Como Wilder, Major Araújo, Prado e Waldir tornaram-se os vencedores das eleições
Diário da Manhã
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 05:07 | Atualizado há 6 anosAs eleições em Goiás chegaram ao fim. E muitas novidades aconteceram nas urnas. A primeira delas: o povo aposentou a velharia da política, representada, principalmente, pelo Tempo Novo – movimento envelhecido pela ineficiência.
Coube ao senador Ronaldo Caiado (DEM) ser o arquiteto da mudança e encarnar a principal vitória: da esperança contra a corrupção.
Nas urnas, surgiram muitos outros vencedores. E até mesmo quem perdeu, ganhou – caso do senador Wilder Morais (DEM), de longe, a maior revelação da disputa, pois tornou-se o candidato em primeira disputa eleitoral que mais teve votos na história.
Nenhum candidato sequer se aproxima de Wilder, tamanha a envergadura de sufrágios. O empresário, para se ter ideia, fosse candidato ao governo, teria um desempenho melhor do que José Eliton e Daniel Vilela juntos.
Na Assembleia Legislativa, as maiores vitórias devem ser tributadas ao Delegado Eduardo Prado (PV) e Major Araújo (PRP) – que conseguiu pela terceira vez um mandato representativo para defender os militares. Prado, por sua vez, simboliza o novo, o ousado e inusitado.
Com pouquíssimos recursos venceu uma das disputas eleitorais mais difíceis. Enquanto inúmeros vitoriosos compraram votos – e nós suspeitamos de quem praticou este crime – Prado venceu com coragem e trabalho. Percorreu as cidades uma a uma, sem deixar de lado seu exercício de vereador.
O caso de Major Araújo lembrou-me bem de que pré-julgamentos devem ser realizados com reserva: há dois anos falei que ele dificilmente venceria a disputa, devido ao jogo sujo do governo contra Araújo. Nos bastidores, o major ganhou força, foi para as ruas e eleito.
Na Câmara Federal, o grande campeão de votos foi o Delegado Waldir (PSL). Era outro que encontrei em programas de rádio e emissoras de tevê com a impressão de que não venceria. Foi surpreendente quando abriram as urnas: um estouro de votos.
É preciso lembrar que a saída de Waldir precipitou a implosão do PSDB em 2016. Graças ao delegado que o partido conseguiu votos suficientes para ter mais de três deputados na legislação que agora chega ao fim.
Para o Senado, o verdadeiro vitorioso não venceu. O senador Wilder Morais (DEM), que optou em gastar seus recursos de propaganda na manufatura de 1,2 milhão de livros, distribuídos em todas as faculdades de Goiás, é o maior fenômeno das urnas. Teve quase 800 mil votos e ultrapassou aqueles que o expeliram da base aliada – Marconi Perillo (PSDB) e Lúcia Vânia (PSB).
O resultado é surpreendente se levar em conta que todas as pesquisas indicavam Wilder em quinto, mas distante 10% ou 20% destes dois candidatos citados, que, por sua vez, estavam colados nos líderes da disputa.
O resultado sugere que ocorreu ‘algo’ muito suspeito nos institutos – todos eles – para “segurar” Wilder atrás de todos competitivos. A ideia era impedir que nos momentos decisivos para escape do voto útil ou do surgimento de alguma onda ele fosse o grande vencedor.
A eleição para o Senado foi jogo sujo escancarado: basta procurar os resultados das pesquisas Grupom, Ibope e Serpes divulgados na mesma semana.
Sabemos que os institutos são empresas e que costumam receber pelo seu trabalho. Algumas pesquisas previstas para serem divulgadas sequer foram anunciadas na imprensa. Tais fatores prejudicaram Wilder, um candidato competitivo que sempre causava espanto na comunidade que acompanhava as eleições. Os argumentos eram vários: “Mas como ele pode estar tão distante dos demais? É infinitamente melhor que todos. Não entendo”, “Não tem lógica, senador, o senhor ter feito tanto e estar com 1%” ou “como pode o senador ser tão eficiente para todos municípios e aparecer de forma pífia nas pesquisas?”.
Pois bem, as pesquisas não só erraram com “culpa”, mas aparentemente com “dolo”. É flagrante. No Entorno do Distrito Federal, um dos maiores colégios eleitorais, ele ficou em segundo lugar. Trata-se de uma caixa de ressonância que só revela a estratégia da “velha política” para impedir que Wilder vencesse as eleições.
Quem perde é Goiás: Wilder trouxe R$ 4,5 bilhões em recursos para o Estado em seis anos. Aprovou leis fundamentais. Tornou-se um fenômeno da representatividade dos municípios. Ajudou a eleger Ronaldo Caiado com seu currículo absolutamente limpo. Por isso já desponta como possível ministro no próximo governo, braço direito de Caiado no governo de Goiás, nome de destaque para disputar as eleições para a Prefeitura de Goiânia.
(Welliton Carlos, advogado, jornalista, professor universitário, especialista em jurisprudência (Universidade de Berkeley-EUA), mestre em Comunicação (UFG), mestre em Direito (UFG) e doutor em Sociologia (UFG))
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