Entretenimento

A ascensão rap

Diário da Manhã

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 22:12 | Atualizado há 3 semanas

  •  Em entrevista ao Diário da Manhã, o rapper falou da conquista de ser respeitado como cantor e compositor e seus vários projetos que administra com maestria
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    A música popular bra­sileira tem ganhado contornos interessan­tes nas últimas décadas, com a levada e inspiração de canto­res e compositores do rap. Crio­lo é um exemplo destes poetas da margem, e o paulista Rael é outro desses talentos. Colecio­nando parcerias, premiações, este último chega hoje a Goiânia para encerrar o Sunset Festival.

    Este é um evento que mistura música, gastronomia, flash tat­too e muito esporte aquático ra­dical, em mais uma edição do Campeonato Goiano de Wake Park. A diversão acontece por 15 horas seguidas no Sunset Wake Park, localizado na GO-020.

    A programação terá início a partir das 8 horas com as compe­tições, e seguirá no período da tar­de com as premiações. As com­petições acontecerão no sistema principal do parque e reunirá 80 atletas nas categorias iniciante, mi­rim, júnior, adulto, master, open, feminino e profissional.

    Rael entra em cena às 21h30, para encerrar o festival dotado de suas rimas que saem fáceis e que falam muito de amor e te­mas existenciais. Na capital goia­na mostra sua tour do seu mais recente disco Coisas do Meu Ima­ginário. Músicas inéditas, faixas mais lado B de sua história e ver­sões para canções de outros ar­tistas são algumas das novidades que estarão em seu show.

    O músico vem acompanhado por Bruno Dupre (guitarra), Ra­fael da Costa (baixo) e Felipe da Costa (bateria), além do cenário que é assinado por Zé Carratu, e direção do musical de Dudu Ma­rote. E em cena promete mostrar o seu som eclético que caracteri­zou seu trabalho desde quando co­meçou a carreira no grupo Pentá­gono, que mesclava rap e reggae, e no qual Rael permaneceu até 2012.

    ENTREVISTA RAEL

    DMRevista – O disco Coisas do Meu Imaginário teve uma ótima recepção pela crítica e chegou a ser indicado ao Grammy Latino. O que você atribui esse sucesso?

    Rael – Atribuo a uma série de coisas. Uma delas é o momento especial, que era uma fase que as pessoas estavam me olhando como um cantor, e não apenas como MC, como produtor e compositor. E a junção de pessoas envolvidas, como eu e Daniel Gajamam produzindo par­ticipação de Chico César, Black M, do Daniel Oribá, enfim. Foi um time, uma energia. E tinha acabado de sair EP Di­versificando, que tinha a faixa Envolvi­dão, que me apresentou para um públi­co maior. E Coisas do Meu Imaginário veio com outra linguagem, nós fomos por outro caminho que deu muito cer­to e foi uma grande honra ter sido indi­cado ao Grammy e ter ganhado o prê­mio de Música Brasileira como melhor cantor. As pessoas começaram a olhar um rapper como um cantor.

    DMRevista – Lançado em 2016, Coisas do Meu Imaginário foi relançado em versão vinil no ano passado. O que mudou?

    Rael – A opção de lançar em vinil, a gente que é do rap, do hip hop, fomenta muito essa coisa do vinil, do DJ. Como artista, aprecidor de música e vinil, ti­nha essa vontade. Já tinha lançado em vinil o disco de 2013, o Ainda bem que segui as batidas do meu coração, mas como tinha muitas faixas, tive que ti­rar uma música. Mas Coisas do Meu Imaginário em vinil está completo. O que também me fez relançar o álbum é que percebi que existe uma rapazia­da que fomenta essa cultura, que cole­ciona e adquiriu uma vitrola. Acho que essa cultura do vinil está voltando, en­tão penso que este é um mercado e uma demanda que a gente acaba atenden­do também.

    DMRevista – A turnê Coisas do Meu Imaginário mistura músicas inéditas, canções lado B e até releituras de outros artistas. Aqui em Goiânia será do mesmo jeito?

    Rael – Sempre trago coisas que as pes­soas curtem dos trabalhos anteriores, do MP3 -Música Popular do 3º Mundo, de 2010, de 2010, do Ainda Bem, de 2013, do Diversificando, de 2014, e o que as pessoas gostam de Coisas do Meu Ima­ginário. Também canto Sabotagem, Ra­cionais… Tem um momento que acho que nunca fiz em Goiânia, em que faço, em voz e violão, um medley com refrões que tenho parceria, com Criolo, Emici­da, entre outros. E isso tem funciona­do bastante nos shows, as pessoas can­tam junto.

    DMRevista – Desde o ano passado você vem intercalando suas apresentações de músicas autorais com o espetáculo “Rael canta Vinícius de Moraes”. Como surgiu esse projeto?

    Rael – Esse projeto surgiu de um con­vite de programa de versões de artistas. Escolhi Vinícius, porque na verdade já tinha feito um Som Brasil com Criolo e a gente cantou três afro sambas e foi mui­to legal. E quando me convidaram para fazer este programa, entrei no universo de Vinícius, mas trouxe para o meu uni­verso, do rap, reggae, afrobeat. E quan­do me vi ensaiando, pensei que poderia virar um show. Quando saiu, as pes­soas gostaram, a crítica gostou, pessoas mais velhas começaram a ir nos meus shows, pessoas mais novas que não co­nheciam Vinicius começaram a conhe­cer. Conheci a filha de Vinícius, Maria de Moraes, e foi maravilhoso. Ela ficou emocionada com o projeto e queremos gravar este projeto, na melhor hora. E é isso… a gente vai intercalando quan­do rola. Este show é algo que estou ado­rando fazer, mais intimista, que sai um pouco da minha zona de conforto. É uma coisa muito bacana.

    DMRevista – Qual o maior desafio de cantar o repertório de Vinicius?

    Rael – O maior desafio que tem é você criar uma coisa nova, sem perder a sua essência. É o cuidado, o carinho que a gente tem, que acaba sendo a parte de­safiadora. Mas é como fazer uma cine­biografia de um artista muita gente que ama o artista pode gostar ou não. Tentamos transpor isso para as can­ções, mas tudo fluiu de forma tão na­tural, que houve uma conexão. A gente ousou, mas não tirou a essência do que tava ali, a oratória, o discurso… Tam­bém coloquei uns versos meus, que não ficaram à altura de Vinícius (risos), mas conseguiram se conectar ali.

    DMRevista – Há outros artistas que você gostaria de fazer uma releitura?

    Rael – Ah, tem vários artistas que admiro, como Cassiano, Luis Gonza­ga, Jackson do Pandeiro, Seu Jorge, Djavan, Jorge Ben. A música brasi­leira é muito rica e, quem sabe, fu­turamente surja algo novo neste for­mato de versões.

    DMRevista – No seu Canal no YouTube mensalmente você recebe convidados para cantar com você. Como surgiu esse o projeto “Rael Convida”?

    Rael – Já estava fazendo isso desde 2011, que fiz um Rael e Banda Con­vida, que chamei Marechal, Black M, Camal, Rashid… Enfim, mais pes­soas do rap. Depois comecei a ter ou­tra visão e a convidar outras pessoas. Daí convidei Lenine, Mariana Aydar, entre outros. Também sempre flertei com vários artistas, em composição, faço refrões, partes melódicas de ou­tros artistas. E aí veio essa ideia de fazer um canal no YouTube. E é isso convido as pessoas que tenho afi­nidade musical, que tenho contato e também algumas pessoas que não conheço, mas admiro. A gente se re­une ali e faz uma versão diferente da original e conversamos.

    DMRevista – Como você escolhe os convidados? E quem será o próximo?

    Rael – Normalmente imagino um nome e faço a proposta mano, se a gen­te fazer tal música, a gente pode fazer uma minha. Também podemos tocar uma em comum que gostamos… É uma coisa que vai fluindo. O Tiaguinho, por exemplo, fiz A Tardizinha no Rio de Ja­neiro com ele, que foi maravilhoso. Con­videi-o e ele aceitou, e virou uma coisa bacana. Levei ele pra um outro rolê, um rolê reggae, rap. Os convites acontecem a partir da afinidade musical mesmo e vai fluindo. O próximo convidado de agora é o Black M.

    DMRevista – Quais são seus próximos projetos?

    Rael – Esse ano era para eu estar gra­vando um single de um projeto acústi­co, que tinha a produção do Mirando, mas, infelizmente, ele faleceu. Então tive que me reinventar e procurar ou­tras pessoas, e acabou não rolando. Então, eu mesmo estou fazendo e pro­duzindo as coisas e em breve teremos novidade, ok? E assim seguimos na luta.

    SERVIÇO

    Sunset Festival – Campeonato Goiano de Wake Park e Show do Rael

    Onde: Sunset Wake Park

    Quando: Hoje, a partir das 8h

    Ingressos: R$ 120,00 (inteira) R$ 60,00 (meia)

     

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