Resistência e outras formas de ação coletiva são mote do livro de Judith Butler
Redação
Publicado em 15 de junho de 2018 às 00:16 | Atualizado há 7 anosPrimavera árabe, protestos do Parque Gezi, em Istambul, Occupy Wall Street, manifestações de junho de 2013 no Brasil. Episódios como estes têm renovado o interesse de estudiosos e ativistas sobre as particularidades das assembleias públicas e suas possibilidades de serem fonte tanto de esperança quanto de medo. A reunião de grupos de maneira repentina, suas formas e efeitos são também tema do novo livro de Judith Butler.
Uma das mais importantes filósofas norte-americanas contemporâneas, Butler busca compreender as funções das assembleias públicas improvisadas e também questionar as posições sobre o que é “público” e quem é considerado “o povo”. Uma das abordagens é a maneira como as forças presentes na luta são nomeadas.
“Algumas vezes um movimento é considerado antidemocrático, até mesmo terrorista, e, em outras ocasiões ou contextos, o mesmo movimento é entendido como um esforço popular para a concretização de uma democracia mais inclusiva e substantiva”, argumenta.
Os primeiros capítulos da obra se concentram nas formas de assembleia que presumem modos de pertencimento e ocasiões de manifestações políticas em locais específicos, enquanto os últimos capítulos se perguntam se as formas de obrigação ética se sustentam entre aqueles que não compartilham um sentido de pertencimento geográfico ou linguístico.
Corpos em aliança e a política das ruas retoma ainda uma das principais questões levantadas por Adorno: a dificuldade de encontrar um modo de perseguir uma vida boa num contexto de um mundo estruturado pela desigualdade, pela exploração e pelas formas de apagamento.
Trecho: se considerarmos por que a liberdade de assembleia é diferente da liberdade de expressão, veremos que é precisamente porque o poder que as pessoas têm de se reunir é […] uma importante prerrogativa política, bastante distinta do direito de dizer o que quer que tenham a dizer uma vez que as pessoas estejam reunidas. A reunião significa para além do que é dito, e esse modo de significação é uma representação corpórea concertada, uma forma plural de performatividade.
Judith Butler nasceu em 1956, em Cleveland, nos Estados Unidos. É professora no Departamento de Literatura Comparada e Retórica, na California University, em Berkeley. Publicou pela Civilização Brasileira Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (2003) e Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? (2015).
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