Retração do PIB mostra falta de vigor na economia brasileira
Hélio Lemes da Silva Filho
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 18:34 | Atualizado há 2 anosMesmo com os dados mostrados pelo Governo Federal, a economia brasileira não vai tão bem quanto mostrado. Pelo menos foi o que mostrou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), que é uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o qual teve uma retração de 1,13% no mês de agosto deste ano, que é a segunda maior já registrada. O maior tombo até então tinha sido registado em março do ano passado, quando a retração foi de 3,6%.
Embora no ano o PIB tenha chegado até aqui com uma alta de 2,08% até o mês de agosto, essa retração mostra que a economia brasileira não tem vigor, é o que afirma o economista Everaldo Leite. De acordo com ele, essa falta de vigor é pela falta de uma política industrial desde 2016, quando a mesma foi interrompida e pelo fato dos investimentos nessa área terem sido deslocados para o agronegócio.
“O motor de qualquer economia que busca o crescimento é a indústria e a internalização de partes essenciais de suas cadeias produtivas. O Brasil, se desindustrializando de forma rápida nos últimos anos, deslocou o dinamismo para o agronegócio, que adiciona pouco valor aos seus produtos e emprega poucos trabalhadores. Nossas exportações, desse modo, são ridiculamente dependentes da venda de commodities (grãos, carnes, minerais brutos etc.). A diminuição dos empregos mais bem remunerados da indústria e a queda na renda média das famílias, além do aumento do desemprego, nesse período, não gerou um consumo na proporção necessária para diminuir a capacidade ociosa da produção. Daí que o PIB, em função do setor de serviços, tem crescido por espasmos e não de forma sustentada, como a sociedade gostaria”, explica
Questionado sobre os números apresentados pela atual gestão, Leite é objetivo, ao lembrar que estamos em um ano eleitoral, e que a tendência é pensar que os números podem ser manipulados. No entanto, o economista afirma que acredita que o Governo publica apenas a projeção mais positiva dos cenários possíveis, e que qualquer Governo vai sempre buscar estimular a economia, porém com um otimismo que nem sempre é compatível com a realidade.
Deflação:
O economista disse também que a taxa de inflação tem demonstrado uma tendência de queda, fenômeno que chamamos de deflação. No entanto, Leite explica que isso se deve pela intervenção do governo em preços de energia e em especial dos combustíveis. Só que ele deixa um alerta, principalmente com o fim do tratado do ICMS, e que devemos ter em janeiro do próximo ano um aumento expressivo nos preços dos combustíveis. “Além disso, alimentos irão continuar com os preços elevados, principalmente pela falta de compromisso do governo atual com os estoques reguladores”..
Questionado sobre o novo aumento da gasolina, que mesmo depois de 15 semanas de queda, voltou a subir no país, Leite pontua que esse novo reajuste mostra que os donos de postos e distribuidores são livres para precificar, e vão buscar lucros maiores.
Leite afirma que existe sim um ligeiro aquecimento da economia, e que isso deve as festas de fim de ano, o que faz com que o crescimento do PIB atinja 2%. Porém, ele salienta que esse número não tem nenhum significado quando se trata da melhoria da qualidade de vida, uma vez que a pobreza está em um patamar assustar e que a fome voltou a ser uma mazela alarmante. “A taxa de desemprego continua alta, os investimentos públicos continuam nulos e o horizonte socioeconômico segui obnubilado”, complementa.
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