A árvore milagrosa
Diário da Manhã
Publicado em 17 de abril de 2016 às 02:23 | Atualizado há 9 anosCorria o ano de 2001 quando mais um fato curioso chamou a atenção dos moradores de Gurupi, no Estado do Tocantins e reacendeu a chama da fé e da esperança no coração de muita gente.
Uma velha árvore no canteiro central da avenida Mato Grosso com a rua 2, e que estava com boa parte de sua galhada seca, de uma hora para outra, começou a jorrar água por meio de um buraco em seu tronco.
Tal “fenômeno” foi visto por muitos como um verdadeiro milagre. Não faltou quem se ajoelhasse aos pés da árvore para fazer uma prece e solicitar uma graça. Afinal, para quem tem fé, a esperança é a última que morre.
As pessoas chegavam de tudo que é canto da cidade. Algumas, traziam até garrafas para levar para cassa aquilo que consideravam como “líquido milagroso”. Outras, juravam que depois de terem tomado dessa água, tinha ficado curadas de alguma enfermidade.
Dezenas de pessoas passavam os dias a observar a tal árvore que derramava água em abundância e já estava sendo apontada como milagrosa.O reboliço estava grande. Teve até quem acendeu algumas velas no local.
Até o meu compadre, Bené de Sena, que sempre se destacou por seu espírito empreendedor, mas que naquele momento se encontrava sem serviço, me confidenciou que pretendia engarrafar um pouco dessa água para vender bem baratinho na feira central da cidade.
Em cima do padrão de energia elétrica de algumas casas, era possível ver garrafas pet, contendo a água coletada do buraco da árvore. Tudo para que, milagrosamente, a conta da energia elétrica baixasse pelo menos, um pouquinho.
Três dias depois do ocorrido, chegam ao local dois operários da companhia de saneamento. Eles pediram às pessoas para que se afastassem um pouco e, sem cerimônia alguma, começam a cavar no asfalto. Enfrentaram até protestos por causa disso. Mas como os operários estavam alí para trabalhar, realizaram o serviço, consertando o vazamento na tubulação da adutora e em seguida, foram embora.
E foi assim, como um milagre, que a água parou de jorrar da árvore. As pessoas se afastaram silenciosamente do local e ninguém mais falou sobre esse assunto.
(Zacarias Martins é escritor e jornalista, autor de vários livros e titular da Academia Tocantinense de Letras. E-mail: zacamar[email protected]
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