Bolsonaro e Haddad, a disputa final?
Diário da Manhã
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 23:50 | Atualizado há 6 anosSingularíssimo o fato de grande parte do eleitorado manifestar apoio ao ex-presidente Lula mesmo tendo sido este condenado a pena de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro e ratificada a condenação por dois desembargadores da mesma órbita. Lula ganharia a eleição presidencial tanto no primeiro quanto no segundo turnos. Tal manifestação de grande parte da opinião pública nacional, a favor dele, expressa nas pesquisas eleitorais, significa repulsa às decisões daqueles magistrados. Em verdade militam contra Sérgio Moro fatos probantes de parcialidade. O pai foi um dos principais fundadores do PSDB no Estado do Paraná. A esposa do juiz era assessora da vice-governadoria tucana do paranaense. Sérgio Moro agiu com facciosismo quando determinou grampeamento de telefone da presidência da República com a finalidade de gravar conversa entre Dilma Rousseff e o ex-presidente, sobretudo ao divulgar a gravação. Recentemente Moro tratou com rispidez o escritor Fernando Moraes quando este, em audiência, testemunhava a favor de Lula.
Já sublinhei aqui mais de uma vez o descrédito de Moro em consequência da sua justificativa para o recebimento do chamado auxílio-moradia. Tal justificativa consistiu na afirmação de que recebia o auxílio pelo motivo da falta de reajuste salarial. O argumento foi considerado muito infeliz por grande parte da opinião pública. Primeiro porque Sérgio Moro é proprietário de bela residência em Curitiba. Não há pois que se falar em auxílio-moradia, que passou a ser visto como “auxílio-morodia”…
A candidatura de Fernando Haddad em substituição à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também corrobora a interpretação de que parcela considerável da opinião pública nacional desaprova as perseguições dos fautores do golpe civil de 2016 que resultaram no impedimento da candidatura Lula e na prisão do líder operário. Existente há apenas dez dias a candidatura de Haddad já apresenta apoio de 19% do eleitorado, revestindo-se assim de quase certeza de ir para o segundo turno. Com sua cultura e seu talento Haddad personifica potencial para chegar ao segundo turno com chance de vitória. Pois a sua candidatura se identifica sobremodo com os eleitores de Ciro Gomes e Marina Silva, além de ter afinidades com a juventude universitária. O cabedal de cultura, a respeitabilidade moral e o talento verbal de Fernando Haddad sem dúvida envolvem o seu nome de grande credibilidade.
Registre-se que a candidatura de Jair Bolsonaro é forte. O lastimável atentado por ele sofrido deu-lhe em 15 dias, segundo as pesquisas, até agora, no mínimo 10 milhões de votos além dos que já tinha.
Parece-me que a disputa final será entre ele e Haddad.
(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às sextas-feiras. E-mail: eurico_barbosa@hotmail.comFernando Haddad, grande afirmação)
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