A diferença entre fome e vontade de comer
Diário da Manhã
Publicado em 4 de março de 2018 às 00:14 | Atualizado há 7 anosA obesidade, doença que já atinge quase metade da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde, tem diversas causas. A relação entre a fome verdadeira e a simples vontade de comer é um desses fatores.
Isso porque devido à crescente incidência de males como ansiedade, estresse e depressão, muitos estão descontando todas as frustrações e problemas diários na comida e, consequentemente, ingerindo uma quantidade de alimentos bem maior do que organismo precisa para viver.
Isso acontece porque o desequilíbrio emocional pode gerar uma queda no nível de serotonina no organismo. Esse neurotransmissor, responsável pela sensação de bem-estar, é produzido pelo corpo quando açúcares são ingeridos.
Nestes casos, a pessoa come simplesmente para tentar preencher o vazio emocional e se sentir melhor. Já a fome verdadeira é bem diferente e resulta da necessidade fisiológica do organismo de obter nutrientes. E ela tem “sintomas” físicos bem definidos : o estômago ronca, e se não nos alimentarmos logo, pode ocorrer a dor de cabeça, que só vai passar depois que for feita a refeição.
Do ponto de vista psicológico, a ligação entre emoções e comida começa quando ainda se é bebê, muito antes de qualquer desequilíbrio químico no organismo.
O ato de mamar passa, então, a ser associado pelo bebê à sensação de afeto e proteção. Além dessa ligação, há também as lembranças que alguns alimentos despertam. Pode ser aquele bolinho de chuva da infância ou o peru de todos os Natais, quando os avós ainda estavam vivos.
Estímulos externos também podem despertar a vontade de comer sem que estejamos com fome. É o caso daquele cheiro de comida no corredor do prédio ou da pizza quentinha do delivery ao lado de casa.
Culpa
A vontade de comer que ultrapassa o limite aceitável e leva à obesidade é uma armadilha da qual é difícil sair. Ela gera um círculo vicioso de culpa e baixa autoestima que pode fazer a pessoa se afundar cada vez mais no mar de alimentos.
As emoções mal direcionadas levam o indivíduo a comer demais e à obesidade. Isso gera frustração, complexos, carência, solidão, isolamento intencional, enfim, ele se sente culpado por comer demais e come ainda mais para superar a culpa. Cria-se assim um circulo vicioso onde a principal vitima é ele próprio.
Isso tudo sem contar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, pressão alta e colesterol que a obesidade acarreta.
Para quebrar o círculo vicioso da comida, o tratamento ideal envolve uma equipe multidisciplinar que inclui médico, nutricionista e psicologos.
Uma alimentação balanceada ajuda muito na tarefa de identificar a fome quando ela vem. O ideal é comer de forma fracionada ao longo do dia, a cada três horas. A constância nos horários das refeições também ajuda o organismo a se “autorregular” e a comunicar quando a fome chega e qual o ponto em que o corpo está saciado.
Dicas para manter o foco na hora de comer
l Antes de começar qualquer dieta, tenha uma meta clara e definida em relação ao processo de emagrecimento e resultados esperados para se manter envolvido no processo. Se pergunte o que vale mais: a satisfação de comer uma batata frita no curto prazo ou ter corpo mais esbelto e sadio num futuro próximo?
l Comunique as pessoas de seu convívio sobre sua decisão de emagrecer e explique o método que escolheu. Isso ajudará você a receber apoio e suporte externo, caso passe por momentos de instabilidade durante o processo
l Antes de iniciar qualquer refeição, se desligue dos problemas e não leve sentimentos de raiva, tristeza e outras emoções negativas para a mesa. Não contamine o seu momento de equilíbrio e de saúde.
l Mantenha-se focado durante a alimentação, prestando atenção na montagem e organização do prato, nas cores e no cheiro da comida, assim como na mastigação e nos sabores. Aproveite cada instante para saciar todos os sentidos
l Durante a mastigação, observe os seus pensamentos mais comuns. Esse é um excelente momento para verificar se está substituindo suas carências afetivas pela comida
l Ao final de cada dia, faça uma breve revisão do que foi sentido e procure se recordar das emoções mais presentes, analisando o que de fato interessa guardar e “carregar” para o dia seguinte. Sobrecarregar-se sem necessidade pode gerar muita ansiedade e desconforto. A higiene mental diária pode ser a chave para manter o controle das emoções
l Parabenize-se pelas vitórias do dia, por cada hábito positivo que conseguiu implantar e por mais um degrau avançado rumo a meta
(Sônia Caixêta – Nutricionista especialista em Nutrição Clínica, emagrecimento e Fitoterapia Clínica e-mail: sonicaixe[email protected] instagram: caixetaso)
]]>