Opinião

Brio: o que falta em alguns policiais hoje

Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 01:54 | Atualizado há 9 anos

Art. 59 da Lei das Contravenções Penais – Decreto Lei 3688/41
LCP – Decreto Lei nº 3.688 de 3 de outubro de 1941
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita:
Pena – prisão simples, de 15 dias a três meses.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a pena.
Esse dispositivo legal foi muito usado pelas polícias do Estado de Goiás antes da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Estou mostrando esse artigo, porque naquela época os policiais faziam diligências nas ruas e bairros da Capital e quando avistavam um cidadão suspeito realizavam abordagem do mesmo. Se ele não justificava o que estava fazendo naquele local e não tivesse um emprego era conduzido até a Delegacia e autuado em flagrante no Artigo 59 da Lei das Contravenções Penais do Código Penal Brasileiro de 1941 (esse artigo é conhecido até em letras de músicas como vadiagem) vigente até hoje no Brasil. Não interessava se seria solto ou não pela facilidade que a Lei sempre esteve ao alcance do bandido para beneficiar ele. Para os policiais o que interessava era a prisão, o bandido tinha o temor de ser pego e medo dos policiais.
Hoje uma parcela de concurseiros que está nas instituições policiais, além de não executar a função que lhe é atribuída, ainda coloca a dos colegas em risco. São desculpas de todas as formas para não trabalhar. A legislação fraca, o salário baixo, as novas normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça sobre as audiências de custódias e etc. O que falta é respeito com seus familiares e a população que espera de vocês uma segurança digna para todos.
O motivo dessa explicação é bem simples. Os policiais que estão trabalhando nos dias de hoje, nem sequer sabem o que é isso. Estar nas ruas efetuando diligências e buscando informações com o cidadão de bem e informante. Todo ser humano tem um pouco de investigação no sangue e deseja passar algum dado ou informação para um policial.
Uma parcela desses policiais que está nas instituições hoje tem como prioridade outros concursos e não vocação profissional para o qual ele prestou o concurso e tirou a vaga de alguém que poderia estar trabalhando com vocação e amor pela Instituição.
Essa onda de crimes onde o cidadão e os policiais estão sendo vítimas é culpa dos próprios policiais que não estão cumprindo suas funções de realizar diligências e prisões dos bandidos que estão nas ruas de nossa Capital. Ao mesmo tempo esses policiais estão esquecendo que seus familiares podem ser as próximas vítimas desses bandidos.
A estrutura de trabalho dos policiais de hoje é bem diferente dos anos 1980. Naquela época o policial dificilmente tinha uma arma, algemas, munição e até viaturas para exercer suas funções. Mas, os bandidos temiam os policiais naqueles anos. Pois tinham certeza que seriam capturados e presos. Hoje os bandidos fazem a festa, porque sabem muito bem que os policiais estão dentro de uma sala com ar condicionado e um computador e não nas ruas. A maioria desses policiais não sabe o que é ter um informante ou nem conhece essa palavra. E bandido sabe do ofício dele que é estar na rua para furtar, roubar, estuprar e matar o cidadão de bem.
Reclamações de que o Estado está ausente na Segurança Pública e outras reclamações do órgão é jogar a culpa nos outros por falta de empenho e competência profissional. Está na hora de você policial, olhar para o lado e ver que você precisa tomar providência urgente de estar presente na rua. Senão a próxima vítima será você mesmo, por pura falta de compromisso e interesse da sua profissão. Senão quem vai estar no próximo ramo da matemática que trata da coleta, da análise, da interpretação e da apresentação de massas de dados numéricos. Resumindo, estatística de suas Instituições.

(Giovanni Lelis é policial civil aposentado)

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