Crack – Política Criminal e População
Redação
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 03:16 | Atualizado há 6 anosO livro Crack – Política Criminal e População Vulnerável expressa alguns anos de angústia diante da realidade político-criminal relacionada às drogas no Brasil, sobretudo em relação à população pobre. A necessidade de entender a relação entre pobreza, sistema punitivo e drogas levou Rafael Strano a escrever a sua dissertação de Mestrado: “A política criminal de drogas brasileira e o crack: uma análise sob a perspectiva da população hipossuficiente”, em 2016, a qual está representada no livro, com alguns acréscimos, correções e pequenas alterações.
Influenciados pelo pânico moral trazido com o crack, governantes implementaram políticas criminais extremamente díspares, as quais variam da repressão em sentido estrito até a concessão de emprego aos usuários da droga. “Uma rápida pesquisa nos jornais brasileiros revela, por exemplo, fotografias de usuários de crack sendo reprimidos por policiais a cavalo ou discussões sobre possíveis benefícios previdenciários, a bolsa-crack”, explica Rafael Strano, autor da obra, mestre em Direito Penal e Criminologia pela Universidade de São Paulo e defensor público do Estado de São Paulo.
O primeiro capítulo aborda o que se entende por política criminal. Embora esta definição soe monótona e distanciada do objeto específico do trabalho, a análise mostrou-se necessária para o estabelecimento da linha mestra da obra, sobretudo no que tange à orientação político-criminal adotada.
O segundo capítulo concentra a missão de fornecer um panorama de como o crack surgiu e em que medida influenciou a política criminal estadunidense. A opção por estudar a realidade dos Estados Unidos da América decorre do fato de a primeira “epidemia” de crack ter supostamente ocorrido naquele país, no início da década de 1980. As quase quatro décadas que se seguiram propiciaram amplo conjunto de estudos criminológicos sobre o tema, os quais são fundamentais para a compreensão da questão proposta. Além disso, tudo indica que a política criminal brasileira tende a reproduzir a estadunidense, com algumas décadas de atraso.
INTRODUÇÃO DO CRACK NO BRASIL
O terceiro capítulo fornece um panorama da introdução do crack no Brasil, o qual se inicia na cidade de São Paulo, no começo da década de 1990, e acaba atingindo o resto do País no início da década de 2000. Também foram pesquisadas referências sobre as cenas de uso do crack no País, as denominadas cracolândias, bem como a relação entre o crack e o cárcere, o crack e as mulheres, o perfil dos usuários da droga no País, além de breve panorama legislativo.
Já no quarto capítulo consta uma retrospectiva histórica e não exaustiva. Seguindo a linha exposta no primeiro capítulo, a política criminal pode ser efetivada no âmbito dos três poderes, nos três níveis federativos, de modo que a influência da droga pode ser examinada à luz das medidas tomadas em cada um deles.
O quinto capítulo tem como escopo relacionar a política criminal de drogas, em sentido amplo àquela destinada aos usuários e traficantes de crack, evidenciando o recrudescimento punitivo em relação a estes, essencialmente motivado no grau de vulnerabilidade ao sistema penal ao qual estão sujeitos.
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