Atenas de Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 28 de setembro de 2018 às 02:50 | Atualizado há 2 semanasUm dos berços da cultura do Estado de Goiás, o município de Silvânia, antiga Bonfim, surge ainda no século XVIII, em pleno ciclo do ouro, e mantém preservados vários vestígios da época. Pela tradição, história, e por ter sediado no passado um importante movimento cultural, o município também é conhecido por seu apelido: Atenas de Goiás. No intuito de preservar todo esse patrimônio, foi estabelecida a Academia de Letras, Artes e História de Silvânia (Alahs), através da iniciativa de vários escritores locais, numa batalha que durou mais de 10 anos. Na noite de hoje, às 20h, 28 personalidades ligadas à literatura da cidade tomam posse de suas cadeiras na Academia. O evento será realizado no Clube da Associação Atlética do Banco do Brasil.
Para falar sobre a cerimônia de posse dos membros fundadores da academia, o DMRevista recebeu o escritor Geraldo Coelho Vaz, que também é presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, e vai ocupar a cadeira de número 16, que tem como patrono seu pai, Glicério Coelho, autor do livro Memórias de um Peão Boiadeiro. De acordo com ele, a iniciativa vem se desenvolvendo ao longo da última década. “Começamos com a ideia há mais de 10 anos, numa reunião entre os escritores Cida Sanches, Rubens Vieira, Edmar Cotrim e eu. Nos reunimos para criar uma academia. A razão primordial era exatamente o fato de ser uma cidade antiga, tradicional, conhecida como a Atenas de Goiás – exatamente pelo movimento cultural que já houve por lá”, explica.
RIQUEZAS
Segundo Geraldo Coelho Vaz, a conversa foi se ampliando para diversos outros escritores ao longo dos anos. “A partir dessa reunião, fizemos outras com mais 10, 15, 20 escritores de lá, além de outros que já moravam fora e achavam importante. Com isso criamos a Academia. Como existem academias em quase todas as cidades antigas e tradicionais, Silvânia não podia ficar à margem”, conta. Parte da riqueza cultural de Silvânia pode ser conferida na Biblioteca Municipal Coronel Pirineus, que desde 1982 tem como sede um prédio conhecido como ‘Casa da Cultura’, construído em 1919 e que já sediou uma escola e um banco. O acervo da Biblioteca Municipal, que existe desde 1943, possui cerca de 10 mil ítens.
Outros dois importantes centros histórico-culturais da cidade, inaugurados no início do século XX, são os Colégios Anchieta e Imaculada Conceição, que, segundo Geraldo Coelho Vaz, permanecem preservados. O escritor conta ainda que na época em que Goiânia estava sendo planejada, foi cogitada a possibilidade de Silvânia abrigar a nova Capital. “Inicialmente, Dom Emanuel e outros políticos da região queriam levar a capital de Goiás para Silvânia, porque lá era o final da estrada de Ferro. Tinha transporte, muita água e terra plana. Houve um estudo para que ali se concretizasse o sonho de Pedro Ludovico, e da maior parte dos goianos, da mudança da capital.” A Comissão de estudos montada pelo fundador de Goiânia, no entanto, preferiu o município de Campinas.
Outro objetivo a ser buscado, a partir da criação da Alahs, é a manutenção de prédios históricos que resistem ao tempo no centro de Silvânia, bem como as histórias e a cultura que eles guardam. Essas construções, infelizmente, ainda não fazem parte do grupo de monumentos protegidos pelo Iphan. “Silvânia ainda tem algumas casas preservadas. Uma das funções da Academia é preservar e lutar pela história local. Um papel que a instituição terá que desempenhar futuramente está relacionada à preservação dos casarões que ainda existem em Silvânia. O que é moderno podemos ver em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte. O que é o passado histórico do ser humano e na nossa vida está não só nos casarões antigos, mas também na história cultural do povo de cada local”, conclui Geraldo Coelho Vaz.
REVISTA
A cerimônia de posse dos membros fundadores da Alahs também conta com o lançamento da primeira edição da Revista da Academia de Letras Artes e História de Silvânia. “A publicação traz a biografia dos patronos escrita pelos escritores que tomarão posse. Minha cadeira é a 16, cujo patrono é Glicério Coelho, meu pai. No final também temos a biografia e as fotos de todos os membros fundadores da academia”, explica Geraldo Coelho Vaz. Na capa da revista podemos observar a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, construída em 1778. “SIlvânia tem filhos ilustres que deixaram seus nomes ligados à historiografia goiana, como Americano do Brasil, Henrique Silva, José Cênica Lobo, Dom Antônio Ribeiro, Dom Emanuel, todos eles são patronos da Academia.”
SERVIÇO
Cerimônia de Posse dos fundadores da Alahs
Onde: Clube da AABB, Silvânia (70km de Goiânia)
Data: Hoje
Horário: 20h
]]>