Bebidas açucaradas e a saúde bucal

Não é de hoje que conhecemos os males das bebidas ricas em açúcar, como refrigerantes e alguns sucos industrializados. Estudos comprovam que pré-escolares que ingerem regularmente bebidas açucaradas tem uma maior tendência à obesidade e cárie dentária.

Para que as crianças não corram esses riscos, o controle deve começar em casa com refeições balanceadas, estímulo à atividade física, mudança de hábitos alimentares de toda a família e estabelecimento de hábitos de higiene oral adequados.

Há uma grande dificuldade e resistência das famílias na aquisição de novos hábitos alimentares e o açúcar na nossa cultura tem alicerce histórico. Se houver uma orientação desde a gravidez e a chegada do bebê, as chances de sucesso de instalação de uma alimentação saudável são maiores.

Uma das consequências da ingestão do açúcar é a cárie dentária, resultado da interação químico bacteriana através de uma sequência dinâmica de interações entre o dente, bactérias orais e açúcares que podem destruir o dente.

A carie precoce na infância pode ser definida como a presença de uma ou mais lesões cavitadas ou não em crianças de ate cinco anos de idade. Muitos fatores estão associados com o risco de cárie precoce na infância, entre eles a freqüência e o tempo de consumo de bebidas contendo açúcar.

Em muitos alimentos infantis industrializados também foram encontrados altas concentrações de açúcar, superiores as especificadas nas embalagens, expondo às crianças desde a mais tenra idade a um desafio cariogênico significativo. Infelizmente a cárie tem um grande impacto negativo na qualidade de vida das crianças levando muitas vezes a necessidade de grandes tratamentos reabilitadores.

No caso dos adolescentes, a substituição da atividade física pela televisão e computadores e a influencia da mídia levam ao consumo excessivo de bebidas açucaradas tornando o adolescente mais susceptível a desenvolver lesões de carie e erosões dentais. A erosão dental é a perda irreversível dos tecidos dentários duros (esmalte e dentina) provocada pela alta ingestão de bebidas e alimentos ácidos,sem que haja envolvimento bacteriano. Os adolescentes não se preocupam com o valor nutritivo dos alimentos, e desconhecem que em uma lata de refrigerante tipo cola tem cerca de nove colheres de açúcar e que seu consumo leva a uma redução significativa na dureza do esmalte e da dentina.

Segundo as recomendações da cartilha Dez Passos para uma alimentação saudável do Ministério da Saúde, crianças menores de dois anos não devem consumir açúcar refinado e alimentos preparados com o mesmo, pois neste período os hábitos alimentares estão sendo formados e na maioria dos casos acompanharão seus filhos para o resto da vida.

O direito a uma dieta saudável deve ser assegurada para as crianças. Uma dieta adequada para cada faixa etária pode ser um divisor de águas para a saúde ou a perda dela.

(Marilda Moreira Almeida, odontopediatra)