A Água
Diário da Manhã
Publicado em 23 de março de 2017 às 02:33 | Atualizado há 8 anosOs mais antigos filósofos gregos já afirmavam que tudo provém da água. A ideia de que tudo se originou da água, inclusive, a vida, já era defendida por Thales de Mileto, há 2.500 anos.
Aristóteles que viveu de 384 a 322 a.c. e outros anteriores a ele, acreditavam que o mundo era formado de apenas 4 elementos: o fogo, o ar, a água e a terra. A água para eles era um corpo simples, primário, não podendo ser decomposto em substâncias mais elementares. Essa ideia prevaleceu durante mais de 2.000 anos, até o século XVIII de nossa era.
Em 1781 Joseph Priestley, químico e teólogo inglês, em suas experiências conseguiu sintetizar a água por combustão do hidrogênio, mediante aquecimento até alta temperatura da água.
O francês Antoine Laurent Lavoisier nessa mesma época demonstrou que a água era composta de dois elementos químicos: o hidrogênio e o oxigênio, sem, contudo, indicar a proporção desses elementos na sua composição.
Em 1.805 outro francês, Louis Joseph GayLussac e o prussiano Alexandre Von Humboldf verificaram que a proporção entre um e outro, na molécula da água era de 2 para um, o que conduziu, finalmente, à fórmula H2O.
Em todos os tempos a água constituiu a matéria predominante em todos os corpos vivos. Não somos capazes de imaginar tipo de vida em sociedade e fora dela que dispense o uso da água: água para beber e cozinhar, para higiene do lar e das cidades, para uso industrial, irrigação, geração de energia, navegação, recreação, etc.
Apesar disso ela não recebe a atenção que merece. Talvez por ser muito abundante na natureza ela se tornou um elemento considerado banal que sua presença, embora absolutamente indispensável, não nos chama muito a atenção.
A origem da água na terra:
Duas hipóteses são admitidas para explicar a presença da água na terra:
A primeira baseia-se no aprisionamento pelo planeta, de um grande número de cometas, os quais são formados principalmente de gelo e poeiras cósmicas. Tais cometas tiveram sua origem fora do sistema solar, a partir de nuvens de poeira e partículas de água no estado sólido. Grande número deles teria sido atraído para dentro do sistema solar graças à força gravitacional dos planetas de grande massa, como Júpiter e Saturno.
De quando em quando alguns deles passam muito próximo de um planeta, vindo as vezes a chocar-se com a sua superfície em consequência de sua força gravitacional. Isso teria originado em épocas mais primitivas do sistema solar em formação, um verdadeiro bombardeio dos planetas com os núcleos de gelo dos cometas.
Esse bombardeio coincidiu com um certo grau de arrefecimento, permitindo já que a água neles contida não mais se desintegrasse, permanecendo prisioneira no sistema solar. Foi o que provavelmente aconteceu na terra.
A segunda hipótese liga-se à própria formação do nosso planeta. De acordo com as teorias mais modernas a terra e os demais planetas e satélites se formaram a partir de uma massa de poeira cósmica que constituía uma espécie de anel em torno do sol, o qual teria sido um dos primeiros núcleos dessa matéria cósmica. Nesse disco de poeira, as partículas de matéria chocando-se uma com as outras começaram a formar corpos maiores, como em um processo de coagulação. Os aglomerados que atingiram um tamanho grande, passaram a atrair, por força de sua massa gravitacional, um número cada vez maior de partículas, que cresceram rapidamente, constituindo os planetesimais.
Os choques entre os inúmeros planetesimais, resultaram corpos de imenso volume, os planetas primitivos, que continuaram a receber bombardeios de corpos e tamanhos variados, nos seus movimentos. Esses corpos liberaram suas moléculas de água sob forma de vapor, na superfície do planeta, seja no momento do impacto de novos corpos, seja depois, através da atividade vulcânica.
Nesse período de bombardeio intenso, a temperatura da terra tornou-se muito elevada, em consequência da própria energia liberada nos impactos. Posteriormente porém, sua superfície foi passando por um resfriamento progressivo, permitindo a condensação do vapor na forma líquida.
Planetas próximos ao sol tendem a evaporar água e sendo pequenos, como Mercúrio e Marte ou a própria lua, não possuem força da gravidade suficiente para reter esse gás. A existência de água na terra se deve cientificamente a uma feliz relação entre sua massa e a sua distância do sol.
Nosso planeta possui um volume de 1 trilhão de km³. A água tem um volume de 1,3 bilhões de km³, cobrindo ¾ da superfície e integrando também a atmosfera.
A água apresenta a seguinte discriminação, de acordo com as mais recentes avaliações:
-água salgada—-95,5% = 1,3×0,955x1018m³
-calotas polares e geleiras—-2,2% = 1,3×0,022x1018m³ = 2,86x1016m³
-água doce —-2,3% = 2,99x1016m³
Dos 2,3% de água doce, a maior parte encontra-se no solo e subsolo, outra parte está nos lagos e pântanos e o restante encontra-se na atmosfera e nos rios.
A água, entretanto, não se acha distribuída uniformemente por todo o planeta: uma parcela muito pequena cabe à Austrália. Na África e na Europa a água não é também muito abundante, embora cada uma possua o dobro da água que existe na Austrália. A América do Norte possui o dobro do volume de água da África. As regiões do globo mais favorecidas são a Ásia e a América do Sul, sendo que nesta última só o Rio Amazonas despeja uma vazão anual no Oceano Atlântico de 6 trilhões de m³.
O Brasil é um dos países mais ricos em água do mundo, possuindo 12% do estoque mundial de água doce. Também em nosso País não há uma distribuição uniforme de água. O uso inadequado das riquezas naturais se encarrega de transtornar mais ainda a vida de muitos no que diz respeito à falta de água. Rios perenes às vezes secam por causa das queimadas e dos desmatamentos.
Cidades como Recife em Pernambuco aparecem nos jornais com notícias tristes e alarmantes com a água faltando em bairros centrais e periféricos durante vários dias por mês, apesar das grandes represas como Tapacurá. As estatísticas mundiais noticiam a falta de água em muitas regiões do mundo. E a própria ONU adverte que se o mundo continuar neste caminho predatório da natureza, em 50 anos a vida se tornará impossível para a espécie humana, sobretudo por falta da água. E ainda mais, até o ano 2025, a falta de água potável afetará metade da humanidade. Em Goiânia temos o Meia Ponte. Então, vamos preservá-lo.
(José Ubaldo Teles, chefe de gabinete da Saneamento de Goiás – Saneago)
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