A derrota já bate à porta
Diário da Manhã
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 03:14 | Atualizado há 6 anosMarconi entrou em desespero. A derrota bateu à sua porta. Ele vai perder a eleição. E vai perder para Jorge Kajuru. É o que as pesquisas vem mostrando. Enquanto ele desce, Kajuru vai subindo. Na última terça, em uma entrevista à Rádio Sucesso, partiu para o agressão verbal contra o vereador-radialista. Foi um festival de vitupérios, de insultos grosseiros, de desaforos vulgares contra o candidato,
Transcrevo alguns trechos:
“Ele é o rei da farsa, o rei da tapeação. Ele não é doido nem psicopata como alguns acham. Ele é o rei da malandragem, o pior mau caráter que eu já conheci na vida, o pior canalha, ele é o cara que mente para ele mesmo e acredita na mentira”.
“Ele não vai roubar, ele já rouba. Quem vivia pedindo dinheiro pro Cachoeira, mentindo que não recebe salário, mas recebe consignado da Câmara de Vereadores. Ele usa a estrutura da Câmara para fazer fake news em relação a mim e à Lúcia Vânia. Quem mente, rouba”.
“É aquele tipo de gente do faz o que eu mando, mas não faça o que eu faço. Ele deu uma entrevista dizendo o seguinte: ‘”o dia em que eu for candidato, não acredite mais em mim, porque eu vou ser ladrão, eu vou roubar da população”. Ele é um malandro que nunca trabalhou na vida, que não tem nada de doido nem de psicopata, é um mau caráter que as pessoas precisam conhecer, eu sintetizaria dizendo o seguinte: é um demônio vestido de anjo”.
Por muito menos, Marconi várias vezes processou Kajuru. O homem que tantas vezes defendeu sua honra com unhas e dentes, agora assalta a honra alheia sem a menor sem cerimônia. Este comportamento depõe contra o ex-governador. Onde a classe? Cadê a elegância? O que foi feito da fleugma britânica?
O problema de Marconi é que não tem quem o defenda. Ele há muito não tem mais companheiros de luta; tem lacaios, serviçais que o obedecem prontamente, mas não quebram lanças por ele. Dias atrás, Marconi foi torpedeado por uma denúncia aventureira do Ministério Público, que não deveria ter sido recebida pelo Juiz.
A propósito, esta semana a Segunda Turma do Supremo decidiu que denúncia baseada tão somente em delação premiada não deve ser aceita, tem que ser rejeitada de plano. Faz sentido: se a lei que rege a matéria estabelece que não se condenará ninguém com base apenas no depoimento de um delator, o mais razoável é que se a única prova que instrui o feito for uma denúncia solteira, tem esta que ser morta no nascedouro.
Feita a digressão, voltemos à vaca fria.
Eu dizia que Marconi não tem companheiros que o defendam. Onde está o candidato a suplente, o jurista Vilmar Rocha, que não emite uma só palavra em favor de Marconi quando este é atacado? Cadê o governador candidato, cuja candidatura foi imposta imperialmente por Marconi, que nunca diz uma palavra em favor do seu benfeitor?
Cadê os antigos secretários? Cadê os correligionários? Cadê a executiva do PSDB goiano?
Todos se acovardam. Ninguém quer se expor. Mas o pior mesmo são os escribas que estão no governo, ganhando polpudos salários para nada fazer. Nada fazer? Não. Minto. Eles fazem, sim. Eles ficam o dia inteiro redigindo, sob a forma de press releases, ataques rasteiros a Kajuru e a Caiado.
Inventam coisas, difamam, abusam do linguajar de esgoto no qual foram adestrados. Mas não assinam. Escondem-se atrás do clichê “Da Redação”. Não têm coragem de vir para o largo, para a polêmica aberta e franca. São piores que jagunços. São como sicários que atacam pelas costas, de tocaia, com o rosto coberto pela máscara “Da Redação”.
Marconi bem que os merece, pois sempre os prestigiou. Prefere ser adulado pelos eunucos da comunicação oficial a ombrear com companheiros de verdade, que luraram um dia ao seu lado. Companheiros que ele já perdeu. Marconi se acha, então, na contingência de se defender sozinho, fazendo-o da pior forma. Que ele não espere de João Bosco Bittencourt que faça algum artigo tomando-lhe as dores. João Bosco não segura em alça de caixão. Ele nunca fez e nunca fará. É delicado demais para a luta à luz do dia. De Eduardo Rech Marconi também não deve esperar uma única linha de solidariedade, pois o chefe do gabinete de imprensa do Governo do Estado nunca foi homem de enfrentamento. De Jarbas Rodrigues, o redator de notinhas que aconselha o governador-candidato, também não se espere empenho algum em favor de Marconi. Essa gente não é de briga.
O trio assombro que comanda a comunicação governamental e orienta a campanha de Zé Eliton prefere a tudo assistir de longe, no conforto do anonimato, ao trucidamento de Marconi. E, ao verem Marconi investindo às cegas contra seu opositor, passando recibo de derrota, apenas esperam para ver no que vai dar. Quem sabe aderir cinicamente ao vencedor. E eu, que nem eleitor de Marconi sou; eu que voto em Kajuru e Luiz César Bueno, tive que sair dias atrpas em defesa dele quando um juiz aceitou a denúncia do MP.
Os ataques destrambelhados de Marconi contra Kajuru não são reveladores apenas do medo da derrota, que vem vindo aí. É sobretudo o reflexo da imensa solidão do homem que até ontem foi o mais poderoso de Goiás, onde nem uma folha caía se não posse por vontade dele. Marconi está miseravelmente só, cercado por sua corte de puxa-sacos, ironicamente abandonado pelos que lhe são próximos. Os que outrora se batiam por ele, como ex-deputado Túlio Isaac , por exemplo, estão agora em outra trincheira, porque o desprestígio e o desdem tem limites.
Apesar disso, eles, os azuis, esperam pela “virada”, que não virá. Acreditam cegamente nas artes negras dos marqueteiros, essa gente que está derrotando o Tempo Novo e derrotando Daniel Vilella.
O céu escureceu, relampejou e trovejou, mas eles se recusam a crer que daqui a pouco vai chover, pois os marqueteiros garantem que vem aí uma onda azul. Voltarão para a casa encharcados.
(Helvécio Cardoso, jornalista)
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