A queda de Temer – um erro não justifica o outro
Júlio Nasser
Publicado em 9 de abril de 2017 às 22:26 | Atualizado há 8 anosOs brasileiros mais à esquerda querem dar um tiro de escopeta na cara de Michel Temer por vários motivos: por ser golpista, traíra e agir em benefício das classes abastadas com essas propostas de reforma trabalhista, previdenciária e voto em lista fechada. Enfim, ele está ferrando com do mundo. Tirar Michel Temer do poder é imprescindível, mas será que vale a pena?
Temer é o resultado de nossa execração política, ele é um tumor que se removido, mata o paciente. Quem estaria apto nesse momento a assumir a presidência da República uma vez não há uma viva alma que preste naquele Congresso. Como disse Marcelo Odebrecht: todos recebem no caixa dois, de forma direta ou via partido.
Que a cassação de Temer foi calculada e propositadamente empurrada para depois da segunda metade da gestão PT/PMDB, disso não resta dúvida. A Constituição é clara no seu artigo 81 quando diz que se houver vacância no cargo de Presidente após dois anos, a eleição é indireta, feita pelo Congresso.
A possível eleição foi forçosamente empurrada para que tudo caísse nas unhas da corja congressista como forma de se garantirem no poder e evitar que a lei, a maldita e modorrenta lei, os apeasse do poder.
Enquanto o amontoado de babacas da imprensa ficou enrolado com a discussão de reformas absurdas, criticando e falando merda, o governo ardilosamente escondeu seu verdadeiro propósito: por demora “nos trâmites legais,” dar o Tomé em todo mundo. Tirar Temer agora é suicídio político. A elasticidade da lei provocou mais essa execração brasileira. Houvesse a lei ter sido célere, teríamos eleições diretas e não essa possibilidade absurda de ver ratos elegendo ratos para presidir o Brasil.
A prova desse raciocínio acha raiz nas eleições de Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Assembleia Federal e Eunício de Oliveira (PMDB) para a presidência do Senado, o resto dispensa comentários. Essas duas figuras representa o que há de mais sórdido em nossa política pelo fisiologismo do salve-se quem puder, eles representam a mais absurda de todas as manobras políticas para fazer escapulir da justiça, seus operadores. Como diz o ditado: é pelo dedo que se conhece o gigante.
Calha dizer que o PSDB de Aecio Neves foi quem protocolou o pedido de cassação da chapa Dilma/Temer e agora, num ato inusitado desdiz o que havia dito e fala em condenar apenas Dilma Rousseff. Chega a ser nojento como os políticos brasileiros se revelam aos seus eleitores, que absortos, dão de costas para toda essa desgraça. Basta esses eleitores verem uma urna que eles defecam novamente.
Corrobora o pensamento da impossibilidade da queda de Temer, a temeridade de que, com certeza, algum ministro do TSE irá pedir vistas das mais de oito mil páginas do processo encaminhado pelo Ministro Herman Benjamin, com isso, conduzir-se-á tudo para a práxis casuística costumeira que rola nas altas esferas dos tribunais brasileiros. Todo esse processo vai morrer de inanição, não haverá vontade política para destronar Michel Temer exatamente porque ele e seu partido é um tumor num País moribundo, cuja cirurgia não é o procedimento adequado sob pena de se agravar o estado de coisas. Repito: quem seria o leito, caso Temer caia?
A situação é crítica do ponto de vista da organização política de Estado, o Brasil hoje vive a maior crise de sua história, mas como não somos uma nação de culhões para irmos até o fim, procuraremos uma solução técnica, pacífica, que seja de acordo com a índole nacional, ou seja: fica Temer.
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