A saúde pede socorro
Diário da Manhã
Publicado em 30 de março de 2017 às 02:27 | Atualizado há 8 anosNão apoiei o prefeito Íris Rezende na campanha do ano passado. Mas, continuo trabalhando de forma independente e votando a favor do que é bom para a cidade. Em resumo, torço pelo êxito de sua gestão. Porque todos nós, que moramos em Goiânia, vamos participar dos avanços. Mas, já se foram três meses e a gestão ainda está patinando. A saúde, assunto mais comentado durante a campanha, não vislumbra ainda a saída para o caos.
Filho e irmãos de médicos, convivo desde o nascimento com os problemas e angústias que cercam os profissionais de saúde. Todos querem as mesmas coisas. Basicamente, condições dignas de trabalho. Isso quer dizer unidades equipadas, com insumos para fazer um bom atendimento. Isso inclui também uma remuneração digna e o mínimo de segurança na relação com o ente pagador, seja ele público ou provado.
Goiânia fechou o ano passado com um caos. O número de médicos já era insuficiente, reformas de unidades atrasadas e um sentimento de abandono, refletido com a folha que foi deixada para o próximo prefeito. Qualquer ganho, neste quadro, já seria sentido pela população e pelos profissionais.
Uma equipe técnica assumiu o comando do setor, acenando com soluções definitivas para a saúde, que, por sua vez, mexe com praticamente todos. Com o aumento da demanda provocado pela crise econômica. Sabemos que muitas famílias estão deixando os planos de saúde, porque não tem dinheiro para bancar. Todos migram para o SUS.
As medidas que vem sendo adotadas podem até certas, mas não surtiram o menor efeito. O grande problema, hoje, é a falta de diálogo em um mundo onde as pessoas se comunicam mais e mais, especialmente pelas redes sociais. Falta diálogo com os profissionais de saúde. Falta diálogo com a sociedade organizada. Falta diálogo com a Câmara Municipal, que tem recebido profissionais do setor e discutido este cos, em plenário e nas sessões da comissão de saúde.
O último decreto, que proíbe o efetivo de prestar mais serviços e corta benefícios é um convite a aprofundar a crise. O momento não é de criar barreiras, mas de estimular, atrair essas pessoas. Atenção à saúde se faz com gente interessada e motivada. O resultado imediato foram quase 500 vagas abertas. Médicos que atendiam, já de foram precária, passaram a não atender às escalas de trabalho. Faltou conversa e, acima de tudo, respeito com quem atravessou os últimos meses sofrendo com o caos.
Somente neste ano, já tivemos crise no abastecimento de medicamentos, notadamente os portadores de diabetes. Tivemos a suspensão de atendimento na Maternidade Dona Íris, um patrimônio da população, que foi mandada embora para casa sem atendimento por uns dias. E agora, a crise nas unidades básicas, que gera filas, revoltas e riscos à saúde, além do caos no atendimento nas unidades estaduais e de municípios vizinhos, como Aparecida de Goiânia.
É hora da nova equipe mostrar a que veio. É hora de apresentar o seu projeto estratégico e as soluções que todos nós precisamos. E isso se constrói com diálogo e participação, portas e corações abertos. A população pede socorro. A saúde pede socorro!
(Gustavo Cruvinel, engenheiro e vereador por Goiânia)
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