A freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas
Diário da Manhã
Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 23:21 | Atualizado há 7 anosO título é do livro-reportagem historiográfico do jovem Padre redentorista, Welinton Silva, fundamentado, principalmente, sobre a vinda dos padres redentoristas da Alemanha em 1894 e das freiras franciscanas, também alemães, em 1921. E, ainda, capítulos sobre a história e a política da época, pois Campinas se tornaria, com as suas terras, na futura capital do Estado.
Dos vários escritores que publicaram livros sobre Campinas (Campinha das Flores da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição), como José Mendonça Teles, com “Crônicas da Campininha”; Horieste Gomes, com “Memórias da Campininha” e “Lembranças da terrinha (Campininha)”; Antônio Moreira, com “Campinas 1810 nasce no cerrado a mãe de Goiânia” e eu, com “Campinas documentada, 1810 – 2010”, nenhum foi tão fundo, “secou o bagaço” sobre o tema, como o Pe. Welinton. Foi e voltou várias vezes ao fundo do poço. Para comentar sobre um livro a ser lançado não se deve falar somente das propriedades literárias e do autor. É de bom alvitre mostrar alguns textos do conteúdo do livro para que o leitor tenha interesse em conhecê-lo. É o que fazemos sempre, como agora:
“O município possue tres freguezias: Campinas, Bela Vista e Santa Cruz. Campinas, o local mais formoso de toda a província, está a 14 léguas de Bomfim , e 166 kilometros da capital, próxima ao vale do rio Meia-Ponte, numa vasta e pitoresca campina que lhe deu o nome e regada por um límpido ribeiro – o Cascavel. Foi fundada em 1810 por Joaquim Gomes da Silva Geraes, natural de Meia-Ponte, que ahi passou em direcção a Anicuns, onde ia em busca de uma mina de ouro recentemente descoberta. Tão magnífico pareceu-lhe o lugar, que ahi mesmo estabeleceu-se com os seus companheiros; em breve muitas famílias de S. Paulo e Minas para lá transportaram os seus lares”.
“Para Dom Eduardo, ‘Campinhas é um dos mais aprazíveis lugares de Goyaz; vasta é a planície, abundante e excelente a água, matas de primeira qualidade, de modo que presta-se para uma futurosa cidade, e talvez mesmo para a capital do Estado tão mal situada”.
”A certa altura da mensagem, o Capitão faz a seguinte consideração ao filho: ‘Vocês fizeram a República que não serviu para nada. Aqui agora, como antes, continuam mandando os Caiado’”.
“Em 31 de julho de 1894, o Governo Geral da Congregação Redentorista havia encaminhado à Província da Baviera (Alemanha) o pedido de envio de missionários ao Brasil. Assim nasce oficialmente a Missão Redentorista Bávaro-Brasileira, com a designação de 12 missionários””
“Quando chegou o dia da grande viagem (de Uberaba a Campinas), os alemães deram um espetáculo ao montar e trotear, desajeitados, em cima das suas cavalgaduras”.
“O percurso até Campinas durou 25 dias. Estes estrangeiros foram pioneiros na renovação e na romanização dos costumes religiosos no sertão de Goiás, vencendo a diferença do clima, do deslocamento de longas distâncias, a nova língua e alimentação”.
“Em 28 de agosto (1921), as religiosas franciscanas chegaram ao porto do Rio de Janeiro. Depois seguiram até o Santuário de Aparecida, em São Paulo, onde permaneceram para receberem mais aulas de português. Somente no dia 10 de outubro partiram para Campinas nos vagões da Estrada de Ferro de Goiás até a estação de Roncador, município de Urutaí. Continuaram a viagem de carro de bois até seu destino final com parada em Bonfim para pernoitarem… as franciscanas passaram ainda por Bela Vista e somente na tarde de 17 de outubro de 1921 alcançaram, exaustas da viagem, o seu destino”.
Início e o desenvolvimento da obra das religiosas alemãs foi fortemente marcado pelo espírito da pobreza franciscana. Residiram por primeiro em uma residência cedida pelo casal João Rita Dias e Júlia Duarte Dias… No começo as quatro irmãs brincavam leves e felizes. Conheciam muitas coisas mas não sabiam acender o fogo, nem catar gravetos e nem tirar água na cisterna. No esforço de se adaptarem aos nossos costumes, aprenderam a fiar e a andar a cavalo…”
“O fato teve o seu registro em 17 de março de 1922 quando o Revmo . Pe. Reitor mandou instalar o telefone em nossa casa e no Convento dos Redentoristas, que foi um grande benefício, porque, de então, podíamos pedir-lhe socorro”. “…Benefícios trazidos alemães a Campinas: 1) A casa dos padres era parada obrigatória a todos aqueles que demandavam à capital, ou o sul do Estado; 2) Construíram a nova Matriz, uma das mais majestosas do Estado em 1900 e o 2º cemitério; 3) Instalaram a primeira usina elétrica em Campininhas em 1921; 4) Editaram o primeiro jornal , também em 1921; 5) Promoveram a fundação do Colégio Santa Clara pelas irmãs franciscanas alemãs em 1922; 6) Instalaram o primeiro telefone do Estado em Campinas e Trindade (1924) a 100 réis a telefonada; 8) Introduziram a segunda bicicleta em Campininhas; 9) Instalaram o primeiro relógio de torre da Igreja.”
“Como era de praxe, por onde a Coluna Prestes passava eram reivindicados pela violência gêneros alimentícios extorsões de dinheiro e até a requisição de animais. Os moradores de Campinas não foram poupados e nem os redentoristas. Tiveram que desfazer dos seus animais…”.
“ O bom desempenho de Licardino Ney à frente (prefeito) do município de Campinas é destacado em correspondência do superior local dos redentoristas, Padre Conrado…”
“Na sessão do Congresso,, segundo Licardino o seu intuito era pedir a cada um dos prefeitos que lá se encontrava, o apoio indicando Campinas para a sede da futura capital do Estado”.
“… já havia uma preferência de Pedro Ludovico por Campinas… o jornalista (Joaquim Rosa) afirma que Ludovico teria ordenado: “Onde vocês escreveram Bonfim, escrevam Campinas”
“Esse protagonismo será visto como natural do ponto de vista canônico, uma vez que os terrenos escolhidos para a nova capital faziam parte do território paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Campinas”.
“Dom Emmanuel (arcebispo de Bonfim) indagou o que os redentoristas pensavam do Interventor Pedro Ludovico e da mudança da capital. O Pe. Conrado respondeu que não podiam estar contra porque o Interventor trabalhava a favor de Campinas. O arcebispo ficou magoado e desde então tornou-se inimigo dos redentoristas”.
“O ano de 1961 é marcado pelo falecimento do Padre Pelágio Sauter, um famoso missionário alemão, amado principalmente pelos romeiros do Pai Eterno. Pelágio nasceu dia 9 de setembro de 1878 na aldeia de Hausen am Tann, na Alemanha. Seus pais tiveram 15 filhos…”
“Passados 174 anos da criação da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas… há a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, desde 1952, pelo mérito desta última devoção a Mariz de Campinas se tornou Santuário em 2000, reconhecido pela Arquidiocese de Goiânia e Basílica, dignidade conferida pelo Papa Francisco em 2015”.
Consta ainda, ilustrações, fotografias, bibliografia, documentos, cartas e recortes de jornais.
Macktub!
(Bariani Ortencio barianiorten[email protected])
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