Sobre o voto nulo
Diário da Manhã
Publicado em 4 de outubro de 2018 às 05:26 | Atualizado há 6 anosDizem que um dos aspectos que define a função do bom cientista social é o esclarecimento de dúvidas cotidianas dentro da sociedade. E este esclarecimento deve ser balizado, postula assim um certo senso comum sociológico, por algum grau de distanciamento, ou “isenção”. Pois bem, tentarei fazer as vezes neste papel.
É um mito muito difundido entre as pessoas que votos brancos e nulos seriam transferidos ao primeiro colocado das eleições. Na verdade isso é uma simplificação grosseira que mais confunde do que ajuda a entender o processo.
O que acontece é que, para fins de eleger alguém interessam apenas os chamados “votos válidos”. Ou seja, os votos brancos e nulos, por serem desconsiderados, acabam favorecendo quem está na frente não por serem “transferidos” para este candidato, mas porque, indiretamente, não vão para nenhum outro.
Em miúdos, se você é um dos descrentes com a política que com todo direito gostaria de manifestar seu repúdio por meio da anulação do voto, entretanto ao mesmo tempo entende que o Bolsonaro é uma ameaça iminente à nossa sociedade, não precisa fazer campanha, nem declarar opção de voto, mas, ao fim do dia, escolha algum candidato qualquer, pois assim você não o estará indiretamente ajudando. O voto é secreto e pode ficar só contigo.
E se você vota no Bolsonaro, ajude-o. Como eu disse, os votos brancos e nulos favorecem (ainda que indiretamente) o primeiro colocado, portanto anule seu voto, que estará assim ajudando a elegê-lo.
(Ian Caetano é formado em Ciências Sociais pela UFG, mestre em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos do Rio de Janeiro e doutorando pela mesma instituição)
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