Sobre experiências psicodélicas

Você conhece Johnny Al­len? Considerado um dos músicos mais influentes do rock de sua geração, portan­do o nome de Jimi Hendrix, foi responsável por vários avanços na arte da guitarra. Ele desenvol­veu a técnica de microfonia (até então indesejada pelos guitar­ristas) e popularizou o efeito do pedal “wah-wah”, característica marcante do seu som.

The Jimi Hendrix Experience era o nome de sua banda. Com ela lan­çou em menos de dois anos os três discos que compilariam o registro de uma carreira curta e brilhante. Os álbuns são hoje considerados clás­sicos imortais do rock: Are You Ex­perienced (1967), Axis: Bold as Love (1967) e Eletric Ladyland (1968).

Há boatos que se você pas­sar dos 27 uma vida de loucuras não pode mais te matar. Essa foi a idade que esse gênio da músi­ca deixou o mundo, no ano de 1970. Curiosamente outros dois músicos de importância inesti­mável para a cena musical dos anos 60 morreram na mesma época, em um curto período de tempo, também com 27 anos. Ja­nis Joplin também em 70, e Jim Morrison, em 1971. O clube in­clui ainda Kurt Cobain, Amy Wi­nehouse e Brian Jones.

O COMEÇO DE TUDO

Hendrix era uma mistura de índios cherokee, negros e in­dianos. Seu interesse pela mú­sica surgiu quando ele encon­trou um ukulele (instrumento acústico de cordas) em meio à sucata. Na época ele trabalhava com o pai na retirada de sucata. O instrumento estava degrada­do, e possuía apenas uma cor­da, mas foi o suficiente para des­pertar sua curiosidade.

Meses depois ele compraria um violão, e antes dos 18 anos já tocava em várias bandas da cidade de Seattle até ser toma­do pelas forças armadas. Alis­tou-se ao exército dos Estados Unidos junto à 101ª Divisão Ae­rotransportada (101st Airborne Division), servindo à corpora­ção por cerca de um ano, quan­do foi dispensado por ter que­brado o tornozelo durante um salto de paraquedas.

Hendrix conseguiu ser dis­pensado do exército depois de ter dito numa visita ao serviço psiquiátrico que estava apaixo­nado por um de seus coman­dantes. Apesar de ter buscado meios de se livrar do exérci­to, Hendrix gostava de saltar de paraquedas, e mais tarde revelou que “o som do ar assobiando no paraque­das era uma das fontes de inspiração para o som espacial na guitarra”.

PSICODELIA E BLUES

Jimi era pura onda lisérgica, transporta­va suas ácidas via­gens de LSD para sua música. Outras drogas também en­travam em seu re­pertório, como o haxixe, anfetami­nas e heroína. Para ele, o que destruía a mente não eram esses artifícios quí­micos, considerava o dinheiro e as institui­ções “viagens” muito mais destrutivas.

Hendrix era inova­dor em questão de esti­lo, tanto no som quanto no visual. O cara tocava gui­tarra com os dentes como a maioria não faria com quatro mãos. Sobre suas roupas, mon­tava suas produções com peças femininas. Ele vivia, tocava e ves­tia a psicodelia.

O disco de estreia da banda Jimi Hendrix Experience, intitu­lado Are You Experienced, foi lan­çado em 1967, até hoje conside­rado um dos melhores álbuns de estreia de todos os tempos. O ál­bum foi catalogado pela revis­ta Rolling Stone como o 15º mais importante da história da mú­sica. No mesmo ano foi lança­do o segundo disco, Axis: Bold as Love, que conta com canções como Little Wing e If Six was 9, até hoje bastante cultuadas por fãs de rock psicodélico clássico.

A terceira produção da banda veio com um ar mais conceitual. O álbum duplo Electric Lady­land, de 1968, tinha uma sono­ridade mais variada e experimental, que pas­seava por vários gêneros explo­ráveis pela guitarra, e incluindo longas seções de blues, como na canção Voodoo Child, de mais de 10 minutos. O disco inclui uma regravação de All Along the Watchtower, de Bob Dylan, que é considerada por muitos o me­lhor registro de Hendrix.