Cadê o dinheiro que estava aqui?
Diário da Manhã
Publicado em 24 de outubro de 2018 às 01:28 | Atualizado há 6 anosConforme previsto, já praticamente definido quem será o próximo Presidente da República as eleições na OAB Goiás, que serão realizadas em 30 de novembro do ano em curso, passam a merecer espaço na mídia. Apesar de ser altamente presidencialista, em razão do absurdo sistema de Chapa Única, não se trata de eleição do Presidente da Seccional da OAB e sim escolha de um chapa com integrantes de todo o Conselho Secional, Diretoria, Caixa de Assistência dos Advogados (CASAG), Conselheiros Federais e Escola de Advocacia. A situação, liderada por Lúcio Flávio Paiva, candidato à reeleição, conseguiu facilmente formar sua chapa, composta por mais de 100 de candidatos. Já foi requerido o registro, recebendo o n. 1, passando a ser denominada na propaganda eleitoral de Chapa 1 (Pra Frente OAB).
Outras chapas estão com dificuldades para sua integralização, isto em razão da prostituição das eleições pela famigerada OAB Forte que introduziu o nocivo uso de propaganda milionária, marqueteiros, compra de votos etc. Para fazer parte de uma chapa o advogado, ou advogada, deve contribuir com uma quantia que é bastante elevada para as condições financeiras de muitos. Como resultado da herança maldita da OAB Forte acontece uma situação esdrúxula na OAB, vez que os eleitos não apenas trabalham de graça e sim pagam para trabalhar em razão dos candidatos financiarem a campanha, que é caríssima.
Contra a atual administração, quando desbancou a OAB Forte, foi usado o argumento de que nada sabiam de OAB. Agora virão as alegações de que estão usando a instituição para reeleição promovendo o continuísmo. Reeleição é visto como procedimento negativo, mas na OAB, em outros estados, existem precedentes de uma mesma pessoa ocupar a presidência mais de vinte anos. Seria salutar para a democracia que nas eleições da OAB disputassem várias chapas, a campanha fosse de alto nível, sem fake news (notícias falsas), inexistissem agressões pessoais e outros procedimentos impróprios. Todavia, com os inescrupulosos da OAB Forte no radar certamente é de se esperar o pior. O grupo Nova Ordem incorporou grande número de remanescentes da OAB Forte. Até ai nada demais, pois existem muitos advogados íntegros e competentes, que honram a profissão, em todas chapas. O problema são o falsificadores de Processo Ético e destruidores de Processo de Prestação de contas e a comentada corrupção, que mesmo nos bastidores continuarão dando as cartas no grupo Nova Ordem.
O foco dos debates eleitorais giram, principalmente, em torno de uma dívida de mais de 23 milhões de reais deixada pela OAB Forte e quase completamente paga pela atual administração. Os anteriores alegam que não era dívida e sim investimentos. Os atuais dizem que era dívida. Acontece que quando deixei a presidência, entregando para a OAB Forte, deixei saldo positivo em caixa superior a um milhão e oitocentos mil de reais, constando do Processo de Prestação de Contas que desapareceu ((Processo n. 14/95)). O processo sumiu e o dinheiro desapareceu. A importância referida, corrigida monetariamente, sem juros, significa mais de 8 milhões de reais. Onde foi tal dinheiro? Não vale dizer que foi usado em construção de subseções. Seria necessário dizer quais subseções, onde está o processo de licitação e onde está a prestação de contas.
A OAB Forte, que não existe mais, não fala sobre o dinheiro que desapareceu. Se o grupo Nova Ordem é sucessor do grupo OAB Forte, responda: cadê o dinheiro que estava aqui?
(Ismar Estulano Garcia, advogado, ex-presdente da OAB-GO, professor universitário, escritor)
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