Caiado vai engolir os Vilela

“Às vezes, no cume de um rochedo,

O tigre e a corsa, pávidos de medo,

Vão, trêmulos, se unir”

Castro Alves

Os inimigos de morte do senador Ronaldo Caiado para a eleição do ano que vem ao governo de Goiás são os Vilela, pai e filho. A candidatura de qualquer um deles no PMDB mata a obsessão em Caiado de querer chegar ao governo de Goiás por cima de pau e pedra ou a ferro e fogo.

Ou Caiado se abriga na varanda do PMDB para passar a tempestade de 2018 ou vai estiolar-se ao sol e derreter-se à chuva. Antes morrer no abraço dos afogados do que esturricado.

Explico: o senador Ronaldo Caiado diz que é presidente estadual do Dem. É mentira.

Ele é presidente de uma ata encardida que carrega debaixo do braço pra cima e pra baixo, cujo suor vencido…

O tal partido ou ata não tem diretórios municipais, não tem deputado estadual, nem federal, pouquíssimos vereadores e menos prefeitos.

Assim mesmo, os prefeitos e vereadores do Dem em Goiás são eleitores do governador Marconi Perillo.

Caiado, candidato ao governo de Goiás fora do PMDB, não encontrará no interior de Goiás sequer varanda para passar uma chuva.

E o gueto cartorial que ele chama de partido não tem quorum para montar chapas de deputado estadual e federal. Quem já ouviu falar no grupo político do senador Ronaldo Caiado? Ninguém. As pessoas que o cercam são quase todas de aluguel ou do escopo moral do vereador Jorge Kajuru.

Não há ingenuidade maior do PMDB do que dar-lhe palanque. No palanque, ele derruba no grito e na cotovelada os Vilela, pai e filho.

Até porque a quinta coluna dentro do PMDB, formada pelos prefeitos de Goiânia, Iris Rezende; de Catalão, Adib Elias e de Formosa, Ernesto Roller, para citar apenas três, estão lá esperando Caiado de braços abertos e com sorriso de orelha a orelha. Iris, por vingança e ódio a Marconi; Adib por atraso ideológico e Roller porque é parente.

Se o PMDB continuar se reunindo com o Caiado, daqui para o fim do ano não se falarão mais nos nomes de Maguito e Daniel Vilela para o governo do Estado. Serão engolidos por Caiado e vai-se embora o boi com a corda e tudo.

Acuados pelo lançamento do programa “Goiás na Frente”, do governo estadual, sob o comando do vice-governador José Éliton, a oposição reuniu-se na última quinta-feira para situar-se diante do evento que fez estremecer Goiás de ponta a ponta.

O lançamento do programa contou com a presença de 231 prefeitos, investirá 9 bilhões na infra-estrutura do Estado, a partir de agora, gerando logo mais de l2 mil empregos.

Aturdido, o senador Ronaldo Caiado danou a xingar o governo Marconi, espumando e rangendo os dentes de raiva.

Na televisão, o noticiário traz o investimento de mais de 9 bilhões em obras estruturantes do Estado, anunciado pelo governo de Goiás. E logo depois, na propaganda do Dem, aparece o Caiado, olhos injetados, espumando de raiva, do alto de quase dois metros de arrogância, cuspiu: “Goiás está quebrado.”

Em Rio Verde, por ocasião da Tecnoshow, o senador perdeu o siso, ultrapassou todos os limites da ética e mostrou-se o arruaceiro político que sempre foi. Enfurecido, descontrolado e aos gritos, xingou Marconi o quanto o ódio e a inveja permitem. Chegou até a convocar o agronegócio para alavancar a sua candidatura ao governo de Goiás.

O vice-governador José Éliton, homem educado e culto, disse ao senador na lata que não tem medo dele nem de seus gritos, mas de maneira civilizada:

“Nos tempos atuais não há mais lugar para a bravata, o xingamento e as agressões gratuitas A sociedade quer equilíbrio, razão e convergência, e os que inventam o caos é que querem também inventar falsas soluções”.

Solitário, de Rio Verde para cá, Caiado arquitetou um plano e resolveu pedir encosto ao PMDB, não importava o preço.

Foi aí que ele jogou a isca e Maguito a bocou no ar: o PMDB e Caiado, passam a fazer campanha juntos e só em 2018 definem a chapa majoritária. Deixa de ser tonto, Maguito, esse é um acordo Caracu – O Caiado entra com a cara…

Ora, o Caiado é candidato ao governo de Goiás desde o século passado, quando lá nos anos 80 Maguito mesmo o derrotou. De lá para cá, ele ficou mais velho e mais excludente: continua não gostando de pobres e de pretos, nem das minorias.

A continuar esse acordo e essas reuniões, Daniel Vilela ficará no ora veja, e Pedro Chaves, hoje candidato a senador, voltará para São Domingos, a nossa querida e agarrativa cidadezinha.

1. Iris ficará com uma vaga ao Senado. Ou Maguito fica com a outra vaga, com Daniel fora, ou Daniel terá a vice de consolo, e Maguito fica de fora, porque pai e filho não devem ocupar duas vagas, ainda mais sendo do mesmo partido. O PT está fora e 10 por cento dos votos serão perdidos.

Caiado candidato ao governo de Goiás por ação e graça do PMDB, vai chover canivetes nas eleições do ano que vem, porque o senador vai viralizar tanto o ódio na campanha que nos comícios da oposição vai ser proibida a presença de menores, de pobres e de pretos.

Imaginem um palanque do senador Ronaldo Caiado e D. Iris, juntos. É o barraco mais alto da arrogância e da presunção. O resto é o resto.

Carlos Alberto Santa Cruz, jornalista