A união faz o riso
Diário da Manhã
Publicado em 25 de maio de 2018 às 00:02 | Atualizado há 4 semanasColaboração deveria ser a palavra do século. Pois, iniciativas organizadas através da união de forças entre público e fazedores de arte podem consolidar projetos, antes inviáveis. Através dessa associação poderosa que a Galhofada–Pequena Mostra Internacional de Artes Cênicas de Rua, chega agora à sua 15ª edição. E assim, o evento sem fins lucrativos e que une arte ao fazer social, acontece de hoje até domingo (27), levando ao público apresentações, oficinas, feiras de troca e, claro, altos sorrisos. Ou melhor uma galhofada.
Serão quase 30 atrações gratuitas, apresentadas pelos artistas da mostra, que, como de costume na mostra, não cobram cachê. Colaborar e espalhar cultura é o mais importante para os participantes dessa mostra que é organizada pela pela Oficina Cultural Geppetto com ajuda da comunidade artistas, estabelecimentos comerciais da região, grupos de teatros locais e de cidades vizinhas. As atividades acontecem na Alameda Henrique Silva, do Setor Pedro Ludovico. Lá, será montada mais uma Ilha da Galhofa, de onde estará disponível uma programação cultural construída coletivamente.
Entre os artistas colaboradores, estão nomes como: grupo de coco folia Passarinhos do Cerrado, a cantora de samba e MPB Cláudia Garcia e grupos circenses a exemplo da: Família Colombo Argento, do Palhaço Beterraba. Esta edição, a Galhofada conta ainda com a participação do Circo Itinerante Chocozuela, da Colômbia, que abre a programação, hoje às 17 horas.
RESISTÊNCIA
Cada dia mais forte na crença de que cultura pode mudar o social, a história da mostra é de resistência. Surgiu em 2004, sem maiores ambições. Mas hoje coleciona números surpreendentes: já reuniu na Ilha da Galhofa mais 50 mil espectadores e contou, ao longo dos anos, com o trabalho de cerca de 300 artistas, produtores e colaboradores.
“A primeira (edição) aconteceu em 2004 e foi uma Pequena Mostra de Teatro na Rua. Não tinha número. Não foi a primeira, porque foi feita para ser a única. Não deu. A experiência foi tão rica, tão gostosa, que não pudemos resistir. Veio a segunda, a terceira e agora a 15ª edição. Para explicar o que é, não tem jeito… Só mesmo participando…”, disse o coordenador geral do festival Marcos Lotufo.
Lotufo, que é também responsável pela Oficina Cultural Geppetto, atribui o sucesso à união entre os colaboradores, que compartilham anos de estrada, profissionalismo e dedicação à mostra e estão sempre dispostos a “trocar de papel” a favor da mostra.
“Somos pessoas decididas a resistir aos desmandos de nossos dirigentes e à malversação dos recursos públicos destinados à cultura, com o único objetivo de transformar a arte nesta prática sadia, educativa e cidadã”, argumenta o coordenador da Galhofada.
Ainda conforme Lotufo, logo na primeira edição, se constatou que o projeto tratava-se de um trabalho de cidadania cultural inicialmente para a região do Setor Pedro Ludovico, à época carente por novas possibilidades de lazer e bem-estar social. “Nesta condição, decidiu-se que Galhofar era preciso. Na primeira vez, foram dois dias de evento, destinados exclusivamente à apresentação de espetáculos teatrais de rua” disse o coordenador acrescentando que, a cada edição a participação do setor era ressaltada.
O retorno para os artistas aconteceu de forma imediata. “Recebemos em troca deste trabalho a certeza de que estamos cumprindo um papel importante em nossa sociedade, levando arte e cultura para toda a cidade. Alavancamos o nosso trabalho, formando público e contribuindo para que estas pessoas reconheçam o artista como um profissional. Sem falar que estamos formando uma parceria muito importante com outros grupos, artistas e produtores que também são voluntários”, reconheceu o ator e diretor Hélio Fróes, da Cia de Teatro Nu Escuro, na terceira edição do evento. Nesta época a Galhofada se fixou no calendário cultural da cidade atraindo, assim, mais artistas e gente, agora vindos de todas as regiões da cidade.
VAKINHA
Claro que o evento, que não é apoiado por nenhuma lei de incentivo à cultura ou por alguma empresa, tem passado por dificuldades. Ainda mais com o crescimento do público. As despesas de alimentação, cenário, divulgação, sempre foram rateados entre os organizadores.
E segundo os produtores, a falta de patrocínio não chega a desacelerar o evento, pelo contrário. “A falta de recursos tem sido um mote para comprovação da força do movimento artístico e, nas reflexões, tem ficado claro que esta é uma das características que não queremos perder. A distribuição de cachês e remunerações diversas aos participantes poderia gerar interesses escusos e forçaria a organização à escolha de trabalhos a serem apresentados acarretando a necessidade de inscrição prévia, comissões de seleção, organização burocratizada etc. Tudo isso geraria custo elevado e a falta de apoio permanente acarretaria o fim da mostra”, explica Marcos Lotufo.
VAKINHA
Mas os produtores da Galhofa armaram uma forma da mostra continuar existindo livre e independente: com a doação do público no site, Vakinha Virtual. “O objetivo é pagar as pequenas despesas que surgem durante a construção do festival, como alimentação, transporte, material de luz, som e palco, arquibancadas, entre outros itens. A Vakinha foi então criada para ampliar as possibilidades do festival e garantir o básico para todos os artistas e produtores que trabalham de forma voluntária,” explica o coordenador.
Com o objetivo de arrecadar R$ 5 mil reais, até o fechamento desta edição, havia levantado R$ 630.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DA XV GALHOFADA
HOJE
17h Circo Itinerante Chocozuela (Colombia)
17h20 Xiru e Liru
17h30 Família Colombo Argento
18h Palhaço Beterraba
18h40 Cantora Cláudia Garcia
19h30 Isabela Leles
19h40 Duo Sakara
20h30 Grupo Passarinhos do Cerrado “Origens”
AMANHÃ
15h Karaokê
15h45 Cortejo
16h45 Contação de Histórias
17h Teatro com Grupo Instituto Maria Auxiliadora
17h10 Espetáculo “Aparecidas”–Grupo Por Quá
18h Espectáculo “Táticas Engeniosas Para COnseguir…”–Grupo Teatro Del Carmino
19h Espectáculo “Gamelin Malabares”–Camilo
19h30 Espetáculo “1 e ½”–Margarete e Rocio e
19h45 Fio de Pão–A Lenda da Cobra Norato–Grupo de Teatro de Bonecos In Bust (Blém do Pa)
20h30 Viola Cabocla–Usina Cênica
DOMINGO
10h30–Bloco Ultrasom–C. Educ. Mabel com Tiago Verano
11h Palhaço Physquila com Benjamin
17h Espetáculo “Deflorislava”–Imagem de Inhumas
17h10 Espetáculo “Lenda do Boi Bumba”–Lendas Cantadas
17h40 Serei Cerrado–Juliana Pimentel
18h10 Grupo Contemporâneo de Dança com Luciana Caetano
18h40 Show com Débora de Sá
19h Verde Minha Terra–Julia Pasacali
19h20 Chico Aafa e Felipe Valoz
20h Camerata Caipira com Isabela e Victor Batista
15ª GALHOFADA – PEQUENA MOSTRA INTERNACIONAL DE ARTE DE RUA
Quando: Hoje (das 17 às 21h), amanhã (das 8h às 21h) e domingo (das 10h30 às 21h)
Onde: Ilha da Galhofa (Alameda Henrique Silva, Setor Pedro Ludovico)
Entrada Franca
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