3 vezes arte
Diário da Manhã
Publicado em 20 de junho de 2018 às 00:32 | Atualizado há 3 semanasA reflexão sobre o tempo, uma interpretação íntima e colorida sobre a contemporaneidade e a racionalização da pintura. Todas estas nuances, em estilos, temas e visões de mundos diferentes, vão poder ser conferidas em três exposições individuais que entram em cartaz na Vila Cultural Cora Coralina, onde entra hoje em cartaz as mostras do artistas goianos Lúcio Mauro e Nancy de Oliveira da carioca que é artista plástica, arte educadora, produtora, curadora e arte terapeuta, Fernanda Lago.
Para o lançamento das mostras, a Vila Cultural Cora Coralina preparou uma programação especial que começa às 18h30, na sala de mídias do espaço. Lá acontece a “Trajetórias Poéticas”, uma conversa com os artistas com a mediação de Cássia Nunes e Gilson Andrade. Já as 20 horas acontecem a vernissages das exposições “Tudo passa”, de Fernanda Lago, “Eclético Abstrato”, de Nancy de Melo e “Expressions”, de Lúcio Mauro.
SOBRE O TEMPO
É pensando tanto no caos do mundo, como nas fissuras internas que a contemporaneidade tem propiciado, que Fernanda Lago expõe em Goiânia a mostra “Tudo Passa”. Nesta exposição, a artista–que até agora havia direcionado sua arte apenas às instalações–pela primeira vez apresentará suas pinturas.
Montada com algumas alterações em sua estrutura original–que já foi mostrada em uma exposição nos Correios do Rio de Janeiro, foi o curador da mostra que, Samuel de Jesus, que ajudou a adaptar o espaço da Vila para a mostra. O objetivo é mostrar ao público de forma original e sensível os diversos ciclos da vida, a relação da humanidade com o ambiente e com o fim e ainda que a esperança pode surgir em meio ao caos.
Ao entrar na mostra, por exemplo, o espectador pode enxergar um chão espelhado, em que é possível notar a si e aos outros visitantes ao fazer uma espécie de travessia. “No chão está escrito a frase ‘tudo passa’ quatro vezes, em formato de encruzilhada, em que faço uma analogia aos pontos altos e baixos da vida que todos passam”, explica a artista.
Do primeiro espaço já é possível ver o outro trabalho da mostra chamado “Existe Luz no Fim do Túnel”, que baseia-se em uma maquete que dá ideia dos ciclos do tempo e da autodescoberta. “Este espaço questiona: ‘que luz é essa que estamos procurando?’. E, tem essa dualidade, desde o tempo histórico, desde o tempo mais pessoal. Fala que o tempo passa, mas existem coisas que queremos lembrar”, reflete.
O terceiro espaço mostra um plano físico e interno em decadência. Nesta fase, a artista aponta telas que remetem à tragédias a exemplo do Césio, em Goiânia, ou e a cratera que se abriu na serra de Petrópolis (RJ), engolindo uma casa. “Faço ainda uma metáfora com um buraco negro. Nela, estamos sendo engolidos por ele no plano físico e interno, porque também falo dos buracos internos que a gente tem que nos sucumbe, dos nossos desastres pessoais”, detalha.
No entanto, apesar de trazer momentos de que o mundo está em colapso total e que à sua sombra habita uma sociedade deprimida, a mostra termina esperançosa. Pois, a artista mostra, inspirada em nomes inspiradores da arte a exemplo da agoiana Yakira, que há uma luz no fim do túnel.
“A exposição termina em uma fase mais iluminada. E esta esperança está representada em pinturas em homenagem a Yashira, artista que saía nas ruas de Goiânia fazendo performances a favor da ecologia e pregando o amor universal. São pessoas como ela e o Profeta Gentileza, no Rio, que pregam e acreditam no amor como salvação, que nos ajudam a acreditar e ter esperanças”, completa a artista.
NATUREZA CONTEMPORÂNEA
Neste clima de caótico também está o artista plástico Lúcio Mauro, que hoje apresenta ao público a exposição “Expressions”. Com a curadoria do também artista plástico Pedro Galvão, o artista mostra 12 trabalhos, todas em acrílica sobre tela–apenas em duas obras usa técnica mista com as colagens).
Na nova mostra, ele diz que pretende trazer à tona imagens que universalizam no mundo contemporâneo. “São cenas imaginárias, íntimas, estranhas e quase sempre intrigantes e pessoais”, explica o artista.
Suas telas são coloridas, cheia de personagens, como figuras humanas, anjos com asas amputadas Também aparecem números, letras, palavras e frases soltas e incompletas, sem sentido, escritas ao contrário, de cabeça pra baixo, em português ou inglês. “É como quem sinaliza um caminho, mostra uma direção, assim como numa carta enigmática”, elucida.
Mesmo com tantas informações nas suas obras, o artista revela uma técnica curiosa que acontece sempre antes de ele começar um trabalho. “Primeiro pinto a tela de preto, só assim consigo começar uma tela. Da ausência de cor vão surgindo intuitivamente, como que por acaso os personagens que crio”, revela.
Em constante criação, o artista acha difícil a conclusão de uma obra. “Pra mim, não existe tela terminada. Se achar que falta alguma coisa em uma tela, mesmo depois de “pronta”, eu vou lá e mudo ou acrescento alguma coisa. Se me incomoda, eu acabo por fazer novas interferências”, diz.
Isso deve acontecer por Lúcio Mauro quando pinta entra um estado de liberdade muito intenso no qual não se prende à amarras nem de técnicas. Muito menos de estilos. Mas ele tem lá as suas referências. “Nunca me preocupei em ter esse ou aquele estilo, mas um dia ouvi de um Jornalista que sou figurativo com traços neoexpressionistas e concordei com ele. Sou grande admirador do Artista Americano Jean Michel Basquiat, da Pop Arte, dos Gêmeos grafiteiros Otávio e Gustavo e também do Kobra, além de vários artistas que me despertam a fazer um trabalho cada dia mais consistente, mas com traços e identidade próprias”, conclui.
ECLÉTICO ABSTRATO
Nancy de Melo não sabe dizer porque gosta tanto de abstratos. “Faço isso desde pequena, nos meus rabiscos”, relembra. Apesar de ser professora de desenho de observação, é nas imagens disformes que ela encontra a sua linguagem. Por isso, na mostra “Eclético Abstrato”, que também entra em cartaz hoje na Vila Cultural Cora Coralina, ela traz um pouco de racionalidade em meio ao caos.
Nesta mostra ela não conta que não há narrativas, mas está focada na composição de cores e formas, que uma arte mais racionalista. Na mostra individual serão apresentadas pinturas em óleo sobre tela em diversas dimensões, mais de 20 telas, em diversos tamanhos.
“Com abstrações puras, orgânicas e geometrizadas, exploro o universo da história da arte da pintura e seu anacronismo, por isso eclético, algo que não deveria ser feito nem explorado” argumneta a artista.
A abstração ideia de composição e de formas e cores, que não tem narrativas. É uma linguagem e co. Eu trabalho mais a linguagem da forma, que é mais racionalista. Eu to trabalhando o eclético, organica, forma geométrica. Vai do
CURADORIA DA PRÓPRIA ARTISTA
Na mostra individual serão apresentadas pinturas em óleo sobre tela em diversas dimensões, 20 telas de tamanhos variados. Com abstrações puras, orgânicas e geometrizadas, explorando o universo da história da arte da pintura e seu anacronismo, por isso eclético, algo que não deveria ser feito nem explorado. Em geral, entende-se como abstração toda atitude mental que se afasta ou prescinde do mundo objetivo e seus múltiplos aspectos. Refere-se, por extensão, no que tange à obra de arte e ao processo de criação, suas motivações e origens, toda forma de expressão que se afasta da imagem figurativa”. (Dicionário e termos artísticos, Luiz Fernando Marcondes, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 1998).
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