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Literatura e imoralidade: o ápice da perversão

Redação

Publicado em 23 de julho de 2018 às 22:06 | Atualizado há 6 anos

Eles a ensinam como descobrir o pra­zer do próprio corpo, entender o corpo do outro, tanto o femini­no quanto o mascu­lino, e, com muita li­bertinagem, a sentir prazer com os atribu­tos dos gêneros. O im­pacto foi tanto na vida da jovem, que toda a sua ingenuidade se transformou em per­versão destrutiva.

A inauguração do selo HotHot, da Edito­ra Edipro, traz uma obra impudica, do pai da de­pravação, que deixará os leitores desconsertados.

O exemplar é do aristocrata francês Donatien Alphon­se François de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade, que ficou famoso por pro­tagonizar muitos es­cândalos no século XVIII, mas ninguém esperava escrituras tão devassas. Em sua época, utilizava pseudônimos para publicar seus livros e es­creveu a maior parte de sua obra nos anos em que passou preso por imoralidade.

Em A Filosofia na Alcova, obra clandestina e publicada postu­mamente em 1795, o idealista libertino aborda a educação dos jovens, geralmente explorados por autores como Rousseau, po­rém a versão de Sade é subversiva e, quiçá, perigosa.

A crueza narra­da pelo escritor nas cenas de deboche e violência ataca a to­dos os princípios da moral consagrada e abalam mesmo ao espírito mais habi­tuado às leituras for­tes. A combinação de filosofia e pornogra­fia gera um conteúdo aversivo e, ao mesmo tempo, instigante.

A narrativa colo­ca Eugénie, uma ino­cente jovem de in­ternato, nas mãos da pervertida madame de Saint Ange, o las­civo Senhor de Mir­vel, seu irmão, e o sarcástico Dolman­cé, para aprender sobre a vida. Erotis­mo, ideologias liber­tárias e submissão se misturam, assim como os corpos nus dos três amantes, na obra máxima do mestre do sadismo.

Para que a discípula aproveite todo o conhecimento dos três li­bertinos, eles adotam um tipo de “tratamento de choque”, muita ex­posição de intimidade burlesca e vil. Neste sentido, eles quebram toda moralidade e religiosidade da moça com exemplos práticos e bizarros de sexo, como inces­tos, grupais e selvagerias. Todo este contexto na época, predomi­nantemente cristã, era um crime.

Após todas essas experiências, a jo­vem se transforma no pior ladodeseus professores, e prova isso da maneira mais chocante e libidinosa possível.

Sobre o autor – Donatien Al­phonse François de Sade (1740- 1814) passou a história como o Marquês de Sade. Aristocrata francês, esteve grande parte de sua vida encarcerado na Basti­lha por seus textos libertinos. De obras como Justine, A filosofia na alcova e 120 dias de Sodoma, criou-se a imagem de perversão sexual do marquês, que empres­tou seu nome ao termo médico sadismo (a busca do prazer se­xual pela submissão, humilha­ção e sofrimento do parceiro). Entretanto, Sade foi muito mais do que um escritor sádico. Filó­sofo de ideias originais, seu pen­samento libertino desafiava as concepções religiosas e racio­nalistas da França pré-republi­cana, o que o fez ser perseguido tanto pelos apoiadores do Anti­go Regime quanto pelos revolu­cionários. Ateísta, anti-clerical e avesso à moral consagrada, foi um livre-pensador e deixou um legado de obras não apenas eró­ticas, mas libertadoras.

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