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Zé Rodrix ressurge em biografia

Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 00:20 | Atualizado há 2 semanas

Zé Rodrix foi um multi­-artista e tinha o dom de estar em muitos lu­gares ao mesmo tempo. Na banda Momento4, aos 19 anos, acompanhou Edu Lobo na vi­tória de Ponteio, no Festival de Record de 1967. Com a len­dária Som Imaginário, cria­da inicialmente para acom­panhar Milton Nascimento, foi protagonista do flerte da MPB com o rock progressivo. No trio com Sá e Guarabyra fundou o estilo que seria cha­mado de Rock Rural. Com a gravação de Elis de Casa no Campo, estourou em todas as paradas e teve uma car­reira solo de enorme sucesso. Num dado momento, como se entenderá nas páginas do li­vro, parou tudo. Houve mui­tos Zé Rodrix, antes e depois disso. Compositor, multi-ins­trumentista, publicitário, es­critor, ator, gozador, maçon, cozinheiro, era na verdade um grande inventor de histórias– um “fabuloso fabulista” que tem agora sua história revela­da na biografia escrita por To­ninho Vaz e publicada em co­edição pela Editora Olhares e Caravela Filmes.

A publicação faz um check­-up geral na trajetória produti­va, provocadora e cativante do artista. A sólida formação mu­sical – atributo que moldou sua carreira – teve início ao rece­ber as primeiras noções musi­cais de seu pai. No Conservató­rio Musical do Rio de Janeiro e na Escola Nacional de Música, estudou teoria musical, har­monia e contraponto, piano, acordeom, flauta, saxofone e trompete. A trajetória artística se iniciou no Colégio de Aplica­ção da UFRJ, onde fundou um grupo de teatro no qual exer­cia as funções de ator, diretor, cenógrafo e compositor de tri­lhas sonoras. O livro conta ain­da, com detalhes, os desdo­bramentos dessa empreitada na primeira atividade artísti­ca profissional, como ator, ain­da na época escolar, quando se tornou um dos mais ativos membros do emergente Teatro Tablado, no Rio.

ROCK RURAL

A versatilidade musical tor­nou Zé Rodrix uma figura ba­silar nos grupos de que parti­cipou. No Momento4, na Som Imaginário, no trio Sá, Rodrix e Guarabyra, ele compunha e tocava instrumentos diversos. A consagração na música se deu com a gravação de Casa no Campo por Elis Regina, em um compacto lançado pouco depois dele ganhar com a mesma músi­ca o IV Festival de Música Popu­lar Brasileira de Juiz de Fora, em 1968. A versão de Elis também apareceria em seu LP do ano se­guinte, 1972, e foi posteriormen­te apontada pela edição brasilei­ra da revista Rolling Stone como a 93ª Música Brasileira Mais Im­portante de Todos Os Tempos.

Num dado momento, Zé Ro­drix parou tudo. Se retirou do mercado fonográfico por deci­são própria, direcionou seu ta­lento para o jingle publicitário (e mil projetos mais) e foi um dos grandes do Brasil nessa se­ara. Ainda ingressou na maço­naria e escreveu uma trilogia de fôlego, onde misturou, em 1.400 páginas, fatos reais e fic­ção, abordando a fundação da maçonaria na época do Rei Sa­lomão, ano 1.000 a.C. Demons­trou também uma afiada verve literária.

Isso tudo seria pouco para a personalidade inquieta des­se artista brasileiro, que dá o tom do livro. Craque na criação de jingles, conquistou impor­tantes premiações internacio­nais através da sua produto­ra A Voz do Brasil. E manteve a atividade de arranjador, pro­dutor e compositor de trilhas, coisas do arco da velha como o inesquecível solo de teclado Moog (e arranjo) da música Fala, do grupo Secos e Molha­dos. Integrou ainda o grupo Joelho de Porco, ícone do esti­lo punk-rock-humor brasilei­ro, e participou do Festival dos Festivais em 1985, ganhando o prêmio de melhor letra pela música A Última Voz do Brasil.

A biografia do multiartista, foi inspiração para a criação do documentário O fabuloso Zé Rodrix, pela Caravela Filmes, com direção de Leonardo Cor­tez e roteiro do autor Toninho Vaz. Em finalização, o filme re­vela os principais momentos da vida e da carreira do músi­co através de depoimento de familiares, amigos e colegas de profissão.

SOBRE O AUTOR

Toninho Vaz, nome artísti­co de Antônio Carlos Martins Vaz (Curitiba, Paraná, 2 de ou­tubro de 1947), é um jornalis­ta, roteirista, escritor e bió­grafo brasileiro. Publicou seus primeiros textos – sobre ci­nema – como colaborador do suplemento cultural do Diá­rio do Paraná, aos 21 anos. No Rio de Janeiro foi repórter da revista IstoÉ e colaborador da Revista de Domingo, do Jor­nal do Brasil. Publicou artigos e reportagens em diversas re­vistas nacionais: Fatos & Fo­tos, Manchete, Pasquim e jor­nal Nicolau.

Na televisão, atuou no Jor­nal da Band e como editor de texto na Rede Globo de Tele­visão em telejornais e progra­mas semanais como: Jornal Nacional, Globo Esporte e Fan­tástico, onde atuou por mais de cinco anos. Foi editor e pro­dutor na rede norte-america­na CBS Television. Editor e re­dator em várias publicações da Fundação Darcy Ribeiro, e é autor das biografias de Pau­lo Leminski, Torquato Neto, Darcy Ribeiro, Santa Edwi­ges e Luiz Severiano Ribeiro. Publicou em 2011, depois de três anos de pesquisa, o livro Solar da Fossa, um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias, com prefá­cio de Ruy Castro, edição es­gotada.

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