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Livros acessíveis são para todos

Diário da Manhã

Publicado em 23 de outubro de 2018 às 00:54 | Atualizado há 2 semanas

O acesso a literatura, assim como o acesso para en­trar nas dependências de um hospital, é um direito de toda a população. É real o poder transfor­mador de um bom livro muda na vida de uma pessoa, facilmente ele muda esse micro-universo, mas um incentivo real para que mais e mais leitores apareçam pelo Brasil é uma fórmula quase certa para transfor­mar toda a sociedade. Livros aces­síveis, como devem ser as calçadas onde transitam as pessoas, como deveriam ser os ônibus e os locais de convívio social. Esta preocupa­ção será o tema principal do wor­kshop “Editoras Goianas: desafios e possibilidades para produção de livros acessíveis”. O evento faz parte da campanha de sensibilização de publicadores de Goiás, promovida pela Biblioteca Braille de Goiânia.

A atividade integra a agenda da Rede de Leitura Inclusiva e tem pro­gramação a partir das 9h da manhã, com o Encontro Acessibilidade Cul­tural, onde serão realizadas pales­tras e uma mesa de debate sobre acesso a leitura com Larissa Mun­dim, da Editora Nega Lilu. O wor­kshop, que será realizado às 14h na Biblioteca Estadual Pio Vargas, no Centro Cultural Marietta Telles, na Praça Cívica, conta também com a participação da Fundação Dori­na Nowill para Cegos, de São Paulo.

“A publicação em formato ele­trônico (e-book e audiolivro) tem se apresentado como alternativa para ampliar acessibilidade, mas a pro­dução e o consumo ainda são pe­quenos considerando seu poten­cial”, comenta a bibliotecária Maria Eunice Suares Barboza, coordena­dora da Biblioteca Braille José Ál­vares de Azevedo, em Goiânia. No Brasil, cerca de 10% da população é cega ou tem baixa visão. Uma par­cela da nossa sociedade excluída da leitura impressa, por conta de uma falta de atenção para a acessibilida­de da leitura. Os e-books surgem como uma ferramenta importante neste cenário.

SOLUÇÃO DIGITAL

Em 2017, uma pesquisa realiza­da pela Fundação Instituto de Pes­quisas Econômicas (FIPE) em par­ceria com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), por meio do Censo do Livro Digital, mostrou que em um ano o número de títulos digitais su­biu de 49.662 para 2,7 milhões de unidades vendidas. Outra fonte de dados é o relatório Global eBook: a report on market trends and develo­pments, que revela que a comercia­lização de e-books representa 3,16% do faturamento das editoras que tra­balham com livros eletrônicos. O pesquisador Carlos Carrenho, res­ponsável pela coleta de dados so­bre o mercado brasileiro neste do­cumento internacional publicado em maio de 2017, ressalta que este faturamento teve crescimento de 23% em relação ao ano anterior e não deve ser desprezado.

“A Nega Lilu Editora acredita que esta seja uma ação de inovação no mercado editorial, a partir da inclu­são de agentes sub representados. E aqui especificamente esses agen­tes são leitores cegos ou com baixa visão. Nós entendemos que ações assim apoia políticas de estímulo à leitura e formação de leitores”, diz Larissa Mundim, da Nega Lilu Edi­tora. Ela também aponta um “fra­casso” do mercado editorial ao não fomentar a formação de novos lei­tores no país. “O fracasso ele ocorre de ponta a ponta na cadeia produti­va: o autor escreve o livro e não tem leitores; a editora publica e não tem esses livros comercializados; ou os pontos de venda dispõem de pro­dutos mas não tem demanda”, diz.

LIVRO ACESSÍVEL

O workshop “Editoras Goianas: desafios e possibilidades para pro­dução de livros acessíveis” tem iní­cio às 14h e segue até às 17h. O en­contro deve abordar a experiência da editora Nega Lilu como uma das pioneiras no Estado nesta preocu­pação quanto a acessibilidade da sua cadeia produtiva. Na ocasião, a pequena editora fundada pela jor­nalista e escritora Larissa Mundim anunciará apoio à campanha a par­tir da doação de cópia digital dos li­vros de seu catálogo para uso de bibliotecas em todo o Brasil. Esta parceria será inaugurada com o li­vro-reportagem “Sobreviventes do Césio 136”, de Carla Lacerda.

“Historicamente o leitor cego ou de baixa visão tem acesso a lei­tura por publicações impressas em braile, mas essa tecnologia é dis­pendiosa, em função de materiais e mão de obra. Outro aspecto impor­tante é a ocupação de espaço que um livro em braille tem em uma es­tante de biblioteca. Então, os livros eletrônicos vem tanto possibilitar a ampliação de acervo em função da economia de espaço também baixando custos para produção e aquisição” afirma Larissa. Ela tam­bém cita a importância desses for­matos não só para pessoas cegas ou com baixa visão. “Esse forma­to também são próprios para esse momento que a gente vive, onde as pessoas fazem mais de uma coi­sa ao mesmo tempo. Então tem um potencial de consumo até para quem não tem deficiências visuais”.

A programação pretende dis­cutir legislação brasileira e in­ternacional do livro acessível, o conceito de formatos acessíveis, mercado de consumo potencial. Os palestrantes convidados são Aldenor Carneiro dos Santos (AD­VEG), Perla Assunção (Fundação Dorina Nowill para Cegos), Ro­meu Fernandes de Lima (Biblio­teca Braille José Álvares de Azeve­do), Larissa Mundim (Nega Lilu Editora), com mediação da bi­bliotecária Victoria R. Cywinski.

PROGRAMAÇÃO:

 

ENCONTRO ACESSIBILIDADE CULTURAL

Teatro Basileu França–Avenida Universitária 17 de Setembro, Setor Leste Universitário

Horário: 9h às 11h30

Palestras:

– Uma programação cultural que inclua o público com deficiência e a maior idade

– Conhecendo a audiodescrição: quais são os recursos necessários para uma programação acessível

– Inovação que possibilita o acesso: Editora Nega Lilu

Workshop “Editoras Goianas: desafios e possibilidades para produção de livros acessíveis”

DATA: 23 DE OUTUBRO DE 2018 – 14H ÀS 17H

14h – Abertura realizada pela bibliotecária Maria Eunice Suares Barboza, Diretora da Biblioteca Braille José Álvares de Azevedo e a Fundação Dorina Nowill

14h30 – Apresentação Cultural de alunos do CEBRAV

15h – Palestrantes: Aldenor Carneiro dos Santos (ADVEG), Perla Assunção (Fundação Dorina Nowill para Cegos), Romeu Fernandes de Lima (Biblioteca Braille José Álvares de Azevedo), Larissa Mundim (Nega Lilu Editora), com mediação da bibliotecária Victoria R. Cywinski

16h30–Encerramento

Local: Centro Cultural Marieta Telles Machado/SEDUCE (espaço de leitura da Biblioteca Estadual Pio Vargas), na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira nº 02- Setor Central – Goiânia GO.

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