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Crianças-soldados: O maior infanticídio da América Latina

Redação

Publicado em 29 de agosto de 2018 às 23:35 | Atualizado há 2 semanas

Se há combate, crianças são afetadas. A Guerra na Síria, Confli­tos no Sudão e República do Con­go são só alguns exemplos de con­flitos que convocam crianças para artilharia. O assunto choca e gera inúmeros debates, principalmen­te quando vídeos de soldados com menos de dez anos matando reféns são veiculados pelo Estado Islâmi­co. No entanto, crianças armadas não são novidade. Nem as variá­veis dessas atitudes: órfãos em si­tuações de risco e obviamente as mortes em massa.

A Guerra do Paraguai é um caso histórico e, aparentemente não muito lembrado pelos latinos. O conflito no país vizinho foi marca­do pelo maior infanticídio da Amé­rica Latina. Apesar de ter acontecido em meados de 1860, o horror da in­sanidade disseminada pela Tríplice Aliança: Brasil, Argentina, Uruguai contra o governo militarista de Fran­cisco Solano López dizimou quase toda a população masculina para­guaia, obrigando que as crianças guaranis fossem à luta.

A batalha que marcou a carnifi­cina infantil foi a de Acosta Ñu, no dia 16 de agosto de 1869. Um exér­cito de cerca de quatro mil solda­dos foi enviado para enfrentar 20 mil soldados da Tríplice Aliança, em sua maioria, brasileiros. Esti­ma-se que duas mil pessoas morre­ram aquele dia na batalha, a maio­ria crianças. Essa data foi escolhida como o Dia das Crianças paraguaio, em homenagem às vítimas.

Em Menina, romance com edi­ção esgotada e lançada pela Ama­zon, o autor Paulo Stucchi traz à tona o conflito no Paraguai como cenário de uma emocionante his­tória entre uma sobrevivente garo­ta índia guarani e um desertor sol­dado negro. De forma magistral, o autor mescla fatos históricos e des­crições verídicas dos combates com o sensível relato dos traumas psi­cológicos causados pela Guerra. A construção da narrativa dos perso­nagens é tão completa entre os la­ços de amizade, lealdade e fé que o leitor poderá perceber que mesmo em tempos sombrios onde sonhos e destinos são destruídos é possí­vel aflorarmos o que há de mais hu­mano: o amor, o desejo de proteger a vida e recomeçar. Talvez isso seja preciso, uma boa história de espe­rança e restauração. A Guerra do Pa­raguai é, até hoje, objeto de estudos históricos, sociais e de geopolítica.

SINOPSE

Um soldado negro, desertor do exército imperial do Brasil, e uma menina guarani cruzam o território paraguaio rumo a Assunção. Ainda que em silêncio, cultivam uma ami­zade calcada naquilo que não pode (e não precisa) ser dito. O cenário é a Guerra do Paraguai, conflito que di­zimou a população masculina para­guaia e que, até hoje, é alvo de vários estudos históricos e de geopolítica.

SOBRE O AUTOR

Paulo Stucchi é psicanalista e jornalista. Atuou como redator, jornalista responsável e editor em jornais impressos e revistas. Tam­bém foi professor e coordenador de curso de Comunicação. Atual­mente, divide seu tempo entre o trabalho como assessor de im­prensa e sua paixão pela Litera­tura, História e Psicanálise.

 

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