Cozinhando com um click
Diário da Manhã
Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 22:06 | Atualizado há 1 semanaExistem artigos tecnológicos que fazem parte da nossa rotina diária. Uma geladeira, o celular, televisão, máquina de lavar e outros. A função de cada um destes produtos todo mundo sabe, mas será que todos sabem como estes funcionam? O forno micro-ondas é um desses aparelhos que temos em casa, mas sempre ficamos com a dúvida sobre como utilizar, o funcionamento deste e como ele surgiu. A descoberta e invenção são de autoria do engenheiro Percy LeBaron. Tudo aconteceu no ano de 1945, nos laboratórios da Raytheon Corporation, enquanto Percy realizava pesquisas sobre radares na época da 2ª Guerra Mundial. Ele utilizava magnetrons, tubos de vácuo para produzir radiação de micro-ondas, e conseguiu perceber que uma barrinha de doce, no seu bolso, havia derretido durante os experimentos.
Logo em seguida, Percy colocou um milho de pipoca e depois um ovo, próximo ao tubo de vácuo, para ver a reação. Tanto o milho quanto o ovo estouraram após um tempo de exposição. O engenheiro percebeu que as micro-ondas que vinham do tubo de vácuo cozinhavam alimentos mais rapidamente do que os fornos convencionais que funcionam a gás ou eletricidade. Apesar da descoberta das micro-ondas ter ocorrido em 1945, somente no ano de 1954 o primeiro forno micro-ondas foi produzido pela empresa Rhaytheon. Era grande e muito caro. Porém, em 1967, o primeiro micro-ondas doméstico começou a ser comercializado, com vendas lentas nos primeiros anos, devido ao preço relativamente caro em relação aos outros fornos.
O micro-ondas começou a ser mais acessível no ano de 1971, quando diminuíram os preços das unidades de bancada e suas capacidades foram expandidas. Atualmente, várias casas possuem um aparelho como esse. A utilização é diária: para esquentar o almoço, preparar uma pipoca ou simplesmente um chá. No entanto, sempre restam dúvidas sobre o que pode ou não ir ao micro-ondas e também o que ele provoca no alimento que iremos ingerir. O professor do departamento de Engenharia de Materiais do Centro Universitário FEI esclarece alguns mitos e verdades sobre o aparelho doméstico mais popular ao redor do mundo
Confira abaixo a entrevista
Como funcionam as micro-ondas?
De acordo com o professor Baltus Bonse, as micro-ondas são uma forma de radiação eletromagnética, como o infravermelho e as ondas de rádio. “As micro-ondas ricochetam nas paredes internas do forno, que são de metal, atravessam papel, vidro e plástico, mas são absorvidas pelos alimentos, mais especificamente pela água do alimento. Esta absorção faz com que as moléculas oscilem para frente e para trás, criando calor e cozinhando o alimento de dentro para fora, de fora para dentro ou uniformemente, dependendo de onde a água se encontra”, explica.
Objetos metálicos proibidos, mas existem algumas exceções?
Há muitos mitos acerca de quais materiais são permitidos ou proibidos de ser utilizados dentro do forno de micro-ondas. Os mais conhecidos são os objetos metálicos, já que as micro-ondas são refletidas pelos metais, ou seja, muita radiação é emitida de volta ao transmissor gerador da radiação de micro-ondas, causando seu superaquecimento, que pode levar a uma explosão ou fogo.
No entanto, o professor explica que há um mal entendido em relação ao senso comum de que nenhum metal pode ser usado em um aparelho de micro-ondas. “Recipientes metálicos rasos (como pratos rasos) não impedem que as micro-ondas alcancem a comida pela parte superior. Eles podem, portanto, ser usados para a preparação de comida no aparelho. Já os recipientes mais fundos (como panelas) causam problemas”, destaca. Porém, como frequentemente não está claro o que seria suficientemente raso, recomenda-se não usar nenhum objeto metálico no micro-ondas.
E o papel alumínio?
Os campos elétricos em micro-ondas provocam um fluxo de correntes de eletricidade através do metal. Peças grandes, como as paredes de um forno de micro-ondas, geralmente conseguem tolerar essas correntes sem problemas. O perigo está no tamanho. “Peças finas de metal, como uma folha de alumínio, não aguentam essas correntes e aquecem muito rapidamente, podendo pegar fogo. Além disso, se a folha estiver amassada de forma a ter arestas pontiagudas, a corrente elétrica que corre através da folha causará faíscas”, explica o prof. Baltus. É importante ter atenção, também, com porcelanas antigas, que geralmente contêm tinta metálica, e pratos com bordas decorativas de metal.
Uva e ovos podem explodir?
Sim. Segundo o professor da FEI, as uvas e ovos podem explodir, se não estiverem furados. Uvas contêm em torno de 80% de água, claras de ovo 90% e gemas 50%. Com o cozimento a água presente vira vapor d´água, que aumenta a pressão dentro do alimento. Se não tiver um furo para aliviar essa pressão, o alimento explodirá. Além disso, é preciso ter cuidado com as pimentas secas, que podem pegar fogo e liberar gases nocivos.
Potes plásticos quando aquecidos podem liberar substâncias tóxicas?
Há muita desinformação a respeito disso. Em primeiro lugar alegava-se que o plástico no micro-ondas liberava substâncias químicas cancerígenas, chamadas dioxinas, nos alimentos. Na verdade, os plásticos não contêm dioxinas. Essas substâncias são liberadas quando lixo, plástico, metais, madeira e outros materiais são queimados. Assim, a não ser que você queime seus alimentos em um micro-ondas, você não está se expondo a dioxinas.
Em segundo lugar, não existe um material único específico chamado plástico. Existem vários tipos de plástico. Frequentemente, adicionam-se substâncias aos plásticos para modificar suas propriedades ou para moldá-los mais facilmente. Essas substâncias chamadas plastificantes podem eventualmente migrar do recipiente, quando aquecido, para o alimento.
E quanto ao bisfenol-A (substância química orgânica que constitui a unidade básica de polímeros e revestimentos de alto desempenho)?
O bisfenol-A é basicamente encontrado em um tipo de plástico, chamado policarbonato, que era usado para fazer mamadeiras e garrafas de água retornáveis. Segundo o professor, dificilmente essa substância será encontrada em outros plásticos usados no dia a dia, pois estes plásticos, contrariamente ao policarbonato, não precisam de bisfenol-A para a sua produção. Então, a maioria dos plásticos já era bisfenol free, e trata-se mais de uma questão de marketing. Assim embalagens bisfenol free também podem liberar plastificantes para o alimento. Recomenda-se sempre checar na embalagem se consta que o material é seguro para uso em fornos micro-ondas.
Afinal de contas, quais materiais podem ser levados ao micro-ondas?
Os mais seguros são recipientes de vidro ou cerâmica rotulados para uso em fornos de micro-ondas, explica o prof. Baltus Bonse. Caso esteja em dúvida quanto à embalagem plástica ou recipientes no micro-ondas, transfira os alimentos para recipientes de vidro.
DICAS IMPORTANTES:
*Não deixe que filmes plásticos toquem os alimentos durante o cozimento no micro-ondas, porque podem derreter. Use como alternativas papel de cera, papel manteiga e toalhas de papel branco.
*A maioria dos recipientes para viagem, garrafas de água, potes de margarina, iogurte, e alimentos como queijo, creme, maionese e mostarda não são seguros para micro-ondas. Sacos plásticos de supermercado também não devem ser utilizados.
*Não ligue o micro-ondas sem nada dentro. Isso prejudicará o funcionamento do aparelho.
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