Opinião

Conhecimento filosófico: o mais sublime dos conhecimentos

Diário da Manhã

Publicado em 5 de abril de 2016 às 03:26 | Atualizado há 9 anos

O desejo de conhecer é algo que sempre fez parte da natureza do homem. No livro I da Metafísica, o filósofo Aristóteles já escrevera: “Todos os homens tem desejo de conhecer”. O homem, enquanto ser racional, “animal social”, gregário (tem a necessidade de viver em grupos) e ainda animal político (Zoon Politikon) se diferencia dos demais animais irracionais, porque é possuidor da razão (o bom senso) e também é possuidor da linguagem (o logos) que é o  meio racional para o homem se comunicar. Ao longo da história da humanidade, podemos observar que, o homem sempre buscou alguns tipos de conhecimentos.

O conhecimento primitivo é o conhecimento religioso ou mitológico, esse conhecimento perdurou até aproximadamente ao Século VI a.C.  período em que foi marcado pela nascimento da ciência. O conhecimento mitológico foi de vital importância para que, o homem se identificasse com os seres divinos e criasse assim, a beleza das mitologias, como por exemplo: a mitologia grega, a mitologia romana, a mitologia egípcia, a mitologia chinesa e outras. Outro tipo de conhecimento é o conhecimento popular (sensível, informal e  vulgar). Esse tipo de conhecimento é transmitido pela tradição oral e pela experiência de vida. Exemplo: Um lavrador que, embora nunca tenha frequentado uma escola, isso não quer dizer que ele não tenha conhecimentos, por exemplo, ele conhece as estações do ano, sabe o tempo necessário para plantar, e consegue fazer uma“ leitura de mundo”, que é anterior a leitura da escrita.

O terceiro tipo de conhecimento é o conhecimento científico (epistemologia) o conhecimento científico é baseado na experimentação e na observação. Ao contrário do conhecimento religioso e popular, o conhecimento científico é investigativo, pois, o objeto de pesquisa precisa ser investigado para se chegar a um determinado diagnóstico. Por isso, que os cientistas desenvolvem suas pesquisas dentro de um laboratório, a fim de pesquisar minuciosamente a matéria. Exemplo: embora ainda possam existir pessoas que, não acreditam que o homem tenha ido á lua, o conhecimento científico ignora essa opinião, pois, existem provas científicas de que o homem pisou no solo lunar.

O quarto e o último dos conhecimentos é o conhecimento filosófico. O conhecimento filosófico destaca-se por ser um dos mais sublimes dos conhecimentos, uma vez que, esse conhecimento é um meio de libertação da ignorância. No livro VII de A República, Platão descreve sobre a alegoria da caverna. No mito da caverna, Platão faz uma relação entre a educação (o conhecimento) e a ignorância. Segundo a narrativa platônica, alguns prisioneiros estão por muitos anos aprisionados dentro de uma caverna, as suas cabeças estão imóveis, fazendo com que eles só olhem para á frente, isto é, para a parede. Atrás deles, existe uma fogueira e por trás da fogueira, pessoas transportam objetos e também alguns atores fazem uma apresentação com bonecos de marionetes. A partir de então, podemos deduzir que, os prisioneiros enxergam somente as sombras dos objetos e do teatro de marionetes, que são projetadas na parede. Platão ainda nos informa que, existe uma saída ascendente da caverna que é refletida pela luz do sol.

Impulsionado pela curiosidade, um dos prisioneiros consegue se libertar da imobilidade, e começa a andar pelo interior da caverna, de repente, ele percebe que as imagens que refletiam na parede, vinham da fogueira e dos objetos. Continuando na sua busca pela saída da caverna, finalmente, o prisioneiro consegue sair. A princípio ele ficará cego, pois, os seus olhos terão que se acostumar com a luz do sol. Ao descobrir que o verdadeiro mundo é o mundo de fora da caverna, ele volta para avisar os outros prisioneiros, alertando-os sobre  o verdadeiro mundo que  é o mundo exterior. No entanto, o seus antigos amigos prisioneiros, não acreditarão no prisioneiro que conseguiu se libertar e tentarão inclusive, matá-lo, pois, acharão que o antigo prisioneiro enlouquecera totalmente.

Resumidamente, a aplicação do mito da caverna seria a seguinte: O homem adquire o conhecimento religioso ou mitológico (representações da realidade) adquire também, o conhecimento popular, que é direcionado pelo senso comum (pela opinião), alguns, posteriormente, consegue alcançar o conhecimento científico (a episteme) e, finalmente, todo o homem deve almejar e buscar o conhecimento filosófico (amigo da sabedoria), por isso, devemos fazer a mesma trajetória do prisioneiro da alegoria da caverna de Platão, precisamos nos libertar dos falsos conhecimentos (as sombras, a fogueira, os objetos fictícios) e adentrarmos  pelo caminho ascendente que, nos direcionará a luz do sol, que representa o esclarecimento total e a libertação plena da nossa ignorância. Portanto, o conhecimento filosófico é o primeiro é o último de todos os conhecimentos, pois, ele investiga as causas e critica as consequências.

 

(Giovani Ribeiro Alves é filósofo, escritor, poeta e articulista do Diário da Manhã)

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