Opinião

Cinematografia analógica

Diário da Manhã

Publicado em 4 de julho de 2017 às 04:26 | Atualizado há 8 anos

A tec­no­lo­gia do ci­ne­ma  atu­al­men­te é to­da di­gi­tal, tan­to na cap­tu­ra das ima­gens co­mo na  edi­ção, fi­na­li­zan­do com a pro­je­ção. É uma se­guên­cia du­ma apa­re­lha­gem so­fis­ti­ca­da   on­de  à com­pu­ta­ção grá­fi­ca do­mi­na, a co­me­çar pe­los efei­tos es­pe­ci­ais  mi­ra­bo­lan­tes  que vis­lum­bram ima­gens fan­tás­ti­cas  fas­ci­nan­do os es­pec­ta­do­res. Mas pa­ra che­gar até a es­sa mo­der­ni­da­de o ci­ne­ma pas­sou  por di­ver­sas  fa­ses e foi evo­lu­in­do com o tem­po.

No ini­cio da dé­ca­da de 1970  quan­do apor­ta­mos em Bra­sí­lia após pas­sar  no fi­nal dos anos 60 pe­la re­da­ção do en­tão se­ma­ná­rio Cin­co de Mar­ço que pos­te­rior­men­te deu ori­gem ao DM, tra­ba­lha­mos  com  o jor­na­lis­mo ci­ne­ma­to­grá­fi­co em 35mm que era a bi­to­la de ima­gens do ci­ne­ma com re­du­ção pa­ra  16mm  pa­ra  TV. Era tu­do ana­ló­gi­co e não exis­tia o ví­deo. Tra­ba­lha­va-se com pe­lí­cu­las  adi­cio­na­da nas câ­me­ras de fil­mar, po­den­do se­rem in­se­ri­das  em car­re­té­is ou chas­sis. Daí  os fil­mes vir­gens  eram en­tão aco­pla­dos nes­sas pe­ças  em  am­bi­en­te to­tal­men­te sem lu­mi­no­si­da­de  e de­pois mon­ta­dos nas câ­me­ras em car­re­té­is me­tá­li­cos, fe­cha­va-se e de­pois acio­na­va-se uma ore­lha dan­do cor­da e na ho­ra de fil­mar era só acio­nar um dis­po­si­ti­vo que as len­tes cap­tu­ra­vam  as ima­gens em 24 fo­tos em mo­vi­men­to por se­gun­dos.

As mais an­ti­gas eram mo­vi­das pe­la sis­te­ma de cor­das co­mo os  pri­mei­ros re­ló­gios, uma de­las foi a  pi­o­nei­ra  Aymo com três tor­res de len­tes  (fo­to) de fa­bri­ca­ção ale­mã que ser­viu pa­ra re­gis­trar  ima­gens da 1ª Guer­ra Mun­di­al. Ge­ral­men­te eram mais uti­li­za­das no ci­ne jor­na­lis­mo e ca­da car­re­tel ti­nha ca­pa­ci­da­de pa­ra 100 pés  de fil­mes( me­di­da mé­tri­ca in­gle­sa) com ca­pa­ci­da­de de cap­tu­rar  um mi­nu­to de ima­gens. De­pois tro­ca­va-se es­se car­re­tel por ou­tros pa­ra dar se­guên­cias  às re­por­ta­gens  ci­ne­ma­to­grá­fi­cas. Uti­li­za­mos tam­bém es­sas câ­me­ras.

Pos­te­rior­men­te sur­gi­ram as câ­me­ras mo­vi­das à ba­te­ria elé­tri­ca com mai­or com­pe­tên­cia de tem­po das fil­ma­gens e os ne­ga­ti­vos dos fil­mes eram mon­ta­dos em chas­sis   de 400 a 600 pés, res­pec­ti­va­men­te com  qua­tro e seis mi­nu­tos  de ima­gens, sen­do sub­sti­tu­í­dos por ou­tros à me­di­da da ne­ces­si­da­de. A mais co­nhe­ci­da era a Ar­ri­flex, tam­bém bas­tan­te uti­li­za­da na pro­du­ção de fil­mes de lon­ga me­tra­gem.

Após às fil­ma­gens  os ne­ga­ti­vos  são en­vi­a­dos aos la­bo­ra­tó­rios pa­ra re­ve­la­ção e em se­gui­da  se fa­zer o co­pi­ão con­ten­do as ima­gens re­gis­tra­das  pa­ra mon­ta­gem com cor­tes nu­ma me­sa edi­to­ra cha­ma­da  mo­vi­o­la  com um ví­deo e dois pra­tos aon­de  fi­ca co­lo­ca­do o  ro­lo des­sa có­pia do ne­ga­ti­vo de ima­gem. De­pois dos cor­tes no co­pi­ão, eli­mi­na-se do ne­ga­ti­vo as mes­mas ima­gens ti­ra­das do co­pi­ão. Ge­ral­men­te fil­ma-seo do­bro do tem­po da pro­du­ção pre­ten­di­da e na edi­ção tem-se  op­ções  de mon­ta­gem das ce­nas re­gis­tra­das.

A eta­pa se­guin­te    é a so­no­ri­za­ção, on­de com o co­pi­ão de­fi­ni­ti­vo fa­zia-se uma sin­cro­nia  pa­ra nar­ra­ção pe­lo lo­cu­tor   com re­fe­rên­cia às ima­gens do fa­to. Is­so pa­ra  ci­ne-jor­nais e do­cu­men­tá­rios. Nas pro­du­ções de lon­ga me­tra­gens  exi­ge-se mais tra­ba­lho co­mo du­bla­gem  efei­tos es­pe­ci­ais co­nhe­ci­dos na épo­ca co­mo tru­ca­gens, so­no­ri­za­ção com tri­lha so­no­ra, etc.

Fei­ta à so­no­ri­za­ção  com a nar­ra­ção e tri­lha mu­si­cal  num  ne­ga­ti­vo em for­ma­do 35mm pró­prio, cha­ma­do ne­ga­ti­vo de som  com ban­da mag­né­ti­ca. De­pois pa­ra fa­zer  có­pia de­fi­ni­ti­va (po­si­ti­va)  com ima­gem e som, sin­cro­ni­za-se os dois ne­ga­ti­vos de com e ima­gens, fun­din­do-os, re­sul­tan­do em uma só co­pia re­ve­la­da com as ima­gens e a ban­da so­no­ra  na la­te­ral  dos  fo­to­gra­mas  do fil­me.

E, a pro­je­ção  é fei­ta pe­lo sis­te­ma óti­co, ou se­ja, no pro­je­tor de ima­gens  é fei­ta à lei­tu­ra na ban­da so­no­ro atra­vés da luz, on­de se vê as ima­gens e ou­ve-se  os sons.

Em sín­te­se es­se é o sis­te­ma de pro­du­ção do ci­ne­ma ana­ló­gi­co, ha­ven­do ou­tros com­ple­men­tos téc­ni­cos co­mo tru­ca­gens (efei­tos) que são mais com­ple­xos,en­tre ou­tros.

O nos­so tra­ba­lho du­ran­te vá­rios anos na dé­ca­da de 1970 foi atra­vés da Pro­du­ções Ci­ne­ma­to­grá­fi­cas Bra­sil Cen­tral,fun­da­da pe­lo pi­o­nei­ro na cons­tru­ção de Bra­sí­lia  Wan­der­val  Ca­la­ça que pos­te­rior­men­te foi exi­bi­dor  e em­pre­sá­rio da área jor­na­lís­ti­ca.  Es­sa em­pre­sa   pro­du­zia se­ma­nal­men­te em Bra­sí­lia-DF  o ci­ne-jor­nal o Bra­sil em No­tí­cias pa­ra exi­bi­ção nu­ma re­de na­ci­o­nal de apro­xi­ma­da­men­te 2.000 ci­ne­mas, além de do­cu­men­tá­rios    e fil­mes pu­bli­ci­tá­rios. Tra­ba­lha­mos com equi­pes cre­den­ci­a­das no Pa­lá­cio do Pla­nal­to e Con­gres­so Na­ci­o­nal. Já no iní­cio da dé­ca­da de 1980 com a che­ga­da do ví­deo, mon­ta­mos em Bra­sí­lia  a pri­mei­ra agên­cia de no­tí­cias pa­ra TVs, a Or­ga­ni­za­ção Bra­sí­lei­ra de No­tí­cias-OBN.

 

(Vi­cen­te Vec­ci, edi­ta há 33 anos em Bra­sí­ia-DF o Jor­nal do Sín­di­co-www.jor­nal­do­sin­di­cobsb.com.br,e-mail sin­di­co@jor­nal­do­sin­di­cobsb.com.br)

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