Acão e ócio
Diário da Manhã
Publicado em 14 de abril de 2016 às 02:27 | Atualizado há 9 anosTrabalha meu amigo, e não te canses. O trabalho honesto no cotidiano é bênção de Deus à criatura.
É durante as tuas atribuições que pensamentos consoladores te visitam a alma, propiciando-te paz para as tuas dores e soluções para os teus problemas.
Forças atuantes te revigoram o corpo a cada momento em que te entregas ao labor. Energias benéficas te envolvem o organismo e o espírito, a cada momento em que pretendes ser útil principalmente a teu semelhante, no campo da Caridade.
Já te foi dito também que “o trabalho enobrece”, e que o ócio aniquila com o individuo, e não ignoras que até mesmo os minúsculos insetos enfrentam trabalho ininterrupto ofertando, aos homens, a lição de viverem trabalhando.
As formiguinhas, no seu labor admirável, acumulam provisões no seu recanto, para que o inverno não as encontre desprevenidas.
Bem assim tem que ser o homem, na sua vida.
Enquanto aprende, na escola da existência, o a-b-c- do Amor, saldando no dia a dia, os seus débitos com a própria consciência, deve ir trabalhando incansavelmente, acumulando provisões espirituais no Plano Maior, para que o inverno de uma vida inútil não o encontre sem os produtos do trabalho constante.
E para todos o Pai que nunca abandona um só de seus filhos, doou os talentos ocultos que só afloram com o exercício do homem no trabalho, seja qual for a sua atividade nobre, pois é somente através da ação bem cumprida, que os dons divinos dispensados à criatura por Deus, se desenvolvem e produzem, alargando os seus horizontes de conhecimento e melhorando a sua condição, caso esses talentos sejam verdadeiramente honrados segundo os preceitos de retidão e bondade.
Um dia, chegando o homem diante do Grande Tribunal, para o acerto de contas com sua consciência e com o seu Senhor, este, então, lhe perguntará, se tiver sido negligente na vida:
– Que fizeste dos talentos que te dei?
Que poderá o infeliz responder? Poderá acaso dizer:
– Senhor! Não me deste talento nenhum! Fui baldo de recursos intelectivos, e não tive saúde, e não contei com um dom, tendência ou talento, bem como nada possui em recursos materiais!
E o Senhor, através da sua consciência, lhe responderá:
– À pequenina abelha, dei o dom de te dar o mel, para o teu sustento; à formiguinha dei o mesmo ânimo para o trabalho, a fim de que ela te ensinasse a lição nobre do labor; às árvores dos teus bosques, dei os frutos e as flores, para que te elas te alimentassem, te servissem, te amparassem; às avezinhas das tuas florestas, dei o dom do gorjeio suave e lindo, para que elas te ninassem o repouso…
A cada criatura, desde a mais insignificante para ti, dei o talento, o dom de servir, lutar, viver e progredir, porque então não os daria a ti, que é bem melhor que simples voadores incômodos?
Não santificaste o que te dei, honrando o meu nome e acendrando o teu espírito no trabalho, ou na ação nobilitante.
Passa, agora, para o meu lado esquerdo e sofre o ranger de dentes daquele que, tendo tido tudo, não teve nada porque não quis esquecido de que o homem, tal como o Modelo que lhe enviei, não deve ter, sequer, onde reclinar a cabeça.
(Iron Junqueira, escritor)
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