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A política sexual da carne relaciona o consumo com a violência contra a mulher

Redação

Publicado em 14 de março de 2018 às 21:32 | Atualizado há 2 semanas

A Editora Alaúde acaba de lançar a segunda edição, revista e amplia­da, do best-seller A política sexual da carne, no qual a autora Carol J. Adams apresenta as estreitas liga­ções entre os movimentos sociais feministas e as práticas vegetaria­nas, temas que têm conquistado cada vez mais a atenção e o interesse do público em geral. Na obra, Carol mostra que, ao compreendermos a existência dos pontos de intersec­ção entre a forma com que as socie­dades patriarcais tratam a mulher e os animais, perceberemos tam­bém que combater a violência pra­ticada contra esses dois grupos é o único caminho para uma socieda­de mais igualitária.

A nova edição traz um posfácio comemorativo do 25º aniversário de lançamento da obra com imagens de propagandas e outras ilustrações, muitas delas enviadas por antigos leitores da obra, que ajudam a sus­tentar a ideia defendida por Carol, à qual é impossível ficar indiferente!

O livro leva o leitor a avaliar situa­ções comuns no dia a dia que mas­caram certos preconceitos contra a mulher e contra o corpo feminino. Fazer associações entre a masculi­nidade e o consumo de carne e re­forçar a tese de que verduras e le­gumes, considerados “sem graça”, seriam comida de mulher são, para Carol, formas clássicas utilizadas pela sociedade patriarcal para sub­jugar mulheres e animais.

Amparada por pesquisas de re­nomados estudiosos sobre o tema, entre eles a feminista e também ve­getariana Agnes Ryan, a autora de­senvolve ampla discussão sobre o que exatamente vem a ser a polí­tica sexual da carne. Segundo a es­tudiosa, trata-se de um comporta­mento que reúne todas e quaisquer atitudes que, direta ou indiretamen­te, animalizam mulheres e, ao mes­mo tempo, sexualizam e efeminam os animais. Ainda de acordo com Carol, tal cultura também resulta na forma arrogante com a qual os ho­mens costumam encarar sua neces­sidade de comer carne.

Para a autora, a dominância masculina é exatamente um dos pontos-chave das questões ligadas a um comportamento que estimula o culto à carne de forma geral. “Em todo o mundo, ser homem é algo que está ligado a identidades que os próprios homens reivindicam ou negam. Os questionamentos são di­versos: como se comporta um ho­mem ‘verdadeiro’? O que ele faz ou não? O que ele come? Há, por exem­plo, um mito de que um homem ‘de verdade’ não come quiche. Não se trata de uma questão de privilégio; é uma questão de simbolismo. Em parte, a masculinidade é construí­da por uma cultura que incentiva o consumo de carne e pelo controle masculino em relação a outros cor­pos”, argumenta a autora.

Obra referência para a com­preensão das influências da socie­dade patriarcal no comportamento humano, A política sexual da carne instiga e provoca o leitor a refletir e a considerar que a relação entre a ma­tança de animais e a violência con­tra a mulher estão mais intrinseca­mente ligadas do que se imagina.

SOBRE A AUTORA

Carol J. Adams é ativista, auto­ra também de The Pornography of Meat e Living Among Meat Eaters, inéditos no Brasil. Palestrante de renome nos Estados Unidos e na Europa, já foi convidada a falar em mais de cem universidades sobre a teoria crítica apresentada neste A política sexual da carne, em pa­lestras atualizadas constantemen­te para incluir representações cul­turais contemporâneas.

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