Bolsonaro: vitória no primeiro turno, derrota no segundo
Diário da Manhã
Publicado em 28 de setembro de 2018 às 04:34 | Atualizado há 6 anosO Ibope divulgou nesta semana pesquisa em que – fato inédito na política brasileira – o candidato que tem vitória sobre todos os concorrentes, no primeiro turno, perde para quase todos no segundo. Jair Bolsonaro supera Fernando Haddad na primeira etapa por 28 a 22 pontos percentuais; Ciro Gomes 28 a 12; Geraldo Alckmin 28 a 8; Marina Silva 28 a 6. Já na projeção para o segundo turno o radical militar é superado por todos, exceção de Marina, com quem empata: 37 a 43 no confronto com Haddad, 35 a 46 para Ciro Gomes, 36 a 41 para Geraldo Alckmin e 39 a 39 em relação a Marina.
O fato é impressionante. Em todas as eleições anteriores o ganhador do primeiro turno foi também o do segundo, quando, é claro esse foi necessário. A vitória de Jair Bolsonaro no primeiro turno se explica pela existência de segmentos, no conjunto de mais de cento e vinte três milhões de eleitores, de variados matizes ideológicos: os saudosistas das ditaduras militares pós 64, os de convicções nazi-fascistas e aqueles que, de boa-fé alimentam convicções alicerçadas na crença de que o Brasil necessita de governos autoritários. As contradições de Jair Bolsonaro, as péssimas formulações de ideias que ele apresenta como basilares do seu “programa de governo”, acarretaram-lhe profundos e irreversíveis desgastes, traduzidos em rejeição de 50% do eleitorado. Entre as mulheres, por exemplo tal rejeição é enormíssima, pode-se dizer mesmo fatal para a sua candidatura à presidência da República. No eleitorado feminino a repulsa à candidatura Bolsonaro chega a atingir 70%.
A realidade anti-Bolsonaro situa a eleição do próximo dia 7 com as seguintes perspectivas: quem for para o segundo turno na disputa com essa candidatura militar será o próximo presidente da República. Tal perspectiva somente não se concretizará em fato se a candidatura Bolsonaro tiver a seu favor, é óbvio, mudanças nas intenções de voto. Não é provável que isso aconteça. Os motivos determinantes da rejeição do radicalíssimo e despreparado candidato vitorioso do primeiro turno, parecem irreversíveis e até agravados a cada dia que passa. Ele e o seu infeliz companheiro de chapa, general Hamilton Mourão, já têm fixa na consciência do eleitorado a imagem imutável de radicais retrógados e inaceitáveis para a suprema direção político-administrativa do país.
A contrario sensu a candidatura de Fernando Haddad cujo impressionante crescendo parece assegurar-lhe a disputa do segundo turno, já se impôs ao respeito e a admiração da maioria do povo, de tal modo que a cada dia se areola com as perspectivas da vitória final.
(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às sextas-feiras. E-mail: eurico_barbosa@hotmail.comFernando Haddad, grande afirmação)
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