Em busca do comunista perdido
Diário da Manhã
Publicado em 27 de outubro de 2018 às 23:41 | Atualizado há 6 anosEm busca do comunista perdido nesta paranóia que toma conta deste momento histórico. Sério. Em busca de um comunista para beber uma breja, um vinho vagabundo, um campari, uma pinga, uma catuaba, um conhaque. Até a legenda da foto está feita, logo eu que sou um ignorante tecnológico, um gutemberguiano nato nesta galáxia maluca, mas o problema é achar esse tal personagem.
Em busca do comunista e do comunismo que tanto circula nos grupos da família tradicional brasileira nas correntes de WhatSapp–seja esses delírios que percorrem organizações cibernéticas amadoras (até mesmo naquele em que a galera da firma faz parte) ou nas milícias virtuais às quais colocaram o tal ultradireitista no topo das pesquisas, conforme denunciou reportagem do jornal Folha de São Paulo.
Só não vale esse suposto e delirante pseudo-comunismo do PT, partido, pasme, nascido no berço dos sindicatos e nas comunidades eclesiais de base da igreja católica em São Paulo, responsável, além de tudo, por acentuar ainda mais a luta de classes em 13 anos. Legendinha pelega por natureza, democrata-cristão demais da conta, aff… Muito capitalista burguês para o miserável gosto deste marxista ortodoxo de botequim que vos escreve.
Nunca discutimos tanto na terra tupiniquim religião e política. Essas lorotas comunistas, na verdade, circularam a quatro cada anos desde o famigerado pleito eleitoral de 1989, aquele mesmo em que o social-democrata Leonel Brizola, de dedo em riste, disse que Paulo Maluf era um filhote da Ditadura Militar. Desde então os comunas vão pintar tudo de vermelho, comer criancinhas e o escambau (quem falou que fake news é coisa da Pós-Verdade?).
Cada vez que vejo essa loucura do comunismo pairando no ar (ou melhor, na tela do zapp), tento achar, juro que tento, pelo menos uma viva alma dessa turma da pesada. Impossível, porque os autênticos sumiram com a queda do Muro de Berlim. Nem mesmo no Maranhão, onde o PCdoB faz um governo de enorme aceitação popular, acabando com a dinastia do Sarney, existe mais esse personagem quase folclórico.
Em busca do comunista perdido para saborear uma cubra-libre, para uma vodca comemorativa neste outubro de aniversário da Revolução Russa, para um rum discutindo a rebeldia do comandante Fidel Castro e do sonhador Che Guevara, para uma cachaça analisando os ensinamentos prestistas. Aff, desgraça, quem disse te encontro assim tão fácil, seu comuna da porra? Risos… mais risos…
Por obséquio, me ajuda amiga leitor, nessa busca ao comunista perdido. Tem de ser aquele comuna roots, não vale esse socialistazinho de quinta categoria, com iphone no bolso e calça de marca, quero um comunistão, pasme papai literário Xico Sá, digno desse medo e delírio das fake news, um monstro que devore criancinhas, dispenso psolista do socialismo morena, sorry, Darcy Ribeiro, não vai dar, solicito aquele ser que assombre a tradicionalíssima família brasileira. Mil desculpas, meu consagrado leitor, é que esse demência coletiva do comunismo é uma comédia, só assim para me divertir num momento tão grave.
Comunista raiz mesmo só do outro lado do atlântico, em Portugal, para onde os endinheirados e cafonas brasileiros fogem com medo dos comunas tupiniquins.
Pela última vez, vai, não custa nada: em busca do comunista perdido. Cadê?
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