Opinião

A consciência política da polícia

Diário da Manhã

Publicado em 1 de abril de 2017 às 01:47 | Atualizado há 8 anos

A decisão do governo federal em retirar os funcionários públicos Estaduais da reforma administrativa atende a uma estratégia prática: diminuir a pressão sobre o congresso o que poderia inviabilizar o projeto. Mas há também, para o governo federal, uma vertente meramente política: Michel Temer percebeu que estava sendo, sozinho, o vilão da causa enquanto governos estaduais e municipais saiam ilesos como se nada tivessem com o assunto. Para os funcionários, a coisa toda muda de figura: a disputa por preservar conquistas vem para o quintal de casa e nada que fora combinado vale agora. Se por um lado isto é bom, já que facilita a mobilização, por outro é ruim, pois, todos sabem, é comum a subserviência da Assembléia ao Governo central o que significa dizer que o que o governo propor isto será feito. A mobilização pode servir para manutenção de privilégios, dirão alguns, mas não é só isto: serve também para evitar danos à carreiras estabelecidas o que as exterminaria. Este deve ser a maior motivação tanto para a mobilização, quanto para a vigilância de quem paga impostos.

No caso das Policias Militares não se desejou manutenção de privilégios. Ao contrário: o que se quer é o reconhecimento da condição de militar que sempre nos penalizou. O policial militar detém apenas alguns dos direitos trabalhistas garantidos constitucionalmente. A condição de militar nos afasta direitos básicos tais como fundo de garantia, adicional noturno, seguro desemprego, etc. Se temos todas as restrições dos militares federais, porque não teríamos os mesmos direitos? Esta pergunta é que tem sido feita recorrentemente em nossas manifestações e precisamos divulga-las para que a população entenda qual a reivindicação das PM do Brasil. Neste diapasão é que tem surgido um movimento de organização política das instituições, no intuito de defender não só seus interesses, mas ainda os interesses sociais.

Em Goiás, a PM tem como representante um deputado já de segundo mandato  que tem lutado pela classe. Por ser única oposição visível ao governo, pouco consegue. Por isto mesmo a necessidade de nos organizarmos e fazer não um, mas dois ou três deputados Estaduais, um Federal e, porque não, termos nosso candidato ao senado e ao governo. O movimento da PM não é de oposição a ninguém. Ao contrário: é um movimento a favor de uma classe que se viu desprestigiada até o momento. Mas também, não é só isto.

As associações militares do Brasil, tem se juntado em torno do Termo Circunstanciado de Ocorrência, o TCO. A força política das PM poderão levar adiante projetos como este, e muito mais. Não se trata de um projeto que beneficie os membros da Corporação. Pelo contrário, nos onera. Será uma atividade a mais que teremos que desemprenhar. Este projeto beneficia o cidadão que paga imposto e, eventualmente, necessita da Policia. Com o TCO, o primeiro policial que atender a um chamado, seja via 190, por celular ou até mesmo de forma presencial, poderá e deverá dar o deslinde ao procedimento, conforme espera a população. Com isto, muitas das ocorrências serão resolvidas em loco o que sana o problema, dá satisfação e libera o policial para novos atendimentos. Celeridade é o sobrenome do TCO.

O militarismo por muito tempo foi vendido como o mal do século por uma esquerda medieval que pregava sair do militar tudo de ruim que se pode produzir em uma sociedade. Passado o tempo e revelado os verdadeiros interesses da esquerda, pôde-se perceber o verdadeiro sentido de ser militar. Ser militar é ser submisso às leis, é respeito a princípios cívicos e defender interesses soberanos da nação que nada mais é que os interesses do cidadão. Maior prova do compromisso e capacidade da gestão militar hoje, são os Colégios Militares que se estabeleceram, fizeram história e caminha para substituir a Secretaria de Educação do Estado. Não que a Educação não dê conta. Mas por terem lhe suprimido o respeito e disciplina, a militarização tornou-se seu único caminho num terreno em que a esquerda fez seu ninho.

Os militares tem se mostrado agora porque já não há mais como ficar contido nos muros da caserna. Além do mais, já não nos pesa uma culpa que não é nossa. Somos fruto de uma sociedade democrática e ordeira como outro qualquer. Se houve excessos durante a ditadura, que devem ser repudiados, houve também avanços inegáveis e segurança da qual só nos resta saudade.

O motivo desta dissertação é duplo: revelar o que motiva as polícias do Brasil, principalmente o interesse social e, por fim, sugerir que se preste atenção no que há por vir nas próximas eleições. Precisamos expurgar a velha política de oportunistas e carreiristas, mas também precisamos identificar se há algo de verdadeiramente novo surgindo no ar. E o novo é o compromisso de servir não por dinheiro, mas por convicção. Mesmo com o risco da própria vida.

 

(Avelar Lopes de Viveiros, cel. RR da PMGO)

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