Sennett redefine a ideia de espaço urbano
Redação
Publicado em 14 de julho de 2018 às 23:32 | Atualizado há 7 anosUm dos mais importantes intelectuais contemporâneos, Sennett já alertou para as consequências de uma sociedade que valoriza cada vez mais o individual em detrimento do coletivo. Em Costruir e Habitar , fim da trilogia Homo faber — iniciada com O artíficee Juntos —, ele debate os efeitos para as cidades; e analisa como podemos construí-las priorizando o convívio e a troca de experiências. Algo que o sucesso dos co-works já sinaliza.
Aqui, Sennett disseca a influência da arquitetura e do design urbano no modo como nos relacionamos com as pessoas. Sempre insistindo na noção de que a cidade é um lugar para cultivar a diferença, criar fricção; e lembra que apps como Google Maps tornam as metrópoles muito “amigáveis” muito livres das tensões necessárias para o desenvolvimento humano. Afinal, perder-se tem sua importância.
Pessoas no século XVIII tinham mais possibilidade de trocar opiniões com estranhos de outras classes sociais do que temos nos dias de hoje. Cada vez mais, nos encastelamos em comunidades habitadas somente por iguais, num arremedo das timelines das redes sociais. Sennett rejeita veementemente projetos que corroborem esse modelo, sejam condomínios fechados para as classes abastadas ou conjuntos habitacionais.
Da antiga Atenas até a tecnológica Xangai, o autor analisa como surgiram os primeiros boulevards, projetados para substituir os becos medievais, onde a plebe se entrincheirava — semelhantes a muitas comunidades em países subdesenvolvidos; avalia, ainda, os grids de Barcelona, as esquinas chanfradas, projetadas para se tornarem pontos de encontro; e, também, o Central Park, um espaço democrático, para os mais diversos públicos. Três modelos replicados mundo afora.
Construir e Habitar divide a cidade em corpo e alma; como as metrópoles são construídas e como as pessoas vivem nelas. E se torna um instrumento indispensável para se pensar a vida em comunidade no século XXI.
Richard Sennett é professor de urbanismo na London School of Economics e em Harvard, e membro do Centro de Capitalismo e Sociedade da Universidade de Columbia. Por trinta anos, trabalhou para as Nações Unidas coordenando projetos que servissem de guia para o desenvolvimento urbano no século XXI. É autor de O artífice, Juntos, O declínio do homem público, A corrosão do caráter, Carne e pedra, Autoridade e A cultura do novo capitalismo, todos publicados pela Editora Record.
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