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O grito da cultura de rua

Diário da Manhã

Publicado em 22 de setembro de 2018 às 02:21 | Atualizado há 2 semanas

No centro da cidade desem­bocam todas as realidades, permeadas por suas expres­sões, vozes e correrias culturais. Este domingo, o centrão, no espa­ço do Cine Ouro, recebe as “Vozes do Hip Hop”, um evento que visa a valorização da cultura hip hop goiana. Rap, dança, sarau, discote­cagem, roda de conversa, exposição de material informativo sobre a his­tória da cena na cidade constroem esta iniciativa que pretende gritar as produções locais pra dentro e pra fora da cercania goiana.

O mestre de cerimônias e idea­lizador do rolê é o Black Cia, vulgo Oziel Reis, que milita no rap desde o começo da década de 90. Black Cia sempre trabalhou para a expansão do rap como uma voz de protesto a favor da igualdade racial e pela de­fesa da juventude, seguindo na mis­são de pregar a paz nas periferias.

Black Cia explana sobre as ativi­dades que vão rolar no Cine Ouro: “A ideia é promover shows de rap de artistas locais e apresentações de dança, palestras, rodas de con­versa. Também reunimos um ma­terial que conta um pouco da his­tória do hip hop em Goiás por meio de exposição de fotos, matérias de jornais, capas de disco, recortes de revistas”. A roda de conversa, nesta edição, traz o tema extermínio da juventude na periferia.

Black defende a construção de uma cena goiana forte e expressiva: “A gente costuma ver muito show de cara que vem de fora e os artistas goianos acabam fazendo só a aber­tura pra essa galera, a ideia do pro­jeto dentro da valorização do rap goiano é apresentar regional e na­cionalmente os sons locais.”

Durante o evento, uma equipe de gravação e fotografia fará os registros do show principal com o intuito de mandar nas redes e divulgar as pro­duções locais. A apresentação prin­cipal terá duração de, em média, 40 minutos e mais três pocket shows de diferentes artistas apresentando uma música cada. A reverência da rodada é para o grupo Boca Seca, que comanda o show principal, e os pocket shows apresentam Mana Black, Dvolt e Familia Inc.

Fabones, do Boca Seca, fala so­bre o projeto Vozes no fomento à cultura goiana de rua: “Acredito que esse evento venha para pres­tigiar os grupos goianos. Esta é a primeira edição, mas vai rolar ou­tras edições. Aideia é que seja uma por mês. Então escolheram o Boca Seca pra ser homenageado nesta primeira edição. Vamos fazer um show que, na verdade, não é só o Boca Seca, mas a família Liga os Monstros. O evento é pra fortale­cer a cena mesmo, mostrar que já existe uma história, que os caras estão aí já faz um tempo.”

A Liga os Monstros é forma­da pela parceria dos grupos: Boca Seca, SCA, Ápice, Jeep Maioia, Ka­verna Man e Yut Pira Pura, um co­ligado de Londrina que veio para fortalecer a Liga. “Vai ter também a parte de sarau, discotecagem, vários outros grupos. Também vai contar um pouco da história do grupo que vem desde 2009 e a par­tir de 2015, quando começou a Liga os Monstros. É um show pra mar­car mesmo, nestes nossos quase 10 anos de estrada,” completa Fa­bones.

DVOLT

Danilo Joaquim da Silva, ou Dvolt, é morador da zona leste de Goiânia, da região do Novo Mun­do. Ele é rapper, MC, poeta, com­positor, líder da Diretoria do Gueto Coletivo Cultural, coordenador de Cultura da Nação Hip Hop Brasil -GO, também é mestre em Serviço Social e educador popular. Dvolt, desde 2002, milita na Cultura Hip Hop na frente de Cidadania.

Dvolt já cantou e declamou em diversos eventos da Grande Goiâ­nia, como Mostra da Classe Traba­lhadora, Dia da Consciência Ne­gra, Rap Consciente, Batalha da Norocity, Conferência da Juven­tude, Conferência Estadual dos Di­reitos da Criança e do Adolescen­te, Culturata, entre outros. Danilo integra vários projetos culturais, como Rap Repando na Escola, Sa­rau CoMvida, Sarau Arte Gueto, Sarau Honestino Guimarães, Sa­rau Goiânia Gueto, Mostra de Cul­tura Periférica, Girando com Hip Hop, Encontro Rap & Poesia Fa­lada e Mergulhando no Hip Hop.

O rapper fala um pouco sobre seu som e a mensagem que ele car­rega: “Meu som, rap undergrou­nd, tem influências do funk raiz, rock, cantigas de capoeira, brea­kbeat, embolada e poesia falada. Minhas letras são de protesto, mas são dançantes. Minha abordagem são as temáticas relacionadas a in­justiça social, igualdade étnica ra­cial, juventude, crianças e adoles­centes, empoderamento feminino, cultura popular e arte urbana”.

MANA BLACK

Mana Black é uma artista inde­pendente que, através do rap, re­presenta em suas músicas autorais a resistência e representatividade da mulher negra, “contra qualquer tipo de opressão social, como o machis­mo e o racismo”. A artista começou a cantar em 2017 e possui cinco músi­cas autorais, quatro delas já tiveram videoclipes produzidos.

“Na música Manas de Poder cito a união, resistência e militân­cia entre as mulheres. No meu úl­timo videoclipe Noticiário abordo o tema feminicídio, que expres­sa como nós mulheres já estamos cansadas de ver e ouvir notícias to­dos os dias da violência que sofre­mos por conta de uma sociedade machista,” ela explica.

A rapper já se apresentou em di­versas atividades culturais em Goiâ­nia, como Batalha da Freecção na UFG, Batalha da Norocity, Sesc, So­far Goiânia, Evoé Café com Livros, Diablo Pub, Roxy, Chorinho no Grande Hotel, Galpão Complexo Criativo e Sarau da Bal. Mana Black também subiu no palco e cantou sua música Machistas não passa­rão no show da Karol Conka no Co­nubes (Congresso da União Brasi­leira de Estudantes Secundaristas).

 

 VOZES DO HIP HOP

Local: Cine Ouro – Centro

Data: 23 de setembro

Entrada Free

 

PROGRAMAÇÃO:

14h: Roda de Conversa sobre a Diáspora Africana (mediação: Lucilene Vitório e Dilmo Luiz)

14:40h: Discotecagem (DJ Berimbau, DJ Jean, DJ Lú Santos)

15h: Sarau Cultural com microfone aberto:

Felipe Flexa/Smith Odelic (dança)

Kesley (teatro)

Patricia Soares (contação de história)

Paulo Vitória (teatro)

17h: Discotecagem

18h: Microfone Aberto

19h: Pocket’s Show’s: Mana Black, Dvolt e Familia Inc

20h: Discotecagem

21h: Show Principal: Boca Seca

Haverá exposição de discos, revistas e outros materiais relacionados à cultura hip hop durante o evento

Mestre de Cerimônia: Black Cia.

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