Mostra em Trânsito do Fronteira Festival divulga filmes brasileiros selecionados
Redação
Publicado em 5 de novembro de 2016 às 01:38 | Atualizado há 8 anosVai começar a Mostra em Trânsito do Fronteira Festival, uma circulação muito especial de filmes brasileiros pelo noroeste goiano.
Este ano, a mostra chega à cidade de Goiás, antiga capital do Estado. De 11 a 15 de novembro, a ação passa por diversos lugares, fazendo uma cartografia territorial, social e étnica do interior do Brasil. Está divulgada a Seleção Oficial de obras que serão exibidas ao ar livre no Arraial do Ferreiro, na Colônia de Uvá, no Assentamento Felipe Leddet e na Praça do Setor Aeroporto.
180 curtas-metragens brasileiros se inscreveram na plataforma do Fronteira em condições de participar da Mostra em Trânsito. A curadoria, formada por Marcela Borela e Carlos Cipriano, professores do IFG – Campus Cidade de Goiás, escolheu 5 filmes, destinados aos mais diferentes públicos. Para o programa intitulado Amor, Expressão e Rebeldia, de aproximadamente 1 hora e 15 minutos, foram selecionados:
O Voo, de Manoela Ziggiatti (SP); João e Maria, de Eduardo Baggio (PR); Abissal, de Arthur Leite (CE); Abigail, de Isabel Penoni e Valentina Homem (RJ); Kbela, de Yasmin Thainá, (RJ).
Segundo os curadores, um misto de reflexão, questionamentos e diversão definiu a presença dos filmes. “Fizemos escolhas pensando em universos de interesse percebidos nas comunidades. Essa curadoria é uma aposta no diálogo com públicos que não têm uma relação direta com o cinema brasileiro feito atualmente, um cinema que, na na nossa visão, enfrenta questões políticas, sociais e afetivas
possivelmente próximas da vida dessas pessoas. O desejo é de que vejamos também a nós mesmos de outras maneiras com o cinema brasileiro em novos lugares de atenção e valoração”, explica Marcela Borela, uma das idealizadoras do evento.
As sessões da Mostra em Trânsito são seguidas de roda prosa com realizadores e realizadoras e confraternização com o público.mor, Expressão e Rebeldia – Filmes Selecionados No documentário
O VOo,de Manoela Ziggiatti (SP), uma mãe filma seu filho de 3 anos, vestido com uma capa de super-herói, na beira da janela da cozinha de um prédio em São Paulo. O garoto, decidido a voar pela janela, tenta convencer a mãe de que pode fazê-lo. Ela, filma-o num espanto filosófico. A vida e o cinema se fundem como possibilidades da imaginação.
João e Maria,de Eduardo Baggio (PR) é um filme sobre o amor na velhice.
O viúvo João declara sua solidão em um programa de rádio e acaba encontrando Maria, mulher recém separada que anseia por uma nova vida a dois.
Eles ficam juntos e o filme reconta a história através de interessantes procedimentos de ficcionalização.
Abissal,de Arthur Leite (CE), o cineasta parte da pesquisa sobre a vida de seu avô desaparecido e mergulha na história secreta de sua família. Percebe, contudo, que a personagem principal do filme, na verdade, seria sua avó, Rosa – que, diante de uma câmera, dispõe-se a fazer revelações inesperadas sobre esse passado desconhecido.
Abigail,de Isabel Penoni e Valentina Homem (RJ); une os pontos de um mapa humano que conecta indigenismo e candomblé na experiência de uma mulher mística.
As realizadoras convivem com a personagem Abigail no final de sua vida em sua casa no Rio de Janeiro. Esposa cabocla de Francisco Meireles, sertanista do antigo SPI (Serviço de Proteção aos Índios), ela o ajudou diretamente a pacificar os Xavantes no Mato
Grosso, considerados arredios até o início do século XX. O filme faz um trabalho de câmera e montagem que revelam as contradições e a força dessa personagem desconhecida da história brasileira.
Kbela,de Yasmin Thainá, (RJ) é um olhar sensível sobre a experiência do racismo vivido cotidianamente por mulheres negras. Trata da descoberta de uma força ancestral que emerge dos cabelos crespos da mulher negra, que transcendende o embranquecimento. Como um exercício subjetivo de autorrepresentação e empoderamento já festejado pelo público de diversos festivais, salas de cinema e cineclubes, Kbela é um filme-manifesto, um marco do curta brasileiro. Foi realizado por uma equipe de 50 mulheres negras que contribuíram com o filme trazendo à tona suas histórias e memórias.
A Mostra em Trânsito e a fronteira brasileira
O Fronteira é uma realização da BARROCA – Produções Artísticas e Cinematográficas.
Nasceu em Goiânia em 2014 como uma plataforma híbrida e expandida de difusão, formação, intercâmbio e reflexão da diversidade das formas audiovisuais na contemporaneidade. Desde sua primeira edição, realiza ações também no noroeste de Goiás, através da Mostra em Trânsito, ação que leva a experiência da exibição de filmes para lugares que consideramos estarem na fronteira, entendendo esses espaços como lócusde conflitos sociais e políticos, lugares sobre os quais o estado chega de maneira ineficiente e o capital e a concentração fundiária avançam.
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