Análise Psiquiátrica do Agressor de Bolsonaro
Diário da Manhã
Publicado em 8 de setembro de 2018 às 22:26 | Atualizado há 6 anosSegundo informações, é garçom , 40 anos, natural do norte de Minas, filiado ao partido de esquerda Psol, formado em Pedagogia pela UFV, atualmente estaria desempregado. Foi um crime premeditado, comprou uma faca específica, enrolou-a num pano, aproximou-se, esperou o melhor momento. Refere que foi “a mando de Deus”,mas, segundo a imprensa, não teria relatado “alucinações específicas” ( é bem conhecida a estratégia jurídica de alegar-se insanidade mental para ficar-se impune no Brasil). Não se fica, por aqui, nem em manicômios judiciários, pois a ideologia anti-autoridade e o corporativismo estatal antimedico acabaram com eles.
Muitas pessoas – não só leigos, mas aí inclusos muitos médicos – não entendem bem a dinâmica de uma doença psiquiátrica. Muitas patologias mentais não têm propriamente uma “lesão cerebral”, mas sim uma “disfunção” de determinados circuitos. Esta disfunção pode ser de duas naturezas, ou bioquímica ( quando alguns neurotransmissores ou membranas sinápticas se desregulam ) , ou de ligações sinápticas anormais entre determinadas áreas cerebrais – que , normalmente, não deveriam estar ligadas. Ou então, a interrupçãoinibição funcional ou circuitária entre áreas que deveriam estar normalmente ligadas. Em resumo : comparando com um computador, em algumas doenças psiquiátricas ( chamadas “orgânicas” ou lesionais ), é a “peça do computador” que está estragada , o chamado hardware. Já em outras doenças psiquiátricas, chamadas “funcionais”, é o funcionamento entre as peças que está alterado. As peças podem estar “ligadas erradas”, podem estar funcionando com muita ou pouca energia, podem estar funcionando sem um adequado concerto em conjunto, sem uma adequada sincronia ou sinergia.
Pois bem, há situações onde , como eu disse acima, não há propriamente lesão cerebral, mas há um excesso de energia em alguns sistemas neuronais. As pessoas acometidas por este “excesso” de energia pegam crenças ou atitudes normais, por exemplo, religiosas,ou políticas, e dão uma “turbinada” nelas. Pessoas normais também podem fazer isso, ou seja, turbinarem determinadas crenças ou atitudes, mas fazem isso de um modo funcional, ou seja, tornam-se mais produtivas, mais criativas, disseminam mais trabalho, mais alegria, mais amor, mais inteligência. Por isso muitas perturbações psiquiátricas não são propriamente “doenças “, não são propriamente “categorias” fechadas. São mais “dimensões” dentro de um continuum, dentro de um espectro infinito de variações. Já as pessoas nas quais essa energia torna-se patológica, deletéria – ou por excesso, ou por inibição de algumas áreas de controle ou supervisão – atuam suas crenças e atitudes de modo rígido, modo auto-prejudicial, modo prejudicial para quem ele ama, ou seja, atuam de modo a gerar diminuição de suas próprias funções vitais ou emocionais, sociais. O auto-prejuízo é uma das características desse tipo de disfunção psiquiátrica. Outra característica é a “frieza emocional”, quando se colocam crenças, impulsos ou prazeres acima do amor ou do cuidado aos outros.
O esquerdismocoitadismo é um conteúdo muito adequado para esse continente, pois os indivíduos disfuncionais tornam-se, em muitos casos, “passivos-agressivos”, “astênico-estênicos”, o que significa que são indivíduos que tem um orgulho muito grande, uma raiva muito grande, uma “indignação” muito grande, um sentimento de “humilhação” , sentimento de prejuízo, sentimento de estar sendo preterido, sentimento de estar sendo atacado, deixado de lado. Só que, ao mesmo tempo que são “orgulhosos”, sentem que, por timidez, por “fraqueza”, por medo, escrúpulos, fobias, obsessões, indisposição, falta de energia, por terem uma cognição fraca, ou instável ou pouco profunda, não tem a energia – ou a canalização da energia- necessária para “reagirem contra tanta injustiça”. Passam a projetar seus sentimentos de indignação e de insuficiência sobre a sociedade, sobre os outros. É um prato cheio para adotarem posturas de “esquerdas” ( pró-coitadistas ) contra as posturas de “direita” ( “poderosos que nos massacram”). Muitos fanáticos, militantes, ativistas, terroristas, “idealistas”, de esquerda, se enquadram nesse perfil, e são um prato cheio para os seus líderes ( esses sim, quase sempre, pessoas “controladas” e normais ). Os líderes do esquerdismo sabem que em todo esquerdismo há este prato cheio para ser aproveitado e manipulado por eles. Eles passam a “guiar” esta falange de “coitados oprimidos”, só que , ao contrário dos “verdadeiros coitados”, estes “coitados passivo-agressivos” estão dispostos à ação terrorista. Os “verdadeiros coitados” são aqueles que, plácidos, conformados, não têm este espírito bélico idealista porque lhes falta o “orgulho altaneiro” que a energia psíquica dá aos “militantes esquerdistas”.
O “continente da energia psíquica aumentada” é preenchido pelo conteúdo que o esquerdismocoitadismo lhes dá. Esta energia, em alguns momentos, pode exaltar-se mais ainda, às vezes sob forte emoção, e aí o indivíduo parte para a passagem-ao-ato ( acting-out ). Como esta energia psíquica, às vezes, é muito forte, ela ultrapassa os mecanismos normais de contenção social e emocional. Aí o indivíduo tem de projetar este excesso sobre estruturas e pessoas externas a ele, por exemplo , culpando um político, um partido, por todas suas mazelas. Esses indivíduos não são “loucos” na acepção do termo, pois sabem que o que fazem é uma contravenção, um crime. Planejam seus crimes, planejam rotas de fuga ou de dissimulação. Ou seja, cognitivamente, sabem o que fazem. Os regicidas ( é assim que são chamados em psiquiatria ) , também não são propriamente “loucos” do ponto de vista volitivo( em termos de vontade ). Ou seja, nem sempre têm uma impulsão incontrolável que os leve a atuar em momentos inoportunos, antes ou depois da hora exata, na presença de testemunhas ou policiais, etc. O problema da disfunção está na “hormé”, que é o nome que a psiquiatria ( conforme Dide e Guiraud ) dá para esta energia instintiva que pode exagerar-se, patologizar-se, e que tem sua sede no sistema hipotalâmico-diencefálico-límbico ( áreas cerebrais ).
Se um indivíduo tem uma energia – uma hormé – que não é tão patológica assim, mas se passa por uma “lavagem cerebral esquerdista”, ou seja, estimulado à revolta, ao terrorismo, à luta de classes, ao inconformismo absoluto e agressivo, à revolução armada, estes fatores sociais podem vir a potencializar esta energia, até então funcional, e torná-la patológica.
Quando a Grande Imprensa brasileira, nos dias de hoje ( p.ex., Jovem Pan, comentário de Marco Antônio Villa ) , diz que este crime contra Bolsonaro não é um “crime político” e sim um “crime psiquiátrico” ( crime de um louco ), está incorrendo em algumas incorreções, talvez por motivos de interesses políticos : não levantarem mais ainda a bola de um candidato que eles não querem. O crime tem, sim, um conteúdo político, pois a mente do criminoso foi formatada com um explosivorevoltado software ( programa ) esquerdista. E, como dito acima, em muitos casos, tais crimes não são propriamente de “loucos”, de “loucura”, mas sim, mais apropriadamente, de “fanatismo”.
A polarização da sociedade brasileira de hoje dá conteúdos políticos exaltados para mentes que, talvez, sem estes conteúdos disruptivos, não se patologizariam, não se psiquiatrizariam. Isso é, de certo modo, política, não é propriamente “psiquiatria”. São crimes doravante cada vez mais comuns e prováveis. O conteúdo esquerdista das doutrinações favorecem essas disrupções energéticas pessoais , na medida em que pregam “revolução armada”, “quebra-quebra”, “invasões”, “revolta dos ressentidos”, “grito dos oprimidos” ( este é um dos nomes de uma das ações da Igreja Católica, por exemplo ), “desobediência civil”, contraposição à autoridade, “abolição de toda superioridade, hierarquia, ordem constituída”. São conteúdos filosóficos-políticos-ideológicos que têm por objetivo desengatilhar justamente a “ação” dos indivíduos ( os “orgulhosos coitadinhos” ) com “energização” já propensa para as passagens-ao-ato. São sistemas ideológicos que tentam, ao mesmo tempo, tratar seus súditos afetivamente como “filhinhos, fraquinhos e coitadinhos” ( daí as funções paternais de Lula, sobretudo com os “pobrezinhos e mulheres”) e como potenciais revolucionários ( “vamos pegar em armas contra os ditadores-ricos-opressores-patrões”). São sistemas que os infantilizam, pois uma criança, ao mesmo tempo que precisa do “afetosegurança do papai”, lança-se impulsivamente à tarefa delegada por este. Entregam-se à “comandos suicidas” porque sentem o “conforto moral e afetivo de um Pai” ( Lula ou Deus, tanto faz ) que está com a Razão e com o Amor. Esta infantilização gerada pelo esquerdismo tem como poder calculado a quebra da já fraca inibição que controlava as energias destrambelhadas que pululam em determinados psiquismos. Dostoiewski estuda muito bem este mecanismo, do ponto de vista literário, em seu livro “Os Possessos”.
Adélio, o agressor de Bolsonaro, tenta confundir a polícia alegando alucinações místicas (“foi Deus q mandou”), mas sua estrutura mental ( esquerdista/Psol/pró-ativa) não bate com a passividade/humildade religiosa necessária a um “crente de Deus” para ouvir Sua voz e segui-la fielmente. O esquerdismo é exatamente o oposto desta obediência à Autoridade. Fanatismo de Esquerda ( Psol) é psiquiatricamente incompatível com fanatismo de direita ( ouvir a Deus e obedece-lo cegamente). Daí a fraude.
Tais crimes, portanto, não são propriamente apenas “psiquiátricos”. Também estão afeitos à Ideologia e à Política. Me desculpe, portanto, o professor Villa, mas não é simplesmente o “crime de um louco”, sem vinculação nenhuma com “crimes políticos”. Sei que a motivação da Grande Mídia para dizer isso não é apenas técnicacientífica, mas sim interesseira-financeira, pois sentem que Bolsonaro – sendo um não-político convencional – ( daqueles que topa o toma-lá-dá-cá entre Empresas e Governos ) poderia quebrar a máquina corrupta Estatal-Grandes Empresas ( inclusive Empresas de Comunicação ) que têm afundado o país por séculos. ( análise teórica, em tese, com base nas informações disponíveis nas mídias). A análise de mais hipóteses continua em um artigo na terça.
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra)
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