A caótica era Temer e a sucessão presidencial
Diário da Manhã
Publicado em 6 de setembro de 2018 às 23:07 | Atualizado há 6 anos“Temer deixará Orçamento de 2019 estrangulado para o novo presidente”. A manchete da Folha de São Paulo do dia 1° deste mês retrata com grande eloquência o caos a que o golpe civil de 2016 levou o Brasil. Sucedessem diariamente os fatos a retratar nosso país como terra arrasada após a ascensão do que há de pior na política brasileira ao governo da nossa República. Há poucos dias o “governo” presidido por Michel Temer enviou mensagem ao Congresso Nacional projeto de lei concedendo aumento se não me engano de 15% aos servidores federais. No dia seguinte enviou matéria pela qual retirava a proposição. Poucos dias após Temer remeteu para a Câmara dos Deputados proposta de concessão de aumento para o Judiciário, mas com exclusão dos demais servidores. No último dia 2 a Folha de São Paulo, no caderno Mercado estampava esta manchete: “Governo Temer termina marcado pelo pior ciclo de crescimento em cem anos”. No texto da matéria encimada por esta manchete temos este trecho: “Quando a projeção é feita para a década, o quadro se torna pior, porque o ano de 2010 – quando o país cresceu 7,5% – sai da conta. “Estamos vivendo um fato inédito na história brasileira, uma catástrofe econômica”, diz David Kupfer, professor de economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)”.
Infelizmente desalentador é o quadro oferecido pelas perspectivas da sucessão presidencial. Temos até agora uma apática campanha em que o candidato à frente nas pesquisas eleitorais se demonstra de absoluta incompetência. Jair Bolsonaro não tem estofo intelectual ou cultural para almejar a presidência da República. Impressionante o seu despreparo e chocantes as suas propostas. Mas lidera as pesquisas, embora com apenas 22% das intenções de voto. Em segundo lugar estão Ciro Gomes e Marina Silva empatados com 12%, ou seja, dez pontos abaixo de Bolsonaro. O ex-governador cearense tem se conduzido muito bem nesta campanha, pois o seu brilho intelectual é marcante. Mas o insucesso dele nas duas últimas eleições presidenciais parece desfavorecê-lo. Marina também não está a empolgar. Um candidato respeitável pela sua história, o ex-governador do Paraná, Alvaro Dias, não deslancha. Surpreendente até aqui o fraco percentual alcançado por Geraldo Alckmin. Ex-governador de São Paulo e candidato de um partido forte como o PSDB, decepcionam os 9% com que aparece nas pesquisas.
O cenário da sucessão presidencial é, portanto, entristecedor, pois em contraposição à situação política e econômica caótica do Brasil, o desejável seria a perspectiva de um futuro presidente representativo da esperança e da confiança populares.
(Eurico Barbosa é escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal à sextas-feira. E-mail: eurico_barbosa@hotmail.com)
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