, observei várias iniciativas incríveis acontecendo, deixando claro que o mercado está mudando. A cena independente ganhou muita força, movimentando o segmento para os jovens artistas e entusiastas”, completa.

 

Jovens artistas 

Sarah Bauer segue o exemplo de uma geração de artistas que encontraram nas demonstrações artísticas uma maneira de se expressar e aproveitaram as oportunidades no mundo moderno para potencializar seus talentos. “Comecei a desenvolver uma curiosidade e uma necessidade de me expressar por volta dos 17 anos. Gostava muito da moda da década de 60 e 70 e queria usar roupas e acessórios diferentes. Foi então que percebi que eu mesma poderia fazer o que eu imaginava. Cortava camisetas, fazia uns desenhos em algumas peças. Passei a desenhar e pintar o que vinha na minha cabeça. Entrei no curso de Licenciatura em Artes Visuais e ao mesmo tempo fazia aulas de corte e costura. Na época, eu não sabia direito como poderia transformar esse meu interesse em profissão, mas resolvi seguir minha intuição e fui contra o discurso da família de fazer uma faculdade de Direito, Administração, Medicina ou mesmo concurso público”, conta a artista que possui, também, formação em Moda e Design Gráfico.

 

Mercado em expansão e formação 

Segundo dados divulgados pelo IBGE, o mercado de artes no Brasil movimenta em torno de R$ 50 bilhões anualmente. De acordo com especialista, nos próximos anos a expansão do setor deve chegar ao expressivo número de 15% por ano. “Hoje, o segmento é muito mais profissional. Além dos artistas, obviamente, o segmento movimenta, por exemplo, galeristas, curadores, vendedores e críticos de arte. Nos últimos anos, várias galerias foram abertas em diversas outras regiões do país”, comenta a galerista Zilda Fraletti, que atua há mais de 30 anos no segmento.

Motivadas pela expansão do mercado e pelo interesse crescente dos jovens, instituições de ensino passaram a oferecer cursos especiais, de curta duração, formando profissionais capacitados para atender as mais variadas necessidades do segmento. O conhecimento adquirido nas salas de aulas faz com que os jovens tenham todas as ferramentas necessárias para desenvolver projetos pessoais em escultura, pintura, desenho ou em qualquer outra linguagem, fazendo com que o mercado se movimente, gerando novas perspectivas. Para quem busca entrar no mercado, Thais Francoski dá dicas fundamentais. “A oferta de cursos na área aumentou do último ano para cá, o que reflete a ascensão do mercado. Isso é fundamental para o amadurecimento do segmento. Além disso, sugiro que as pessoas fiquem de olho no que acontece na cidade, frequentem exposições, feiras e eventos, buscando formas de se aprofundarem ainda mais nesse universo encantador”, completa a jovem.

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