Cultura

Rotina atrapalha alimentação de 80% dos brasileiros

Diário da Manhã

Publicado em 20 de junho de 2017 às 02:13 | Atualizado há 2 semanas

Um ditado popular, apesar da repetição e clichê, carrega um teor real. Por exemplo, aquele velho dizer “você é o que você come” basicamente diz que todo o alimento que você coloca na boca, mastiga, engole e digere vai influenciar seu humor, disposição etc. Algumas frutas secas e peixes possuem Ômega 3 que ajuda na memória. Nozes, castanhas e amêndoas dão energia ao corpo para enfrentar a rotina diária. Porém, justamente esta “rotina” tem atrapalhado a alimentação de 80% dos brasileiros de acordo com pesquisa realizada pelo Ibope recentemente.

O nome do estudo é “Barreiras para uma Vida Saudável” e demonstra dados preocupantes sobre a alimentação do brasileiro. Desenvolvida em parceria com Centrum Vitamints e Ibope, a pesquisa aponta que mais de 80% não têm uma alimentação regrada e 95% estão dispostos a mudar pequenos hábitos na rotina para serem mais saudáveis, porém brasileiros entrevistados acham difícil conseguir essa mudança.

Os dados foram coletados a partir de 1000 entrevistados. As entrevistas foram realizadas pela internet com homens e mulheres com idade entre 25 e 50 anos de classe social A e B em todo o País. A margem de erro é de quatro pontos percentuais com 95% de confiança.

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Rotina alimentícia X Rotina diária

Os entrevistados, cerca de dois a cada três, disseram que têm a maioria dos dias agitados ou desregrados o que atrapalha na alimentação consciente. Cerca de 70% dos entrevistados contaram na pesquisa que buscam alimentos rápidos e práticos. Deste número, 44% consomem o que estiver disponível na hora da fome e só 33% dizem se preocupar com o consumo de frutas, verduras e legumes.

O hábito faz com que a alimentação seja insuficiente para o organismos em nutrientes além do efeito de satisfação momentânea: em menos de uma hora a fome estará de volta. A nutricionista Andrea Forlenza, parceira da Centrum Vitamints e uma das responsáveis pela pesquisa, diz que “ao procurarem alimentos rápidos, as pessoas nem sempre escolhem de forma correta o que vão comer”. Ela cita o exemplo dos restaurantes com pratos executivos onde o cliente opta pelo pranto pronto e acaba não pensando no equilíbrio do mesmo por conta da praticidade.

O questionário também perguntava sobre atitudes que os entrevistados mudariam no dia a dia para ter mais saúde e bem-estar. Cerca de 70% afirmaram que gostariam de praticar mais exercícios físicos e 62% disseram que pretendem incluir mais frutas na alimentação. A mudança deve ser gradual e de maneira mais simplificada. De acordo com a nutricionista responsável pela pesquisa, a maioria dos pacientes chega para a consulta propondo mudanças e ideias radicais que não serão possíveis ser cumpridas.

 

Fast-food

Outra pesquisa publicada em 2011 aponta que os brasileiros têm consumido cada vez mais o famoso e temível fast-food. Divulgada pela Associação Brasileira de Restaurantes, o estudo desenvolvido pela Shopper Experience mostra que 74% preferem fast-food a restaurantes tradicionais pela conveniência e rapidez.

 

Dicas da Nutricionista

Para saber um pouco mais sobre a alimentação dos brasileiros e como mudar essa falha na rotina, entrevistamos a nutricionista Luana Alves, da Nutra, em Goiânia. Ela falou um pouco sobre os problemas que a falta de rotina alimentícia pode causar e como burlar a fissura diária. Confira entrevista:

– De acordo com pesquisa recente do Ibope, 80% dos brasileiros têm dificuldade em manter uma rotina alimentícia em razão da rotina diária (trabalho, compromissos e etc). O que isso implica na saúde da pessoa?

É fato que escolhas alimentares saudáveis dizem muito sobre o nosso estado de saúde e escolhas erradas implicam no aumento do número de DCNT (doenças crônicas não-transmissíveis) como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial; pioram a imunidade, e é aí que aprecem as doenças oportunistas (infecções); leva à deficiência de nutrientes, gerando aumento nas queixas de falta de energia e indisposição, ansiedade, alterações de humor e enxaqueca, por exemplo, e aumenta as insatisfações com o corpo, que podem causar depressão e transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa).

– Outro dado é que a maioria dos entrevistados dedica um tempo para exercícios mas não pensa na alimentação. Qual é mais importante? O que é, afinal, uma boa alimentação?

Bom, nenhum é melhor ou mais importante que o outro. O ideal é a combinação dos dois.

Está bem documentado na literatura científica que a combinação de exercício físico e alimentação equilibrada com escolhas saudáveis resulta em mais saúde, peso corporal adequado e longevidade com qualidade de vida, pois é a alimentação que irá fornecer o que o corpo precisa para obter todos os benefícios do exercício.

E uma boa alimentação é aquela capaz de proporcionar um equilíbrio nutricional, que garanta a ingestão adequada de nutrientes, que irão nutrir as células para que estas desempenhem suas funções corretamente, reduzindo o surgimento de doenças.

– Quais mudanças no hábito podem melhorar esse fator?

A primeira coisa a se fazer é planejar. A nossa rotina diária deixa poucas brechas para cuidarmos da saúde, mas não existe uma fórmula mágica ou um atalho. É importante dedicar algumas horinhas da semana para sua alimentação e isso pode garantir mais alguns bons anos de vida e com qualidade.

Um plano alimentar adequado à sua rotina, considerando suas necessidades individuais, aspecto social, cultural e estilo de vida, poderá ajudar nas escolhas dos alimentos e em sua programação diária, e para isso, o nutricionista é o profissional capacitado para fazer esse acompanhamento.

– Basicamente, qual o primeiro passo para mudar a rotina alimentícia?

O primeiro passo é entender e aprender o significado e a importância de se comer bem. Em seguida, adquirir um novo estilo de vida, ampliar conceitos, mudar costumes…

 

Seguem algumas dicas para começar hoje a melhorar os hábitos alimentares:

experimente novos alimentos e preparações, especialmente se forem à base de frutas e verduras;

prefira alimentos de verdade e evite os industrializados;

sempre atente-se aos rótulos e não consuma os ricos em farinhas refinadas, sal, corantes, conservantes, saborizantes, adoçantes, etc;

acrescente à sua rotina frutas, verduras, legumes, cereais integrais e peixes;

sempre leve um lanche saudável (frutas e castanhas são boas opções);

reduza a quantidade de sal e açúcar;

caso consuma bebidas alcoólicas, faça-o com moderação;

aumente a ingestão de água, beba de 8 a 12 copos por dia;

busque uma orientação individualizada, que respeite suas características e necessidades.

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