Bariani Ortencio, exemplo de cidadania
Diário da Manhã
Publicado em 29 de junho de 2017 às 02:50 | Atualizado há 8 anos![](https://v2024.dm.com.br/wp-content/uploads/2025/01/Douglas-Bucalem_noexif-1.jpg)
Na segunda-feira, 19/06, tive a imensa honra de entrevistar uma sumidade da literatura de Goiás, o grande Bariani Ortencio. O fiz para mais uma edição do meu recente “Programa Cidadania”, que vai ao ar todas as terças-feiras às 21 horas, pelo canal aberto da Fonte TV. No bate-papo, ele me revelou sua riquíssima biografia, que começa com a infância em São Paulo; sua chegada na recém-criada Goiânia, no longínquo ano de 1938. Descobri que ele foi goleiro, quando jovem, do Clube Atlético Goianiense por alguns anos. Naquela época,segundo ele o jogador tinha de fato amor à camisa que ostentava. Ajudava a agremiação com seu suor dentro do campo e, também na parte financeira e administrativa fora dele.
?Bariani deixou os gramados nos idos da década de 1940 e fixou-se como comerciante no bairro deCampinas. Esta mudança, segundo ele, foi repentina. Bariani nasceu no interior do estado de São Paulo, na cidade de Igarapava. Entretanto, não conhecia a capital paulista e, depois de reunir algumas economias com seus pais, partiu rumo àmetrópole com seu primo. Pouco antes da volta, se deu conta que sua mãe havia lhe dado dinheiro para a passagem de regresso. Com a verba que havia sobrado resolveu comprar alguns aviamentos, afinal sua mãe era costureira e tinha uma pequena confecção em casa. Levou também botões, linhas e tecidos. Tudo porque em São Paulo essas peças eram várias vezes mais baratas que pelos lados de cá. Bariani então enxergou uma oportunidade de ouro e não hesitou em firmar parceria com seu primo neste ramo. Trouxeram várias mercadorias de lá e, assim abriram pouco depois o famoso “Bazar Paulistinha”. Assim como o paulistinha, meu pai Samir Bucalem veio emigrado para Goiânia onde também colaborou com o crescimento e urbanismo da nova capital, com dezenas de loteamentos que empreendeu a frente da imobiliária A Pontual.
Os negócios de Bariani prosperaram ao ponto de se abrir filiais em outras cidades, como Uberlândia, no triângulo mineiro. Porém, só foi com a comercialização de discos de vinil que Barianiconseguiu crescer exponencialmente seu comércio.Nascia ali a mais emblemática loja de discos de Goiás. Que ajudou a popularizar a MPB, música sertaneja e até mesmo o Rock em terras goianas. Bariani começou a ter influência com as gravadoras e fábricas fonográficas nos anos 60 e, isso propiciou que ele lançasse nomes de destaque no cenário musical daqui, como o cantor icônico Lindomar Castilho.
?Ainda sobre a temática “música”, na conversa que tive com o senhor Ortencio me foi revelado que ele também era compositor e letristas de mais de 100 canções. Ele foi o responsável por músicas em homenagem à Brasília, com reconhecimento na época do saudoso ex-presidente Juscelino Kubitschek e tudo. Aliás, sobre políticos, Bariani me explicou que admira o ex-governador/interventorPedro Ludovico Teixeira, bem como o inesquecível ex-presidente Getúlio Vargas. Ele disse ainda que têm boas relações com os dois maiores caciques políticos de Goiás, o governador Marconi Perillo e o prefeito Iris Rezende.
?Em seus quase 94 anos de existência, Bariani escreveu 50 livros, se contarmos os recém-lançados: “O crime do mordomo e outros crimes… de humor”, “Chão Bruto”, “Conversando com os mitos do folclore brasileiro” e “Ficção Longa de Bariani Ortencio”. Fiz questão de comprá-los e pedium autógrafo do autor em pessoa. E ele me confidenciou que não para, pois, todo dia escreve algo, de modo que pode apostar que vem mais obras por aí. São entrevistas como estas, que me fortificam para continuar em frente com esse meu novo projeto chamado Programa Cidadania. Já entrevistei grandes nomes da política como Manoel Dias, Ailma Oliveira, Aldo Arantes, Mauro Rubem; do Direito, assim como o promotor Fernando Krebs e o ex-senador Demóstenes Torres; e, ao conversar com a lenda viva literária da nossa terra, Waldomiro Bariani Ortencio, me dei conta que estou aos poucos cumprindo o meu papel social na mídia. Sim, pois nós comunicadores temos o dever de levar conhecimento, opinião e, principalmente, cultura aos telespectadores. Bariani é um exemplo forte nesse sentido, porque em sua extensa trajetória, sempre brigou por uma maior efervescência cultural. Obrigado mestre, por me motivar a seguir com este e outros objetivos de vida.
(Douglas Bucalem, apresentador de TV e empresário do Setor Imobiliário)