Como renovar a política?
Diário da Manhã
Publicado em 30 de agosto de 2018 às 23:20 | Atualizado há 6 anosEm meio à maior crise política de nossa jovem democracia, iniciamos oficialmente a campanha eleitoral de 2018. Escândalos e mais escândalos de corrupção dominaram o noticiário nos últimos anos. Diversos políticos e empresários cumprem pena nas prisões federais, ou lá estão em prisão preventiva. Com todo esse cenário uma nova eleição atravessada pela desconfiança. E a pergunta chave é: como afinal mudar a política?
De início devemos dizer que o cenário não é simples. Pesquisa divulgada recentemente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta que a renovação na Câmara dos Deputados este ano deve ser a menor desde 1990, cerca de 40% apenas serão deputados novatos. Isso porque esse mesmo parlamento já se preparou para manter seus privilégios e reduziu pela metade o tempo de campanha este ano, que serão de apenas 45 dias. Com isso as novas caras na política terão menos tempo para se apresentarem.
Mas ainda assim sonhamos com a possibilidade de uma nova forma de fazer política. E explicamos como. Uma aposta em novos candidatos que possuem uma história de vida e de trabalho dedicado ao serviço público é um grande começo. Muitas pessoas me perguntam quanto ganho por uma cirurgia de separação de gêmeos siameses, e a resposta é simples: nada além do meu salário mensal. Sou funcionário público, trabalho no Hospital Materno Infantil e ali realizo meus procedimentos. Ali dediquei toda minha trajetória.
Assim como nós funcionários públicos, os políticos também desempenham papel público e deveriam prestar serviço à população. Para isso recebem um salário já muito bem pago pelo povo. Ocorre que a prática da velha política é a seguinte: quem paga a banda escolhe a música. Como diria o ditado, não há almoço de graça. Quem paga a campanha dos candidatos e elegem os parlamentares, cobrarão de volta seus investimentos e lucrarão horrores em cima disso. Por isso políticos e empresários amargam, com justiça, o cárcere. Essa tem sido a regra.
É por isso que apostamos na campanha solidária, feita única e exclusivamente com gente do bem que acredita e apoia a renovação. Por isso apenas aceitaremos doações por meio de vaquinha virtual, de pessoas físicas que querem construir nossa campanha, doações de pequena monta. De quem quer pagar de seu próprio bolso para colocar nosso adesivo em seu carro, por exemplo. Ou seja, são doações de quem realizará nas ruas nossas campanhas. E é de encher o espírito de esperança quando essas pessoas aparecem, são muitas que apoiam nossa campanha única e exclusivamente porque acreditam, como nós, no futuro.
Por acreditar nesse desafio de renovação política, por acreditar no futuro, é que aceitei o desafio de entrar na política. E garanto que é possível fazer diferente. Com minha vida dedicada à saúde pública, dedicaremos esforços para a saúde da política.
(Zacharias Calil, médico cirurgião pediátrico e candidato a deputado federal)
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