Bolsonaro: “Eu nunca fiz mal a ninguém”
Diário da Manhã
Publicado em 14 de setembro de 2018 às 23:11 | Atualizado há 6 anosA frase do título deste artigo foi dita na UTI pelo deputado Jair Bolsonaro, candidato do PSL a presidente, poucas horas depois de ser esfaqueado em Juiz de Fora.
O deputado militar e militarista não tem feito outra coisa senão semear o mal, o ódio, a raiva em toda a sua vida rastreada de sangue dos pobres, dos pretos, das mulheres e dos homossexuais.
Ainda na UTI, entubado, o primeiro gesto de Bolsonaro foi simular com as mãos, em posição de tiro, uma arma de fogo contra os excluídos, os fracos, os deserdados.
O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, um homem pobre e anônimo, preto e desempregado, que ainda se disse de esquerda, é alvo constante do ódio e da mira da carabina de Bolsonaro.
Mas, nem por isto, o mineiro Adélio Bispo tem o direito de feri-lo com o mesmo ferro com que ele, Bolsonaro, aponta para os fracos e oprimidos.
Adélio, ao esfaqueá-lo, feriu a democracia, pois se ele morresse, viraria herói. Sobrevivendo, como sobreviveu, Bolsonaro se vitimiza. E é tudo o que ele quer para continuar trapaceando a opinião pública e enganando a patuléia ignara – os analfabetos políticos.
A direita arreganhada, pensando em gerar Alkimim, o ponderado, gerou Bolsonaro, o raivoso. Quem pariu Mateus, que o embale.
A menos de 30 dias da eleição, a Justiça Federal manda prender o ex-governador do PSDB, Beto Richa, do Paraná.
A Polícia Federal faz batida na casa do governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, do Mato Grosso do Sul e prende o ex-governador André Puccinelli e o filho.
É o mesmo estado judicial que condenou, prendeu e proibiu o ex-presidente Lula de se candidatar, para abrir alas ao raivoso Jair Bolsonaro.
E lá da prisão em Curitiba, Lula repetiu a frase histórica de Danton, ao subir a guilhotina: “Tu também, Robespierre, me seguirás”.
Ninguém pode negar nem provar que Lula era o chefe do esquema de arrecadação de dinheiro ilícito para garantir o PT no poder. Mas condená-lo pelo Sítio da Atibaia e pelo triplex de Guarujá é aplicar nele as razões do lobo contra o cordeiro.
Proibir Lula de ser candidato é insanidade moral qualificada. O voto popular está acima de tudo. Pelo voto, o povo tem o direito até de arrombar as cadeias, e é disto que o estado judicial tem medo.
À condenação e prisão de Lula, o PSDB até bateu palmas e não se lembrou dos ensinamentos de Maiakovski: “Um dia, eles chegaram e prenderam um preto, nosso vizinho, e nós não dissemos nada, porque não somos pretos. Depois prenderam um comunista, também não dissemos nada, porque não somos comunistas… e depois, condenaram e prenderam Lula, do PT, e nós, do PSDB não dissemos nada, e até aplaudimos, porque não somos do PT…
E agora, em véspera de eleição, prenderam Beto Richa ,do PSDB, deram batida na casa do governador Azambuja, do PSDB, e prenderam também o ex-governador do Mato Grosso do sul… E nós não vamos dizer nada? Não, porque já não temos voz, pois além de roubarem a flor do nosso jardim, roubaram também a nossa voz. E o estado jurídico-policial está cada vez mais atrevido.
Mais do que isto: o estado dominante está abrindo alas para Jair Bolsonaro passar. Mesmo que seja sob a mira da carabina que ele está apontando para o povo brasileiro.
EIS O HOMEM, APENAS UM HOMEM SIMPLES
Nos últimos 50 anos, eu participei de todas as campanhas políticas de Goiás. E estou fora desta, porque não fui chamado.
Para fazer política, eu nunca tive vergonha.
Em 1974, trabalhava no jornal CINCO DE MARÇO e militava na clandestinidade no glorioso Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, e era também filiado ao MDB, o partido consentido da oposição. Eu tinha então dupla militância política.
Os governadores eram nomeados pela ditadura militar e um terço do Senado Federal, mas o restante era escolhido pelo voto direto.
O MDB de Goiás escolheu como candidato ao Senado o ilustre desconhecido Lázaro Barbosa, um vozeirão impostado a procura de um cérebro.
A novidade era a televisão na campanha, e a apresentação dos candidatos ao vivo.
O Partido me escalou para escrever os pronunciamentos do candidato a senador do MDB, a ser lido por ele na televisão. Telefonei para o presidente do partido, Assis Brandão, falando-lhe da minha missão, e queria uma conversa com o candidato que eu não conhecia. Mais tarde, Assis me retornou e disse que Lázaro Barbosa dispensava a minha ajuda porque eu era comunista.
Ele escolhera outro, o Waldomiro dos Santos, um jornalista brilhante, mas que não era panfletário. Waldomiro era também comunista, mas não era marcado, me procurou.
-Santa Cruz, escreva o pronunciamento desse idiota, que ele só ganha com o seu texto, e eu o levo como se fosse meu. É uma tarefa do Partido.
E eu escrevi o primeiro e todos os outros pronunciamentos que Lázaro Barbosa leu na televisão para se eleger senador com votação rumorosa.
Ao fim do seu mandato, já em 82, na campanha de Iris, viajando com o senador Lázaro Barbosa, ele voltou ao assunto antigo, e me explicou, sem nenhuma cerimônia:
– Santa Cruz, na minha candidatura ao Senado, eu não quis que você escrevesse para eu ler na televisão, porque eu queria fazê-lo de improviso.
-Parabéns – cumprimentei-o com a maior naturalidade. Mesmo sem ser chamado, eu vou entrar nesse furdunço, nem que seja de intrometido. Mesmo porque o senador Ronaldo Caiado ameaça ganhar essa eleição no primeiro turno, e eu estou com uma saudade danada de ser oposição.
Ganha nada. Vai haver segundo turno. E aí é outra eleição.
Eu conheço José Éliton, o Júnior, desde os tempos de ele menino, jogando bola nas poucas praças de Posse, transformadas em campo de futebol. Estudou em escola pública, e muito cedo veio para a luta e virou professor, quando ainda era aluno, por vocação e pelo salário, principalmente. Andou sempre de coletivo.
Tirando o refrão musical(que é ótimo) e o português correto do candidato, o programa eleitoral do PSDB é o mais do mesmo, inferior até ao do MDB e do DEM. Ninguém merece tanta pobreza no conteúdo e sofisticação na forma.
Nem o Ademir Lima, o Mago, tão mago que é capaz de fazer o ganhador perder e nunca fazer o perdedor ganhar, é capaz de produzir peças tão comuns, banais, uma depois da outra.
O governador José Éliton não merece isto. Ele não é esse “donzelo” que eles estão mostrando. José Éliton é um homem vigoroso, de fina educação, mas enérgico, determinado e está à frente do seu tempo, porque é contemporâneo do amanhã.
A música que embalou o seu berço foi a Marselhesa sertaneja, entoada nas campanhas de seu pai, o Dr. Eltim. E o Dr. Eltim passou ao filho a sua história, escrita ao sol escaldante das lutas oposicionistas, enfrentando até revólver de juiz corrupto em praça pública.
Goiás não pode perder a oportunidade de eleger José Éliton, um homem temperado no chão bruto do Vale do Paranã, comprometido com a liberdade e com a justiça social, que as duas coisas tem de andar juntas: para José Éliton é preciso ser livre e ter educação para os filhos(e Goiás é exemplo de educação); é preciso ser livre e ter saúde para a família(nesse campo, Goiás está à frente dos outros estados); José Eliton é honrado por amor à honra, é honesto por amor à honestidade.
José Éliton tem de ser apresentado à opinião pública como ele é: um homem com luz própria que vai levar Goiás para outros caminhos até agora não percorridos, José Éliton não pode negar Marconi, e os goianos também não, mas não pode ser apresentado simplesmente como “o poste”. Não, os valores de José Éliton são tão fortes e originais que, se mostrados com fidelidade, o povo o seguirá como um caminho novo para Goiás. Ele tem tantas qualidades que basta apresentá-lo assim: Eis o homem, apenas um homem simples, com a cara, a cor e o cheiro do povo, porque José Éliton é o povo em sua composição mais simples e heterogênea.
A reeleição do governador José Éliton tem sido queimada por fogo amigo, há mais de dois anos. O ex-deputado Vilmar Rocha é o responsável pela presença de Caiado na política. Em 1910, Vilmar se candidatou a deputado federal pelo DEM para conseguir legenda para o então deputado Ronaldo Caiado se reeleger. Não bastasse isto, em 2014, Vilmar se candidatou ao Senado Federal e deixou Caiado ganhar a eleição, por preguiça e omissão.
As pesquisas de véspera de eleição traziam Caiado com mais de 30 por cento e Vilmar com nada. Abertas as urnas, quase que Caiado perde para o anticandidato Vilmar Rocha. É a prova de que Caiado não é bom de urna.
Com a segunda vitória de Marconi/José Éliton, Vilmar com alto cargo no governo, passou a fazer campanha sistemática contra a candidatura de José Éliton. Radicalizou tanto que chegou até à difamação, com um fake news atrás do o outro.
E Marconi pagou toda a deslealdade de Vilmar Rocha, premiando-o como candidato a primeiro suplente em sua chapa.
Lá atrás, no início da campanha, eu advertira ao maior líder político de Goiás: ‘Cuidado, Marconi, tire Vilmar hipopótamo de sua garupa, pois o cavalo pode deitar com o arreio.’
Apesar disto, Goiás não pode faltar ao seu destino histórico, o de eleger Marconi Senador. Trocar a experiência e competência de Marconi pelo aventureirismo e picaretagem de Kajuru é trocar seis por um e noventa e nove.
Noutro dia, o jornalista Batista Custódio previu o fim do marconismo e irismo em Goiás. Espero que não seja o começo do caiadismo pré histórico.
Pesquisas nacionais, indicam um segundo turno entre Fernando Hadad e Jair Bolsonaro na eleição presidencial.
A direita e o estado policial colocou sobre a mesa. Nós ou eles. Um segundo turno assim, eu voto em Fernando Andrade.
(Carlos Alberto Santa Cruz, jornalista)
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