A liberdade religiosa no contexto atual
Diário da Manhã
Publicado em 18 de junho de 2017 às 01:24 | Atualizado há 8 anos“Cristo fala de um só Deus.” Esta frase resume o que muitas religiões têm pregado ao longo dos anos, durante muitos séculos. Sabe-se que religião é diferente de fé, mas a religiosidade vem sustentando o homem em vários sentidos. Em tempos de correria, estresse e depressão, considerados o “mal do século”, a religião vem trazer o conforto à alma, a cura necessária para as doenças que afligem a humanidade, tornando muitas vezes, a válvula de escape para as dores causadas no dia a dia.
Contudo, esse suposto “remédio”, em dose exagerada, pode causar danos irreversíveis à saúde. Um exemplo disso, são os conflitos no Oriente Médio em nome de Deus. Povos que se dividem por terem crenças diferentes, opostos àquilo que acreditam. Nessa região, os conflitos vêm se arrastando há décadas. Palestinos e judeus lutam pelo mesmo território. Nesse sentido, a religião é confundida com luta pelo espaço. Usam o nome de Deus para um ideal: a conquista pelo e para o poder.
Temos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, a ideia defendida acerca da liberdade de expressão sob quaisquer aspectos. O Artigo 18 prevê que “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.” A Declaração Universal dos Direitos Humanos vem coroar toda essa discussão sobre religião pregando que a liberdade religiosa deve ser respeitada assim como todas as opiniões e ideias. Cada um é o que é, temos nossas diferenças e pontos de vista e todos, sem exceção, devem ser respeitados.
Se do outro lado do continente brigam e matam por crenças diferentes, aqui no Brasil, o aspecto religioso é outro. Líderes religiosos defendem a liberdade de opinião, sem questionar os outros, pois a religião surgiu para que o homem fosse livre e não escravo. Eles também ressaltam o amor entre as pessoas e a crença em um só Deus criador do universo. Buda, apesar de não mencionar “Deus”, jamais declarou a sua inexistência, mas acredita na fé que liberta e que promove a esperança. Não importa a crença, a religião praticada, o certo é que a liberdade religiosa precisa ser respeitada, aproximar os seres humanos uns dos outros. Assim como os Direitos Humanos, a religião tem que trazer liberdade e não aprisionar. Tem como missão colocar em prática o respeito e a fraternidade em busca da igualdade. Liberdade é alguém poder discordar do outro sem ofendê-lo ou desrespeitar a sua opinião.
Um cidadão livre significa que está praticando e exercitando a justiça. Todos, independentemente da religião, podem concordar em um único ponto: o livre arbítrio – sendo a capacidade de decidir qual direção ou qual religião (não) seguir. Deus deu ao homem o livre arbítrio, creem os cristãos, portanto, as pessoas são responsáveis por suas escolhas, mas sempre preservando o direito do próximo, não esquecendo que as escolhas também estão ligadas ao social.
Portanto, essa proximidade com o sobrenatural, com Deus, não pode ser motivo de discórdia, pelo contrário, deve trazer esperança de um futuro melhor, cada um no seu devido espaço. O que vale a pena é crer na felicidade que ultrapassa as fronteiras da fé e nos tornam homens e mulheres melhores, evoluídos, que dividem muitos sonhos, que para realizá-los, às vezes tornam-se necessários trilhar caminhos diferentes.
(Emily Gonzaga, estudante do curso de Letras, no 3° período, da Universidade Estadual de Goiás, na unidade de Morrinhos. E-mail: [email protected])
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