Bolsonaro vai virar suco?
Diário da Manhã
Publicado em 2 de agosto de 2018 às 22:44 | Atualizado há 6 anosCom uma energia de fazer inveja aos adversários, os fãs do capitão de reserva Jair Bolsonaro o recebem nos aeroportos e palanques com o sonoro epiteto: “Mito”. Entre múltiplas definições é uma palavra forte, com narrativa de caráter simbólico-imagético. Não é uma realidade independente, mas evolui com as condições históricas e étnicas relacionadas a uma dada cultura, que procura explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens mitológicas, complexas interações entre os homens. Ódio, amor, mentira e etc. O mito depende de um tempo e espaço para existir e para ser compreendido.
A maior parte da imprensa, assim como intelectuais de diversos matizes, vive de azedume crônico com o presidenciável, acreditando que seu bom destino é ser moído para virar suco. Poucos são capazes de analisar, com a necessária humildade, o conjunto de fatores que estão permitindo que Jair Messias seja do agrado do povão.
Para o espanto dos que odeiam seu estilo, ele vai se firmando nas intenções de voto e, a cada dia, cresce a disposição em aceitar suas teorias como sendo uma heroica cruzada. Interessante que, ao invés de estudar e entender o fenômeno que está sendo capaz de sensibilizar milhões de brasileiros, os jornalistas adotam uma espécie de cruzada de inteligência racional que, teoricamente, seria capaz de conter sua ascensão.
Não está funcionando. Se ele é um perigo, não tem preparo, oferece condições rasas para assuntos complexos e representa um retrocesso, são equações que não estão diminuindo suas chances crescentes.
E daí? E daí nada! Na prática, mesmo que ele se chamasse Raimundo não seria rima nem solução. Já elegemos um mito inabalável, Lula que foi também fruto do tempo e do espaço, uma ex-guerrilheira, Dilma Rouseff, e o caldo das mudanças foi tão ralo que envergonha.
O presidente da República, nos moldes da política brasileira, é apenas uma figura decorativa, um cão que late amarrado na coleira. Quem manda, e ao que indica vai continuar dando as cartas, são os blocos que cuidam de seus umbigos e pairam soberanos no Congresso Nacional. Quem assumir vai bater continência para eles. Não importa que seja um Capitão ou um General.
(Rosenwal Ferreira, jornalista e publicitário)
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