Análise eleitoral de um cidadão para 2018
Diário da Manhã
Publicado em 5 de outubro de 2018 às 23:40 | Atualizado há 6 anosVocê ainda está indeciso sobre qual candidato vai votar? Ou está pensando em votar em um candidato que não te agrada, mas por falta de opção? Quero então te fazer um convite para fazer sua análise fora da febre das redes sociais, sendo diferente daquelas pessoas que ficam só reproduzindo adiante o que recebem, se deixando levar por um clima de terrorismo e pavor que induz muitos a irem para aonde nem sempre gostariam. Vamos pensar com nosso próprio intelecto? Atualmente estamos vivendo um momento político atípico em que temos visto cada vez mais amigos, colegas, familiares se desentendendo, às vezes até brigando por conta de candidatos. A grande causa disto tem sido antes de tudo o desrespeito por diferentes perspectivas e uma polarização desnecessária entre dois dos candidatos à presidência da República do Brasil nestas eleições de 2.018, sendo um destes dois alguém que tem sido colocado como o único representante dos valores familiares tradicionais, e o outro, agora mais conhecido do público, se passa por um fantoche de um ex-sindicalista, hoje preso por sentença da justiça e tido por muitos como o maior líder comunista do país. Por vezes parece que o eleitorado chega a se esquecer que existem muitos outros candidatos à presidência. São um total de treze! Candidatos até demais! Nem deveriam ser tantos postulantes a este cargo máximo da república! A causa deste exagero é decorrência da falta de ideologia partidária. Os que, a princípio, estão liderando nas pesquisas de intenção de voto merecem nossa cautela, para que não nos deixemos induzir pelas tendências eleitorais dentro da lógica rasteira de não querer, como dizem, “perder o voto”, daí se entregando além de seus próprios valores à prática do tal do voto útil ou voto estratégico. Dessa forma, muitos deixam de votar em quem tem mais afinidade com seus anseios para o país, escolhendo votar naqueles que teoricamente lideram as pesquisas. Aí acabam por se pautar praticamente só por pesquisas que não raras vezes erraram. Não se deixe levar dessa maneira! Faça sua reflexão de cabeça fria! Tenhamos toda a responsabilidade civil quando formos escolher em quem votar, praticando a virtude do meio termo, da ponderação.
Não caia no engodo daqueles que criticam muito, mas não têm comprovada experiência de sucesso como gestor nem em suas vidas públicas nem em suas vidas privadas. Candidatos que dependem da política para viver, que nunca atestaram nenhum serviço concreto prestado para a comunidade em que vivem. Tenhamos cuidado com aqueles que se nomeiam como o baluarte da moral e dos bons costumes, pois geralmente são farsantes despreparados que tentam seduzir as pessoas no que há de mais sagrado para elas. Uma vez que este tipo de candidato não tem experiência e competência, ele se esconde atrás de uma tagarelice sem propostas bem argumentadas e cheia de frases de efeito que criam uma paranoia na cabeça de muita gente. A ideia desta estirpe de politiqueiro é criar mais insegurança social para depois garantir que ele é a solução.
Temos ouvido de um certo presidenciável que ele será o maestro de uma equipe de notáveis a ser nomeada para os ministérios. Vale só ressaltar, aproveitando a analogia, que um maestro de uma orquestra precisa ter um conhecimento básico de cada instrumento que integra a sua orquestra para bem poder reger. Agora de que maneira um despreparado vai conduzir razoavelmente bem um conjunto de ministérios se ele nem tem um conhecimento medíocre de cada área de interesse nacional? É preciso que o presidente tenha comprovada experiência para sincronizar seus ministros numa coesão de um governo próspero. Não devemos tratar o nosso país, na situação de crise pela qual está passando, como um rato de laboratório sendo testado por marinheiros de primeira viagem no executivo. Estamos falando do cargo máximo da nação! Não empurremos nosso Brasil rumo ao contínuo aumento de sua situação de risco!
Do outro lado da mesma moeda, no outro extremo da mesma régua, temos um candidato que diz representar a esquerda e os adeptos dos programas sociais. É verdade que este grupo ampliou várias políticas sociais destinando para as mesmas uma verba pública numa escala de esmola quando comparada com o montante que desviaram dos cofres públicos para benefícios pessoais e fortalecimento de um partido com os demais segmentos que o apoia, praticando um claro projeto de domínio e manipulação da democracia. Os carentes que foram amparados poderiam hoje ter condições de vida muito mais dignas do que as que lhes ofertaram. Esta política social teve um fundamento unicamente eleitoreiro.
Os demais candidatos que se seguem, de acordo com as pesquisas, que também podem não ser exatamente o que gostaríamos, mas que, até que se prove o contrário, são ficha limpa, corroboram uma certa prática com resultados no exercício de cargos públicos. São opções com mais experiência que as duas primeiras que retratam os extremos, tendo estes últimos atuado em câmaras municipais, assembleias legislativas, câmara federal, senado, prefeituras, à frente de governos estaduais e ministérios.
Dentre estes outros candidatos, existe quem sempre reforça entre suas premissas de governo a necessidade em prezarmos por um desenvolvimento com sustentabilidade, o que é fundamental para que zelemos de nossa casa comum, o planeta Terra onde vivemos, pois o mesmo tem seus recursos finitos, limitados. Não é difícil percebermos que os efeitos do desequilíbrio ambiental estão cada vez mais presentes nos estilos de vida insustentáveis que ainda insistimos em manter.
Temos ainda o perfil do candidato com bastante experiência no poder executivo, não sendo justo exigirmos dele, mesmo tendo melhorado várias questões em seus mandatos, que tivesse resolvido todos os problemas complexos de grandes centros populacionais, dificuldades que muitas vezes estão além do âmbito regional e dos limites orçamentários ditados pela concentração de boa parte da arrecadação na União. Também não faz sentido julgar o candidato por sua coligação partidária com siglas que envolvem políticos que praticam o fisiologismo, uma vez que, se não todos, praticamente todos os outros partidos têm elementos que fazem o mesmo.
Levando em conta estas observações, percebemos o quanto é importante em muitos casos dissociarmos o político do partido a que ele pertence, vez que, não havendo mais ideologia partidária, o perfil hipotético da legenda muitas vezes não retrata o de seu afiliado. No sistema político em vigor, as pessoas entram e saem de partidos não por afinidade de ideias, mas para conseguir espaço para serem aprovadas em convenções partidárias, fazerem coligações que aumentem suas chances eleitorais e até mesmo para viabilizarem suas articulações após as eleições. Caso contrário, ficam isoladas e não conseguem fazer nada pelo povo. Estas constatações nos levam a uma outra questão. Se os nossos votos entre as esferas executivas e legislativas não estiverem compatíveis, acaba acontecendo, neste jogo da politicagem que no presente impera, que um candidato que você elege fica sabotando o outro de uma facção diferente que você também elegeu, puramente por ambições individuais e dos grupos, das oligarquias às quais muitos deles pertencem. Durante esta briga ilegítima, quem sempre perde é a população. Este regime é bom? Não! Claro que não! Mas até que não seja mudado, é assim que a banda continuará tocando! Não se iluda! É por isso que nós, cidadãos, precisamos pressionar o Congresso Nacional para que, além de outras reformas essenciais, seja feita a reforma política destas atuais relações promíscuas do poder. Até lá, enquanto não exercermos com empenho a nossa cidadania, o que teremos é mais do mesmo.
Alguns têm o receio de que outros candidatos, caso sejam eleitos, deem depois espaço político para outras alas adversárias que concorreram com os mesmos. Não há esse risco. Por quê? Por causa da sede pelo poder que a natureza humana costuma ter. Quem goza de uma posição de muito poder, geralmente quer se autopromover, e não partilhar seu status com antigos afetos ou desafetos. Logo, o receio das oposições se unirem após a campanha, mesmo que haja certos pontos em comum, não se fundamenta. No máximo terão abertura para dialogar com os outros partidos, o que, inclusive, é salutar para a real prática da democracia. Logo, o receio das oposições se unirem após a campanha num mesmo governo, mesmo que haja certos pontos em comum, não se fundamenta.
Sobre a sociedade, é importante a compreendermos como diversa, heterogênea. São culturas e pessoas diferentes convivendo num espaço em que o governo deve ser para todos, e não apenas para alguns grupos que se consideram maioria ou minoria, mais certos ou merecedores. Não é cabível que nossos valores sobrepujem os dos demais. Agora é evidente que a ética, o respeito à vida e ao bem comum devem nortear o convívio social.
Pessoal religioso, não podemos misturar as coisas! Estamos num Estado democrático e não teocrático! Graças a Deus não somos um Irã ao estilo aiatolá em que representantes de uma religião governam e definem como deve ser a sua vida. Muitos podem pensar que a religião é a ferramenta certa para um bom presidente exercer seu mandato. Não caia nesse equívoco! São falsos profetas! Cristo não veio para nos governar na Terra, mas para nos inspirar a segui-Lo como praticantes do bem. Se você está espantado com a possibilidade de aprovarem o aborto, a ideologia de gênero nas escolas e outras propostas que afrontam sua formação, então você deve escolher bem os parlamentares que receberão seus votos, vez que serão eles que decidirão estas questões.
Você que tem sofrido com a falta de segurança, escolha um candidato à presidência que esteja com o projeto de realizar o que dá mais trabalho, mas é o certo: aumento e melhoria da estrutura penitenciária, plano de trabalho para que os presidiários se sustentem, investimento na formação de agentes carcerários, valorização das polícias ostensiva e investigativa para que exista mais eficiência nas operações com menos mortes de policiais e criminosos, reforma do código penal implantando penas mais severas, sem, no entanto, incluir a pena de morte, já que não nos compete decidir sobre a vida mesmo de transgressores. Para além de todas estas medidas de segurança citadas anteriormente, a verdadeira solução a médio e longo prazo estará sempre no investimento em uma educação de qualidade para todos.
E cuidado! Se você se deixa guiar por seus medos, estes podem se tornar reais em sua vida mais cedo do que imagina.
Faço-lhe um convite a sair desta dicotomia onde o mundo é visto em preto ou branco. Existem outras cores! Se hoje você escolhe um extremo, amanhã será o extremo oposto que regerá a sua vida. Sai dessa! Façamos um Brasil melhor de verdade!
(Samuel Thomaz, escritor, engenheiro civil e voluntário da Assoproh (Associação de Promoção Humana))
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