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Esse lixo é seu!

Diário da Manhã

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 22:06 | Atualizado há 1 semana

O Brasil é o maior pro­dutor de resíduos da América Latina. Um relatório produzido pela Uni­versidade das Nações Unidas (UNU) e o Global E-waste Mo­nitor 2017, revelou que o nosso país é o maior produtor de lixo eletrônico entre os países lati­nos, produzindo 2 milhões de toneladas em 2016. O cresci­mento foi de 10% no volume em relação à última pesquisa rea­lizada, divulgada no relatório de 2014. Por ano, atualmente, o país chega a produzir 79,9 mi­lhões de toneladas de resíduos sólidos, equivalente à 206 está­dios do Morumbi, em São Pau­lo, tomados por lixo. Um dado perigoso, tendo em vista sur­tos de doença que começam a tomar os noticiários em 2018, como por exemplo os casos fre­quentes de febre amarela.

A realidade é que muitas pes­soas não se preocupam com o destino final de um produto. Esse descaso reflete nas políticas públicas e acaba se tornando um ato “cultural” o descaso com re­síduos. Desta forma, talvez seja necessário neste momento uma reeducação pessoal, na esperan­ça de que o ato se espalhe pelo exemplo e outros tomem parti­do dessa causa. A primeira atitu­de para melhor destinar o lixo da casa é a coleta seletiva. Separan­do materiais recicláveis, como papel, plástico e alumínio, de re­síduos orgânicos é possível rea­proveitar cada um destes, dando uma utilidade própria para algo que seria um problema no futu­ro. Plástico podem se tornar no­vamente garrafas ou até mesmo objetos artísticos e decoração, como luminárias e etc. O papel deve ser levado até um local de coleta onde será trabalhado para ser utilizado novamente.

CADA UM

No começo deste ano, a As­sociação Brasileira de Empre­sas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), divulgou um estudo demonstrando que cerca 80% das cidades brasi­leiras possuem baixa ou ne­nhuma condição de tratar os dejetos, gerados pelos centros urbanos, de forma adequado. O dado aponta para o descaso em primeiro lugar dos servido­res públicos e em segundo lu­gar, mas não menos importan­te, uma falta de interesse dos próprios brasileiros. De acordo com a Abetre, tratar de forma correta os resíduos só poderia ser viável financeiramente para municípios com mais de 300 mil habitantes, que compõem, hoje, apenas 20% do total das cidades brasileiras. O presiden­te da entidade, Carlos Fernan­des, explica que “por isso, esta­dos e União devem induzir, via incentivos, a adesão dos muni­cípios em programas regionais de gestão de resíduos”.

A alternativa para Carlos Fer­nandes é na área de limpeza pú­blica. A proposta é que os estados e o governo federal assumam parte da competência na gestão do lixo gerado pelas cidades onde não há viabilidade financeira para manter a operação de forma individualizada. O presidente dá o exemplo de cidades de peque­no e médio portes que recebem em seus aterros cerca de 300 to­neladas de lixo por dia: “a ope­ração é praticamente inviável do ponto de vista econômico, já que o custo seria proibitivo”, conclui,

INVADIR SUA PRAIA

As praias do Brasil também não ficam de fora dessa maré de lixo. Não importa se o brasileiro está de férias, ou em casa, ou até mesmo trabalhando: os “restos” merecem atenção. No caso das praias e mares do Brasil, o gran­de vilão é o plástico. O estudo, um pouco mais antigo, divulga­do no ano de 2012 pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), mostra que 95% do lixo encontrado nas praias brasileiras é composto por materiais de plástico, como garrafas, copos, canudos, coto­netes, embalagens de sorvete e redes de pesca.

A mesma pesquisa também aponta que uma média de 80% desses dejetos têm origem terres­tre. Ou seja, o que leva os lixos há boiarem no mar é a gestão ina­dequada dos resíduos urbanos e também da atividade econômi­ca, portuárias e de turismo. Ape­sar disto, a população tem sua parcela de culpa pelo problema, devido à destinação incorreta dos seus resíduos que, na maioria das vezes são lançados delibera­damente nas ruas e nos rios, ge­rando o que é conhecido como poluição difusa.

E o que fazer com restos de comida e outros resíduos orgâ­nicos? O destino desses resídu­os não pode ser o mesmo, pois a decomposição é mais rápida. Uma das soluções mais vantajo­sas é a compostagem. Trata-se de um processo de reaproveitamen­to da matéria orgânica encontra­da no lixo, transformando o resí­duo em uma fonte de nutrientes que, quando misturada na terra, funciona como um ótimo fertili­zante. Esta técnica já é utilizada em grande escala na agricultu­ra, mas a novidade é que existem formas de utilizar a composta­gem em casa, nas plantas, hortas e jardins do quintal.

Além de dar um fim correto ao lixo orgânico, a compostagem também serve como adubo para as plantas, sendo uma opção ain­da mais vantajosa para o meio­-ambiente. O especialista dire­tor geral da Esaflores, no Sul do país, Bruno José Esperança, aler­ta que é preciso ter atenção com o que vai na composteira. “Nem todos os restos orgânicos podem ser utilizados na compostagem. Lixo comum, restos de carne, la­ticínios e óleos não são indica­dos. Já restos de verduras e legu­mes, cascas de frutas, borras de café, cascas de ovos e serragem são ideias”. A montagem da com­posteira também é fácil e pode ser feita utilizando objetos inu­tilizados da cozinha, como tam­pas de plástico e caixas plásticas.

COMECE EM CASA

A compostagem doméstica é simples e precisa de poucos ob­jetos para construção. São três caixas plásticas escuras (uma com tampa), folhas secas e ga­lhos pequenos e cerca de 100 minhocas. As três caixas são empilhadas, sendo que as duas primeiras precisam de peque­nos furos no fundo. Nessas duas caixas é onde ocorre a compos­tagem e a caixa inferior será uti­lizada para coletar o resíduos lí­quido orgânico.

Para montar montar a com­postagem é preciso forrar o fundo da caixa superior com fo­lhas secas e pequenos galhos, que funcionará como dreno da composteira. Em seguida, de­ve-se colocar terra com minho­cas, acima os resíduos orgâni­cos e uma camada de folhas secas, para contribuir na oxi­genação. Logo após é só fechar a caixa e fazer depósitos diários até que ela seja preenchida.

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