Cerrado, dádiva singular da natureza
Diário da Manhã
Publicado em 14 de setembro de 2018 às 23:22 | Atualizado há 6 anosEm tempos idos, os trópicos eram considerados inóspitos, para o desenvolvimento de civilização nos moldes do mundo europeu. Esse conceito começou a desmoronar nos primórdios do século XX, de modo que, com o avanço da ciência, técnicas, tecnologias, o cenário mudou de fatiota. Começou a mudar, em nosso caso, mais na orla marítima, com a legendária civilização do “Caranguejo”, facilitada pelo mar, como meio de comunicação, e a capital da república, na beira, também, do mar. Naquele tempo, as terras mais férteis do país, os trópicos, propriamente, eram cobertos pela chamada floresta alta, como a Mata Atlântica e a da Amazônia, acrescida de um terço de cerrado, no entanto pobre em fertilidade, então desacreditado. Enquanto a mata era considerada inóspita ao crescimento, de grande civilização, pela insalubridade, impaludismo, como a malária, os cerrados, constituídos, como dito, por um terço do solo brasileiro, eram impróprios, bem mais, pela baixa fertilidade, grande lonjura, meios de transportes quase inexistentes, do que por doenças, topografia. Os críticos, dos cerrados, em virtude da pobreza do solo, não imaginavam na grande surpresa, revolução, que a ciência, com o concurso da pesquisa iria dar, descortinar, assustando, tremendo espanto, com o avanço da genética, melhorando, sensivelmente, as sementes e, com estas, a produtividade. A invenção da máquina a vapor e logo a seguir, automóvel, veículos motorizados, com a exploração do petróleo, competindo com lenha e carvão de pedra, resolvendo – minguando distâncias – facilitando o escoamento da riqueza, transformou, aos poucos, o mundo. De sorte que, o súbito aumento, da produção e produtividade, açodado pela máquina, no caso o trator, e miríade de implementos, hoje, sofisticados, associado aos insumos modernos, rompeu, toda sorte de grilhões, barreiras, vaticínios, entre os quais, o de que parcela considerável da população da terra, acabaria morrendo de fome, devido ao descompasso decorrente do aumento crescente da população e a produção estagnada de alimentos. Esse era o discurso, pensamento dramático de estudiosos do século XVIII, fundados, na falácia da época, de que, enquanto a produção de alimentos aumentava, em progressão aritmética, o aumento da população, crescia em progressão geométrica. O pesadelo foi desmontado, como mencionado, pela ciência, miraculosa ciência, no entanto, em país continental, como o Brasil, a conquista do imenso oeste, incorporado ao solo brasileiro, pelas Bandeiras, mais do que elas, a audácia dos Bandeirantes, rompendo o tratado de Tordesilhas, mourejou em compasso de espera, espera, também, de governantes audaciosos, visionários, capazes de romper as barreiras, obstáculos da chamada civilização do “Caranguejo”, na época, caranguejando, pela orla marítima. De repente, ela desponta no cenário nacional, pós período tumultuado, com a eleição do ex-prefeito, governador de Minas Gerais, Juscelino Kubstsechek de Oliveira, presidente da república, em disputa acirrada, porém bastante democrática, com o General Juarez Távora. O médico, Juscelino, da coligação: PSD – o antigo -. O General Juarez Távora, da UDN: União Democrática Nacional. A vitória de JK, gerou, em seguida, oposição ferrenha, liderada pelo jornalista Carlos Lacerda, deputado federal, pelo Rio de Janeiro, ainda capital, da república. Convém ressaltar que, JK, em sua peregrinação de campanha, país afora, na cidade de Jataí, sudoeste goiano, por questionamento, sugestão intrépida, de Chiquinho, audacioso goiano, nome de guerra, hoje histórico, sugeriu ao candidato que mudasse a capital da república para o planalto central, como já fora arquitetada, desde os tempos idos, creio, Império. Do diálogo, questionamento de eleitor, ao candidato à presidência, em palanque discursando, ficou gravada a promessa de que, se fosse eleito, promoveria a mudança da capital, para o planalto central. Dessa forma, Logo que empossado, encaminhou ao Congresso, mensagem propondo a transferência da capital federal, do Rio, para o planalto, oficializando o nome de Brasília. Aprovada e transformada em lei, JK, não se fez de rogado, esperou por cobrança, arregaçou as mangas, e, de forma dinâmica, corajosa, criou comissão construtora: a Nova Cap, presidida pelo seu correligionário, Israel Pinheiro. Ato contínuo, passou à ação, determinando a construção, de forma improvisada, em madeira, de um pequeno palácio, nominado “Catetinho” de onde passou a despachar, agilizar os andamentos das obras, consoante seu Slogan, no global, de fazer o país avançar 50 anos, em cinco. Com seu gesto carismático de mudancista, inaugurou a capital, Brasília, no final de seu governo. Ela acirrou os ânimos da oposição, liderada por Carlos Lacerda, contra seu governo, muito mais, pela mudança da capital, do Rio para Brasília, do que pela adversidade partidária. Entretanto, ela, Brasília, erigiu marco histórico, indelével, no desenvolvimento do imenso oeste brasileiro. Da mesma forma que a capital centralizada, as grandes rodovias abertas, despertaram a atenção, de toda sorte de investidores que, logo a seguir, na esteira, pegadas históricas, das Bandeiras e Bandeirantes, passaram fazer, dessa forma, a, há muito ansiada, segunda marcha para o oeste, agora, civilizadora, desbravando os sertões, erigindo, no seu lugar, progresso. No final da década de 60, começo da de 70, fundado, no grande feito de Juscelino, entra em sena, a ocupação dos cerrados, até então, intocáveis, dessa forma, afogando o progresso das cidades. Com efeito, entra em ação, com o concurso da ciência, ciência que exorcizou o espectro, fantasma da fome, a conquista do cerrado, sua incorporação no processo produtivo do país. De forma excelsa, constituído de solos agricultáveis: planaltos imensos entrecortados por áreas, de igual modo, extensas de terras suavemente ondulas, as vezes, sobressaltadas por montes, serras, estas, hoje, santuários naturais de proteção a fauna silvestre, ameaçada de extinção, como tamanduá bandeira, melêta, lobo guará, tatú, raposa, bem assim, frutíferas, como mangabeira, corriola, as vezes, puçá, sapoti e murici e o cajuzinho das escarpas, aquelas, com a tecnologia, produtividade, fonte inesgotável de progresso, produzindo riqueza, do nada ao imensurável. As estradas atraíram a atenção de pioneiros, inovadores, os quais, incentivados por uma política de governo aguerrida, na década de 70, século XX, possibilitada pela máquina, implementos, ora sofisticados, insumos modernos, como o calcário, há milênios, convivendo esquecido, com ele, cerrado, no entanto, esperando, pela sua incorporação no processo produtivo, fertilizantes, sementes melhoradas, pela pesquisa, valendo-se da genética, muito além disso, pesquisadores, extensionistas, produtores rurais ousados, pois, tudo era ainda obscuro, incógnita, iniciou-se a conquista do imenso oeste, tendo como portal de entrada, Goiás. Pois bem, a política do governo, da época colocada à prova, foi a de fazer o estado, pessoa jurídica, funcionar, funcionar com eficácia, em benefício da nação. Imagine! o concurso do crédito rural, com o elenco de fatores da produção, já enunciados, otimizados pela política, como arte de promover a felicidade da comunidade, conjugada com produtores audaciosos e técnicos, provaram, aos incrédulos, que o cerrado era uma benção de Deus, dádiva inolvidável, da mãe natureza. Tamanha união de fatores, construiu a agricultura moderna, de hoje, tão produtiva como a de primeiro mundo, erigida pela experiência acumulada, ao longo de algumas décadas, que veio, constituir prova irrefutável, insofismável, de que os trópicos, hoje, nada devem, ao clima temperado, no que diz respeito a agricultura moderna. Caminha assim, com o agronegócio, de forma cadenciada, para se coroar, alcançar, na disputa, com a Norte Americana, na atualidade, ainda a maior produtora de alimentos do planeta, cumprir sua vocação de maior celeiro da terra. No que toca a cultura da soja, rainha do agronegócio, o país produz, no geral, o mesmo que eles, EEUU, todavia, possui área disponível, para dobrar a produção. Eles, no cultivo do milho, produz, quase cinco vezes mais do que nosso país, contudo, tem este, como contrapartida, imensos canaviais, com a invejável tecnologia da energia renovável, o ETANOL, a mais avançada do planeta, em quantidade e qualidade, embora, toda sorte de obstáculos, provocados pelos próprios governantes, com a recessão, insolvência, decorrente de desgovernos sucessivos, a agropecuária brasileira prospera, assim, associada lavoura, com uma pecuária bovina imensa, a cada ano, mais sofisticada, no manejo, trato, complementada, por uma suinocultura e avicultura, quase excelência, lidera a internalização de divisas, imperativo nacional. Contudo, prossegue em débito, por falta de garra governamental, na agua salgada e doce, uma política pesqueira, incentivando granjas de criação de peixes: mare cultura, ao longo de toda a costa marítima, imensa, bem como, na agua doce, em ambos os casos, a piscicultura ou aquicultura, criando empregos independentes, onde, o produtor é dono de si mesmo. Todavia, nessa política, para sucesso, terá que se organizar a produção consubstanciada ao mercado, no caso do pequeno piscicultor, além do crédito conjugado à extensão rural, eficaz, há que se fazer sistema conjunto, por meio da união, na compra de insumos, e venda da produção, ao mercado, pois, ela é altamente perecível e a intermediação, por falta de política de apoio, ultra gulosa, espoliativa. Enfim, salve o cerrado, dádiva, sem igual, da mãe natureza, salve o Brasil, oxalá, nas próximas eleições, livre, de toda sorte de corruptos e corruptores e, dos políticos profissionais, inimigos viscerais da democracia, consiga sistematizar, toda a orla marítima e agua doce, com pequenas propriedades de cultivo, maricultura e piscicultura, oportunizando milhares de novas empresas e oferta, de alimento excelente, para nossa gente, e tal qual, o Agronegócio, exportação. Faça corrente leitor, forme opinião, por eleição limpa, a justiça eleitoral tem obrigação de fiscalizar, enviando, para os polos congelados, quicuias, toda sorte de votos de conluio, compadrio, servil, mercantilizado; mas você, também, para ser bom republicano, tem que participar da vida política, controlando, cutucando, com vara curta, dentro do mutuo respeito, todo aquele contratado pelo voto, para servir, com esmero, bem, à nação brasileira.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)
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